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Ele é brasileiro, usa camisa de Iniesta e brilha no Barça. E não é Arthur

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, de Lisboa (POR)

27/09/2018 04h00

Atual campeão da UEFA Youth League, versão da Liga dos Campeões para a base, o Barcelona deu início à sua defesa de título vencendo em casa o PSV Eindhoven por 2 a 1. Ao fim do jogo, como sempre acontece na competição, as duas delegações fizeram refeição juntas para um intercâmbio de ideias. Entre os holandeses, estava o ex-goleador Ruud van Nistelrooy, que brilhou como atacante e se impressionou com o camisa 8 dos catalães. Trata-se do brasileiro Lucas de Vega.

Agora treinador, Nistelrooy se dirigiu pessoalmente ao vestiário para parabenizar suas promessas. Lucas, camisa 8 dos catalães, foi um dos que chamou a atenção do holandês.

Nascido em Fortaleza e filho de pai espanhol e mãe brasileira, o jovem jogador de 18 anos abriu o placar após cruzamento vindo da esquerda logo aos 10 minutos do primeiro tempo. Na linha de sucessão que hoje existe para ocupar a vaga deixada pelo espanhol Andrés Iniesta no profissional, ele tem um lugar especial atrás de nomes como o compatriota Arthur, nova aposta vinda do Grêmio e que tem preenchido esse espaço.

É outro brasileiro candidato a substituto de Iniesta que dá passos cada vez mais firmes em La Masia, tradicional academia de formação do clube.

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A expectativa elevada que existe ao seu redor não é fora de propósito. Com contrato com a Nike, Lucas assinou recentemente com a Traffic para representá-lo no mercado. O fundo de investimentos mantém um funcionário ao seu lado na Espanha e tenta reconstruir a sua imagem no Camp Nou após fracassos com Keirrison e Douglas no passado recente.

Dono de uma perna direita que se destaca, o prodígio abre o campo com seus dribles curtos, tem excelente visão de jogo e, especialmente, uma facilidade natural em mudar a direção enquanto corre com a bola. Esse estilo próprio do Barça atraiu não apenas comparações com Iniesta como também o colocou no radar de clubes da Premier League.

Uma saída prematura para o futebol inglês não está em discussão neste momento, no entanto.

Lucas reside fora do Brasil desde um ano e meio de idade, quando passava férias em Barcelona e seus pais receberam a notícia de que o sítio em que moravam na região metropolitana de Fortaleza havia sido assaltado. Foi o que motivou a decisão de se mudar da capital cearense.

Depois disso, ele retornou somente em 2016, ao ser chamado pela CBF para um período de treinos da categoria sub-17 na Granja Comary, em Teresópolis. Um detalhe surpreendeu os funcionários da entidade naquela passagem: o meio-campista nunca havia comido feijão com farinha. Esse foi o único contato dele com a seleção brasileira até aqui.

Primer entreno finalizado. Miércoles primer partido contra Chile.

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Conforme apurado pelo UOL Esporte, foi cogitada a possibilidade de sua convocação na última lista da sub-20, mas ela não se concretizou. O perfil mais conservador do treinador Carlos Amadeu também não colabora.

Foram incluídos diversos nomes no ataque que atuam no exterior, caso de Vinícius Júnior, do Real Madrid, Paulinho, do Bayer Leverkusen, Marcos Antônio "Bahia", do Estoril, Mauro Júnior, do PSV, Matheus Cunha, do RB Leipzig, e Marquinhos Cipriano, do Shakhtar Donetsk.

O futuro do meia ainda não está definido entre os dois países. Ele já jogou pela Espanha e, inclusive, tem uma irmã mais nova, Carolina, que defendeu também a seleção da Catalunha no futebol feminino. Essa é uma decisão que deve demorar mais um pouco a ser tomada.

Desde os sete anos no Barcelona, Lucas segue, enquanto isso, dando mostras do potencial que o levou até La Masia e que veio respaldado, segundo dizem no clube, por um número assustador: noventa gols marcados em 120 jogos na base. Um talento brasileiro que desbrava o futebol no ritmo espanhol.