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Após polêmicas na Libertadores, CBF alinha discurso de proteção a clubes

Cruzeiro e Santos foram dois times que criticaram a postura da Conmebol - REUTERS/Washington Alves
Cruzeiro e Santos foram dois times que criticaram a postura da Conmebol Imagem: REUTERS/Washington Alves

Ana Carolina Silva

Do UOL, em Maceió

05/10/2018 04h00

Os casos em que times brasileiros se sentiram prejudicados dentro e fora de campo nesta edição da Copa Libertadores, em duelos envolvendo argentinos como rivais, têm causado revolta em dirigentes e por quem está na arquibancada. Criticada principalmente por torcedores de equipes como Santos e Cruzeiro, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) resolveu alinhar o discurso de que luta e protegerá seus afiliados. 

Durante o sorteio da fase inicial da Copa do Nordeste de 2019, dois dirigentes do alto escalão da entidade foram indagados pela imprensa se faltava representatividade do Brasil dentro da Conmebol e se o fato de que o atual presidente da CBF, Coronel Nunes, votou no Marrocos como sede da Copa de 2026 (em posição contrária à que foi adotada por outros países da América do Sul) não teria gerado uma represália da entidade sul-americana em cima dos clubes brasileiros.

Na fase oitavas de final, o Santos reclamou da postura ferrenha da Conmebol em punir a equipe pela escalação irregular do uruguaio Carlos Sánchez, contra o Independiente, e não ter adotado o mesmo critério com River Plate e Boca Juniors, que também colocaram jogadores irregulares em campo na competição. Nas quartas, foi a vez do Cruzeiro reclamar nas duas partidas contra o Boca Juniors pelas atuações da arbitragem dentro de campo. Nos dois duelos, o zagueiro Dedé acabou expulso, no primeiro jogo com um erro crasso do juiz, mesmo depois de consultar o VAR (sistema de árbitro de vídeo). 

Enquanto os clubes pedem por mais representatividade política e jurídica nas competições continentais, o diretor de competições da CBF, Manoel Flores, se torna responsável por dois cargos na entidade sul-americana em uma tentativa política de solucionar este problema. Flores assumiu duas pastas na Conmebol: Subcomissão de Clubes, e Comissão de Competições de Clubes e Seleções. Ele é enfático ao dizer que os times brasileiros não estão abandonados no cenário sul-americano.

Manoel Flores - Rafael Ribeiro/CBF - Rafael Ribeiro/CBF
Com dois cargos na Conmebol, Manoel Flores diz que clubes estão amparados
Imagem: Rafael Ribeiro/CBF

"A CBF luta e lutará com muito afinco para proteger nossos clubes, obviamente, porque é o papel dela", disse o dirigente ao UOL Esporte na noite desta quinta-feira (4), em Maceió, durante o evento da Copa do Nordeste.

Flores disse acreditar que a CBF não tem deixado os clubes desamparados no cenário internacional, mas, ironicamente, usou a anulação da suspensão de Dedé como exemplo. A questão é que a entrevista foi feita antes da nova expulsão do zagueiro do Cruzeiro e das reclamações do time mineiro pela atuação do árbitro Andrés Cunha no jogo de volta, no Mineirão. "A CBF tem tido muita representatividade na Conmebol. Tem vários exemplos, como o próprio resultado do Dedé", minimizou.

Esta é a mesma abordagem que o cartola usa ao se referir aos novos cargos que ocupa na Conmebol. Ainda partindo do argumento de que as equipes já têm apoio, Manoel Flores fez questão de destacar que quer ajudar a fortalecer as próprias competições sul-americanas. "A Sul-Americana e a Libertadores passam por um momento de transformação. Vamos fazer o possível para que elas cresçam, porque o crescimento delas faz os clubes crescerem juntos", avaliou.

Também presente no evento da Copa do Nordeste, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, adotou discurso alinhado ao de Flores de que os clubes estão protegidos pela entidade no cenário internacional. Indagado sobre a possível irritação da Conmebol com o voto de Coronel Nunes no Marrocos, Feldman afirmou nesta quinta que o episódio já está superado e que este fato não tem qualquer influência na trajetória dos clubes brasileiros na Copa Libertadores.