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China tira 55 jogadores da reta final da temporada para treinamento militar

Jogadores chineses acompanham partida da seleção local durante período de treinos militares - Reprodução/CCTV
Jogadores chineses acompanham partida da seleção local durante período de treinos militares Imagem: Reprodução/CCTV

Do UOL, em São Paulo

16/10/2018 04h00

Perder um jogador em reta final de campeonato por uma convocação deixa os clubes de futebol enfurecidos. Na China, a federação local foi além. Em um inesperado projeto em nome da evolução do esporte no país, a entidade chamou 55 jogadores para um período de treino militar que se estenderá até o fim do ano. Não houve aviso prévio ou diálogo: os atletas foram nomeados e seriam suspensos se não aceitassem.

Todos os jogadores convocados para esse “intensivão” militar têm menos de 25 anos, seguindo um critério que poucos entenderam no país. Eles tiveram que se apresentar para os treinos rapidamente e trocaram a rotina em uma equipe profissional de futebol por sessões de atividades militares.

Segundo a emissora estatal CCTV, assim que chegaram à base militar os jogadores já tiveram seus cabelos raspados e iniciaram a programação, que vai de treinos físicos a educação ideológica. Por enquanto, as roupas de futebol deram lugar ao uniforme camuflado. Bola só deve entrar na rotina na parte final do projeto.

Jogador chinês tem o cabelo raspado durante período de treino em estrutura militar - Reprodução/CCTV - Reprodução/CCTV
Jogador chinês tem o cabelo raspado em base militar
Imagem: Reprodução/CCTV

A inusitada convocação afetou times da primeira e da segunda divisões da China. Na elite, quem mais sofreu foi Shandong Luneng, que cedeu seis jogadores faltando cinco rodadas para o fim do campeonato nacional. A equipe está em terceiro lugar e briga por uma vaga na próxima Liga dos Campeões da Ásia.

O Guangzhou Evergrande, vice-líder e a quatro pontos do Shanghai SIPG, perdeu cinco atletas. Dalian Yifang e Tianjin Quanjian, lutando contra o rebaixamento, estão desfalcados de dois jogadores cada.

A federação chinesa disse que o objetivo do período militar é “melhorar o treinamento dos jovens jogadores e fortalecer as opções talentosas” para a seleção nacional.

Boatos na imprensa asiática apontam que a entidade cogita até formar dois times com esses jogadores, inserindo essas equipes nos campeonatos nacionais e talvez em disputas no leste europeu. Tudo sob o pretexto de ajudar na evolução da seleção chinesa.

Torcedores e jornalistas criticaram a decisão da federação, argumentando que medidas assim enfraquecem a credibilidade do futebol chinês, cujos investimentos recentes e incentivos do governo tinham como meta justamente melhorar o esporte no país. Até 28 de dezembro, no entanto, esses jogadores serão mais soldados que atletas.