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Federação Boliviana condena análises "racistas" contra novo goleiro do Boca

Goleiro da seleção boliviana, Carlos Lampe foi contratado pelo Boca Juniors - Jim Rogash/Getty Images
Goleiro da seleção boliviana, Carlos Lampe foi contratado pelo Boca Juniors Imagem: Jim Rogash/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

16/10/2018 20h14

A Federação Boliviana de Futebol (FBF) emitiu um comunicado, nesta terça-feira (16), em repúdio às fortes críticas que o goleiro Carlos Lampe, recém-contratado pelo Boca Juniors, vem recebendo de jornalistas argentinos. Segundo a entidade, os tons dos comentários se tratam de "atos de discriminação, no âmbito do racismo e da xenofobia".

"Temos a certeza quem um genuíno representante do futebol nacional no contexto internacional, como é o caso de Carlos Emilio Lampe Porras, saberá demonstrar sua capacidade e espírito de superação no campo de jogo e reverter esses comentários sem fundamento", acrescentou. Por fim, a FBF exigiu que a Associação do Futebol Argentino (AFA) também se pronuncie sobre o caso.

Ex-jogador do pequeno Huachipato, do Chile, o goleiro Carlos Lampe foi oficializado pelo Boca Juniors na última terça-feira (9). O boliviano foi contratado às pressas depois da lesão de Esteban Andrada após choque com Dedé, do Cruzeiro, na primeira partida das quartas de final da Copa Libertadores, na Bombonera.

Em sua apresentação, Lampe havia dito que "se o Boca é a metade mais um, agora é a metade mais 11 milhões de bolivianos", adicionando a população do seu país ao mantra usado pelo clube xeneize.

A esta declaração, torcedores do River Plate reagiram de forma discriminatória, diminuindo o povo boliviano. Ao noticiar as publicações preconceituosas, o jornal argentino Clarín classificou como uma "festa" feita pela torcida rival.

Neste caso, o próprio Boca Juniors se pronunciou. "Para nós, a xenofobia nunca é uma festa. É um desastre contra o qual lutamos todos os dias. Somos a metade mais um, somos o único grande, somos todos iguais", colocou o clube, em sua conta no Twitter, junto ao registro da manchete do periódico.

Cerca de uma semana depois da oficialização de Lampe, os jornalistas Pablo Carrozza e Flavio Azzarro, no programa Fútbol Al Horno, da emissora Canal 26, citaram a origem de Lampe ao questionarem suas qualidades como goleiro.

Com o nome de Lampe às costas, Carozza exibiu uma camisa da Bolívia em que faltavam as letras L e I. Perguntado sobre o que havia acontecido com a camiseta, o jornalista respondeu que "o cachorro do Lampe pegou".

"O que você quer que eu faça? Me preocupo com esse rapaz porque ele pensa que é Evo Morales ou o ‘Diablo’ Etcheverry, grandes ídolos da Bolívia. Lampe, não vou te criticar porque você é boliviano, pois os bolivianos são trabalhadores, vou te criticar porque você não cansa de contar histórias e ainda não jogou. Você não existe na Bolívia. Deixe de contar histórias dizendo que existem 11 milhões de bolivianos torcendo pelo Boca porque é mentira. Você é torcedor do River', declarou.

Azzarro, por sua vez, menosprezou a seleção boliviana e citou que Lampe seria reserva no futebol chileno. “Se o Boca trouxe um goleiro da seleção da Bolívia, que é a pior do Universo, e ainda por cima era reserva no Huachipato, olha, vamos falar de culinária. Deixa de palhaçada, como o Boca vai trazer o reserva do Huachipato!”, afirmou.

Dias antes, Martín Liberman, da FOX Sports, havia dito que Lampe se tratava de um "paraquedista" que não merecia estar defendendo o Boca em uma semifinal de Libertadores.