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Guerra política extrapola fronteiras e toma conta do Fla perto de eleição

Ricardo Lomba e o presidente Bandeira de Mello: guerra declarada nos bastidores do Fla - Gilvan de Souza/ Flamengo
Ricardo Lomba e o presidente Bandeira de Mello: guerra declarada nos bastidores do Fla Imagem: Gilvan de Souza/ Flamengo

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

18/10/2018 04h00

A troca de acusações entre situação e oposição toma conta do Flamengo a cerca de 50 dias do pleito que escolherá o mandatário do Rubro-negro no triênio de 2019 a 2021. Inquéritos contra o presidente Eduardo Bandeira de Mello, pedidos de impeachment, questionamentos e respostas sobre a transferência de Lucas Paquetá ao Milan-ITA, reuniões com correntes políticas e até campanha nas entrevistas. Esse é o cenário no clube mais popular do país.

O panorama extrapolou de vez o território dos bastidores e dos sócios votantes. Ainda que o time esteja na disputa pelo título do Campeonato Brasileiro, a eleição é o tema debatido em todos os espaços do Flamengo, inclusive no CT Ninho do Urubu. A expectativa sobre o futuro do Rubro-negro e o clima bélico entre as correntes políticas estão presentes nas conversas.

A questão piorou a partir do momento em que a Chapa UniFla (Unidos Pelo Flamengo), do candidato Rodolfo Landim, divulgou comunicado questionando aspectos da venda de Lucas Paquetá. O presidente Eduardo Bandeira de Mello rebateu no dia seguinte e o caso motivou novo inquérito no Conselho Deliberativo.

Na entrevista coletiva convocada para oficializar a negociação e dar detalhes da transferência do jogador - com exceção dos valores por conta da cláusula de confidencialidade -, o mandatário e o vice de futebol e candidato da situação Ricardo Lomba criticaram algumas vezes a conduta dos adversários.

Rodolfo Landim (d) ao lado do vice Rodrigo Dunshee: chapa de oposição no Flamengo - Divulgação - Divulgação
Rodolfo Landim (d) ao lado do vice Rodrigo Dunshee: chapa de oposição no Flamengo
Imagem: Divulgação

"Acho que o Flamengo passa por um período assustador. É uma decepção também. Vim para o clube com o objetivo de ajudar, comemorar títulos, deixar a sede interessante. Chegamos lotados de boas intenções e nos surpreendemos com esse tipo de coisa. Lamento demais que a eleição do Flamengo venha sendo comentada por conta dessa questão. Espero que se resolva da melhor maneira possível. Acho que as pessoas deveriam ter um pouco mais de responsabilidade e comprometimento. O objetivo deveria ser fazer um Flamengo melhor e vencedor, não buscar os interesses pessoais", afirmou Lomba.

Bandeira, inclusive, fez campanha para o sucessor durante a coletiva, com frases como "o próximo presidente, espero que seja o Lomba" e "que os sócios nos deem a confiança para continuar esse trabalho". Questionado sobre a série de inquéritos abertos no Conselho Deliberativo, o último com relação ao processo de venda de Lucas Paquetá, o mandatário respondeu.

“Todo dia surge um inquérito novo para pedir o impeachment. Acho isso risível. Tem coisas que entendemos no processo eleitoral, mas essa é ridícula. Isso não tira o meu sono. Podem abrir quantos inquéritos quiserem. Não vou me pautar por ameaça ridícula. Quem não deve, não teme”, rebateu Bandeira.

Procurado pela reportagem do UOL Esporte, o candidato Rodolfo Landim reforçou as críticas e disse que a negociação de Paquetá segue sem as respostas que associados e torcedores mereciam.

"A coletiva não esclareceu nada. Não passou de um evento político. As nossas dúvidas continuam: Por que fugiram do assunto principal da entrevista que convocaram? Por que a administração atual é um fracasso em resultados? Por que jogaram tanto dinheiro fora nas contratações? Qual a real situação financeira do clube? Seguimos aguardando as respostas", afirmou o opositor.

Sobre o clima bélico da política rubro-negra, Landim deixou claro que o panorama está longe de ser amenizado e fez duras acusações ao grupo da situação.

"Entram na Justiça contra o Flamengo, desrespeitam as decisões dos poderes do clube e espalham notícias falsas sobre mim, assim como sobre os presidentes do Conselho de Administração [Bernardo Amaral] e do Deliberativo [Rodrigo Dunshee]. Eles nos atacam, numa tentativa de convencer os sócios e os torcedores de que não erraram. Mas todos sabem que o Flamengo deixou de ser vencedor não apenas no futebol, como virou freguês do Botafogo no remo, e virou mero participante nos demais esportes olímpicos. Isso sem falar que o presidente abandonou o clube para cuidar do projeto pessoal de conseguir algo na política. Fracassou e agora tenta se fazer de vítima. Mas não vai conseguir", encerrou.