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Como Fernandinho apagou a má fama deixada por Robinho e Jô no City

JOHN SIBLEY/REUTERS
Imagem: JOHN SIBLEY/REUTERS

Caio Carrieri

Colaboração para o UOL, em Manchester (ING)

25/10/2018 04h00

No Manchester City, campeão da última Premier League e líder na campanha de defesa do título, os brasileiros só ficam atrás dos ingleses em número de representantes no elenco. São quatro contra cinco – a quantidade entre eles seria a mesma se Douglas Luiz, meio-campista de 20 anos ex-Vasco, tivesse conseguido visto de trabalho. Com o documento negado, ele foi reemprestado ao Girona-ESP. No início da década, esta fartura de Brasil no clube do noroeste da Inglaterra causaria preocupação nos dirigentes, mas Fernandinho foi fundamental para reverter esse quadro.

Adorado pela torcida e reverenciado internamente no City, o experiente jogador de 33 anos mudou a má fama deixada por Robinho e Jô, sobretudo em termos de comportamento. Se os compatriotas haviam saído com uma má imagem de exageros fora de campo, o meio-campista é exemplo de profissionalismo. Por isso, é titular intocável com Josep Guardiola e um dos capitães do elenco, atrás apenas de Vincent Kompany e David Silva, referências com mais tempo de casa.

Primeira contratação da era Sheik Mansour, que completou dez anos em setembro, Robinho chegou bancado pelo proprietário bilionário dos Emirados Árabes e com status de astro após defender o Real Madrid. O carisma e o sorriso fácil conquistaram funcionários, mas a postura fora de campo ajudou a abreviar a permanência no clube, onde ficou apenas um ano e meio, com 53 jogos e 16 gols.

Robinho pelo Manchester City - Michael Regan/Getty Images - Michael Regan/Getty Images
Imagem: Michael Regan/Getty Images
“Já curti a noite com vários jogadores, e naquela época era muito mais fácil sair para festas porque as pessoas não tiravam fotos a todo instante”, relembra um integrante do clube. “Se o Robinho estivesse no clube hoje e repetisse o comportamento que ele teve no passado, provavelmente seria preso ou teria de responder por graves problemas”.

Jô teve duas breves passagens pelo City, intercaladas com empréstimos ao Galatasaray e ao Everton, onde também protagonizou problemas de indisciplina. Na primeira etapa no clube, no segundo semestre de 2008, compartilhou o vestiário com Robinho, que era mais próximo de Elano pelo passado em comum no Santos.

“Jô estava sempre com um capuz cobrindo a cabeça e não era muito simpático”, recorda outro colaborador.

Enquanto isso, Fernandinho, no City desde 2013, tem bom relacionamento com funcionários de diferentes níveis de hierarquia no clube, desde o setor administrativo até a comissão técnica. Visto como exemplo pela conduta responsável, o meio-campista é muito respeitado no vestiário. Por conta disso, Guardiola o escolheu para auxiliar Gabriel Jesus nos primeiros meses na Inglaterra, no início de 2017.

“Fernandinho faria qualquer treinador se sentir o mais feliz e mais sortudo no mundo”, disse o catalão, no último elogio público da já vasta coleção.

“O maior legado que vou deixar talvez seja o fato de eu ter reaberto a porta para brasileiros no clube”, declarou o jogador, que em janeiro renovou contrato até 2020.  “Quando cheguei aqui, o brasileiro ainda era visto com maus olhos. Hoje temos quatro brasileiros de nível muito alto no elenco. Isso me deixa muito contente, porque sempre fui muito respeitado por todos dentro do clube, pela torcida. Sinto um carinho enorme de todos”.

Além dele e de Jesus, Ederson e Danilo são os compatriotas. Os últimos três foram contratados com o aval de Guardiola.