Arrascaeta adota Belo Horizonte, bate recordes e vive auge no Cruzeiro

Em sua quarta temporada no Cruzeiro, Arrascaeta atravessa seu melhor momento na carreira. Aos 24 anos, o jovem tímido do Uruguai mostra que está cada vez mais à vontade com a bola no pé e totalmente adaptado à vida em Belo Horizonte com os companheiros de clube. Principal nome do time no setor ofensivo, o jogador vem surpreendendo em 2018 com convocações frequentes, quebras de recordes e atuações decisivas que enchem os olhos do comandante Mano Menezes.

Arrascaeta sempre foi um jogador mais acanhado, de poucas palavras, algo que nunca mudou em sua estadia no clube. O que está bem diferente daquele menino de 20 anos que chegou à Toca da Raposa é a maturidade. Em 2015, o Cruzeiro passava por reformulação do elenco. Além da pouca idade, o meia vinha do Defensor, uma equipe pequena de Montevidéu, diferente dos grandes Nacional e Peñarol, e precisava corresponder em campo ao mesmo tempo que se adaptava à capital mineira na sua primeira experiência fora do seu país. No começo, mostrou irregularidade nas atuações. Depois, ano após ano, foi crescendo até criar raízes e se sentir confortável o suficiente para dizer que já se sente em casa.

"Eu estava vindo ter uma experiência nova, com expectativa muito grande de jogar fora. Vim de um time pequeno do Uruguai, um clube pequeno, com torcida pequena. Acho que quando cheguei saíram muitos jogadores, então foi mais difícil para nós jogadores e para os treinadores. Depois, chegou Mano, montou um grupo forte e sólido, com jovens também. Hoje em dia me senti muito identificado com a instituição. Belo Horizonte já é como se estivesse morando em Montevidéu", disse o meia.

A temporada de 2018 tem sido mágica para o atleta e certamente é o seu ponto mais alto na carreira. Diferentemente dos anos anteriores, Mano se convenceu que Arrascaeta poderia jogar de titular e ao lado de Thiago Neves. O resultado dessa parceria é que os dois dividem a artilharia do time no ano, com 15 gols cada. Além dos gols, o uruguaio ainda pode comemorar convocações cada vez mais frequentes para a seleção uruguaia. A principal delas o garantiu na Copa do Mundo da Rússia.

O gol marcado no último domingo, na vitória sobre o América-MG, reforçou seu status de carrasco contra o rival. O Coelho é a maior vítima de Arrascaeta desde sua chegada ao Cruzeiro. De lá pra cá, o uruguaio já balançou as redes do oponente oito vezes em 12 jogos, dois gols a mais que nos duelos contra o Atlético-MG.

Arrascaeta ainda possui mais números invejáveis. Agora com 50 gols pelo Cruzeiro, ele já é o maior artilheiro gringo em toda a história celeste, tendo superado recentemente outro ídolo da torcida, o boliviano Marcelo Moreno. Além disso, o uruguaio já está na 44ª colocação na lista geral de maiores goleadores da agremiação. Em outro recorde recente, o meia chegou aos 30 gols marcados dentro do 'novo Mineirão', e é o jogador que mais marcou no palco da Pampulha desde que o estádio foi reinaugurado, em 2013.

"Ele vive um momento muito bom. Tudo que ele está fazendo parece natural e fácil de ser feito. Isso tem a ver com o talento individual, do entendimento de como o futebol é e de momentos que você passa. Me lembro que contra a Chapecoense ele foi para o banco e me falou 'professor, como aqui é bom de jogar'. Ele se sente bem, e isso influência no rendimento, quando o ambiente é gostoso. Ele gosta, e o resultado somos nós que estamos usufruindo", afirmou Mano Menezes, após a vitória sobre o América.

Futebol de alto nível pode atrair interessados

Na última janela de transferências, Arrascaeta foi observado por alguns clubes, mas o Cruzeiro não chegou a receber nenhuma nenhuma proposta oficial. A intenção da diretoria é manter o time para o ano que vem, mas os cartolas estão cientes que novas procuras deverão acontecer nos próximos meses. Se isso acontecer, o Cruzeiro só pretende se desfazer do camisa 10 para lucrar uma quantia realmente atraente. Primeiro por se tratar de um dos melhores jogadores da temporada. Segundo porque o clube só possui 25% dos direitos econômicos do atleta, enquanto o restante pertence a empresários.