Sítio de Ronaldinho Gaúcho quase virou estádio e foge de ostentação
O sítio que pode fazer os passaportes de Ronaldinho Gaúcho e Assis Moreira, irmão do ex-camisa 10 do Barcelona, serem apreendidos pela Justiça não é faraônico como muita gente pode pensar. Cravado na parte rural da zona sul de Porto Alegre, a área que é foco central em processo de crime ambiental contra os irmãos foge do padrão de outras propriedades da família Moreira. Enquanto irmãos, sobrinhos e outros parentes de Ronaldinho moram em uma mansão na área urbana, a propriedade rural é simples, marcada por uma modesta porteira na Estrada da Ponta Grossa.
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Assis e Ronaldinho adquiriram os oito hectares no bairro Belém Novo em 2008 em negócio que custou R$ 1,3 milhão, segundo o Jornal do Comércio. As terras saíram das mãos do Teresópolis Tênis Clube, à época afundado em dívidas e sem demanda para as instalações. As piscinas, pavilhões e área próxima às águas do Guaíba encantaram a família Moreira.
Pouco antes de o negócio ser fechado, o Cruzeiro-RS também negociou a compra do local. Os conselheiros do clube gaúcho chegaram a visitar a área, listada como possível endereço para o novo estádio do time. A ideia era erguer as arquibancadas perto da Estrada da Ponta Grossa e construir um CT às margens do Guaíba. Sem conseguir fechar a tempo, o Cruzeiro acabou migrando para Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre.

Logo depois do fim do asfalto, à direita de quem segue rumo ao fundo do naco de terras de uma zona que já foi só de clubes campestres, resiste uma portaria bem estruturada que dá sinais de poucos cuidados nos últimos anos. O matagal, a pintura descascada e o portão com improvisações destoa de uma propriedade grande, cercada e que custou obras de R$ 2,5 milhões, segundo o Ministério Público. Uma turma de cachorros dá tom carismático ao pórtico, zelado por segurança privada com recurso de câmeras de vídeo e cerca elétrica.
O local é cedido para moradores da região deixarem animais em busca de pastagem. O cenário reúne cavalos e bois ao lado da faixa de rodagem, com blocos de concreto, que leva até as instalações. Os pavilhões são mantidos por funcionários que residem no sítio, mas recebem cuidados maiores quando há aviso de visita.
Entre às construções está a foz do arroio Guabiroba que, de acordo com o Ministério Público, foi canalizado de forma inadequada com construção de muros de concreto. O ancoradouro de lanchas e o trapiche citado em ação de crime ambiental foram retirados, de acordo com relato de pessoas próximas aos Moreira. A faixa de terra próxima ao Guaíba foi concretada e também gerou multa e condenação por impacto ao meio ambiente em área de preservação permanente. Entre multas e indenizações os valores ultrapassam R$ 8,5 milhões.

Nas últimas semanas, o evento que deu vida a propriedade foi aniversário das sobrinhas de Ronaldinho Gaúcho. A festa quebrou um período de inatividade no sítio, mas manteve o padrão do tipo de recreação. A área é voltada para uso familiar, sem exploração para festas de maior porte. Na vizinhança, existem casas de pequeno porte apenas do outro lado da via. Em ambas as laterais, a propriedade não tem vizinhos próximos.
As instalações do sítio ficam bem longe do nível apresentado em outras obras da família. A casa de shows na Avenida Cavalhada, a mansão perto do Morro do Osso e até o sítio em Eldorado do Sul, do outro lado da Ponte do Guaíba, apresentam imponência superior.
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