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Após briga com Itália por Allan, seleção volta a palco onde perdeu D. Costa

Lucas Figueiredo/CBF
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, de St. Albans (Inglaterra)

13/11/2018 06h28

Principal novidade da seleção brasileira, Allan se sentou à frente de todos, esclareceu a pronúncia de seu nome, falou de seu atual momento e, mais do que tudo, sorriu em entrevista coletiva nesta segunda-feira (12), no CT do Arsenal, em Londres. Ao fim das perguntas, se levantou e, acompanhado do goleiro Alisson, deixou a sala carregando uma pasta com a naturalidade de quem tinha certeza que a sua hora iria chegar.

A ansiedade era tamanha que ele acabou sendo um dos primeiros a se apresentar no hotel Sopwell House, em St. Albans, antes mesmo que o técnico Tite.

“Era o único voo que tinha”, justificou, rindo, o volante do Napoli.

Com o seu nome muitas vezes cobrado nas convocações, ele revelou que sentia tristeza a cada relação divulgada com a sua ausência entre os chamados.

“A cada lista, eu criava uma expectativa muito grande e ficava um pouco triste quando não via meu nome. Sei que o Brasil tem muitos jogadores de qualidade em todo lugar do mundo. E tinha a consciência de que precisava dar algo mais. Quando vi meu nome foi um momento maravilhoso, comemorei muito com minha esposa e meus filhos. É o sonho máximo na vida de um jogador”, afirmou.

E um sonho que ele conseguiu realizar aos 27 anos, a despeito das insistentes conversas que ligavam o seu nome a um futuro com a seleção italiana após sete temporadas atuando no país.

Batizado de ‘Doutrinador’ após se sobressair na marcação a Neymar em confrontos recentes com o PSG, pela Liga dos Campeões, Allan nega publicamente qualquer conversa com os europeus para seguir os passos de Jorginho, ex-colega de Napoli e hoje no Chelsea.

Elas existiram, ainda assim, e motivaram questionamentos recorrentes à comissão técnica sobre a sua ausência até que a iniciativa de testá-lo, enfim, fosse sacramentada diante do Uruguai (16) e de Camarões (20).

A decisão foi tomada exatamente no mesmo palco em que, em brigas semelhantes, o Brasil levou a pior quando tentava seduzir Diego Costa e Amauri no passado para longe de Espanha e Itália, respectivamente.

Diego Costa - AFP PHOTO / Roman Kruchinin - AFP PHOTO / Roman Kruchinin
Diego Costa optou por defender a Espanha
Imagem: AFP PHOTO / Roman Kruchinin
Em 2013, Felipão convocou Diego Costa para os amistosos contra Itália e Rússia e deu apenas 40 minutos para o atacante do Atlético de Madri mostrar o seu futebol, sendo 15 deles em Stamford Bridge, em Londres.

O artilheiro natural de Lagarto, no Sergipe, não se sentiu prestigiado e preferiu aceitar a consulta mais firme dos espanhóis.

Quatro anos antes, em 2009, Amauri viu a chance de defender o seu país-natal se perder em episódio confuso que envolveu a recusa da Juventus, seu então clube, em cedê-lo para jogo contra a própria seleção italiana, no Emirates Stadium. Sem conseguir a liberação, ele anunciaria pouco tempo depois a escolha de jogar ao lado dos tetracampeões mundiais.

Não teria nem de perto o mesmo sucesso de Diego Costa.

Essa é uma saga a que Allan não terá de se sujeitar após ter recomendada uma chance pelo auxiliar Sylvinho, que costuma segui-lo a cada rodada da Série A.

“Estou vivendo agora, tenho feito grandes jogos no Napoli. Espero que possam vir outros momentos muito melhores, isso é um ponto de partida. Por cada tempo que passamos temos de superar adversidades, eu passei por muitas coisas que serviram para meu crescimento e amadurecimento”, concluiu.