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TST muda entendimento desde 'caso Oscar' e veta habeas corpus a jogadores

Oscar comemora após marcar pelo Internacional em 2012 - Lucas Uebel/VIPCOMM
Oscar comemora após marcar pelo Internacional em 2012 Imagem: Lucas Uebel/VIPCOMM

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

14/11/2018 04h00

Em sessão realizada na manhã dessa terça-feira (13) no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília, a Sub-Seção Especializada em Dissídios Individuais II (SDI-II) mudou a jurisprudência em relação à concessão de habeas corpus a jogadores de futebol.

Por 4 votos a 3, os ministros entenderam que a medida não se aplica para direito de locomoção secundária. Ou seja, os magistrados decidiram que o habeas corpus seria uma ação cabível apenas para pessoas em condição de encarceramento.

"Essa decisão é um retrocesso, na medida que as situações devem ser analisadas de forma individualizada. Essa era uma das poucas formas de o atleta ter a sua liberdade assegurada de forma célere", opinou o advogado Mauricio Corrêa da Veiga, que recentemente obteve a liminar em favor de Gustavo Scarpa, meia do Palmeiras.

Gustavo Scarpa - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação - Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação
Gustavo Scarpa foi beneficiado por habeas corpus
Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação

Na prática, a decisão vai atrasar a vida dos atletas que tentem por vias judiciais a sua desvinculação de um clube, especialmente por atrasos salariais, já que estarão subordinados aos tribunais regionais do trabalho, meio considerado muito mais lento por especialistas.

O pioneiro nesta questão foi o meia Oscar, que em 2012 usou o artifício para sair do São Paulo rumo ao Internacional. Após esse caso, houve uma enxurrada de pedidos liminares que sempre foram favoráveis aos trabalhadores. O primeiro jogador que sofreu na carne com a mudança de entendimento foi o zagueiro Felipe Camargo, que trava batalha judicial contra o Figueirense.

"A demora os amarrava ao processo judicial. Para a carreira de um atleta, quatro meses podem representar quatro anos. É uma mudança de 180 graus", lamentou Corrêa.

A decisão do TST é passível de reforma, mas uma mudança de direção é considerada algo totalmente improvável após a decisão de terça-feira.