Com sombra de Carille, Jair teve pior trabalho do Corinthians em 12 anos
Menos de três meses no Corinthians, um flerte tímido com o título da Copa do Brasil e uma derrocada intensa no Brasileirão, que culminou na luta contra o rebaixamento e no pior desempenho do clube em 12 anos. O trabalho de Jair Ventura no time paulista chegou ao fim na última segunda-feira mergulhado em críticas de torcedores, sob a desconfiança da diretoria alvinegra e com forte sombra de Fábio Carille na reta final da passagem.
Contratado no começo de setembro para a vaga de Osmar Loss, Jair já teve de enfrentar logo de imediato grandes desafios como treinador do Corinthians. A estreia, por exemplo, deu-se contra o Palmeiras, no Allianz Parque, com derrota por 1 a 0. No mesmo mês, o técnico teve pela frente o Flamengo na semifinal da Copa do Brasil. Apesar das dificuldades, emendou na ocasião a melhor sequência à frente a equipe - foram quatro jogos sem perder, com direito a uma classificação à final da Copa do Brasil.
Depois de o Corinthians conseguir uma vaga decisão, a instabilidade passou a ser a marca do trabalho de Jair. O time alvinegro virou presa fácil no Brasileirão e também foi derrotado duas vezes pelo Cruzeiro na busca pelo título da Copa do Brasil. Por isso, a equipe paulista, além de amargar o vice da competição, ainda se viu ameaçada pelo rebaixamento.
À medida que os resultados ruins se tornavam mais frequentes, Jair mudou o estilo nas coletivas de imprensa, com respostas curtas e fisionomia mais fechada. Criticado por torcedores, o treinador ainda conviveu com a possibilidade do retorno de Carille, que entrou na pauta do clube alvinegro há duas semanas, quando ainda faltavam três jogos para o fim do Brasileirão.
Jair se mostrou abatido e desconversou quando questionado sobre a situação, embora o Corinthians já tivesse acertado com Carille e aceitado pagar a rescisão de contrato do treinador com o Al-Wehda. Mesmo com uma derrota para o Atlético-PR e um empate sem gols com a Chapecoense em casa, o time alvinegro conseguiu escapar da queda, mas repetiu a campanha do ano do rebaixamento (44 pontos) ao perder para o Grêmio na última rodada.
Em 19 jogos à frente do Corinthians, Jair se tornou o técnico com pior aproveitamento no clube desde 2006, quando Geninho deixou o clube com duas vitórias, um empate e oito derrotas em 11 jogos - ele conquistou 21% dos pontos, contra 31% de Jair - foram quatro vitórias, seis empates e nove derrotas sob seu comando.
Ano ruim frustra ambições do treinador
Jair Ventura entrou em 2018 com a ambição de alcançar um novo nível como técnico no futebol brasileiro. Após um ano e quatro meses no Botafogo, chegou no Santos com a expectativa de "ganhar títulos, que é o mais importante", como disse na ocasião de sua apresentação. Ao fim da temporada, acumulou duas demissões e muitos momentos difíceis.
Se a ideia em janeiro era se colocar entre os principais treinadores do Brasil, em dezembro Jair Ventura volta ao mercado sem ter muito o que oferecer além das credenciais que já tinha em 2017. No Santos, o técnico não conseguiu repetir o bom trabalho feito no Botafogo e acabou demitido em quase sete meses, principalmente pelos resultados pós-Copa do Mundo. No Corinthians durou apenas três meses por causa da luta contra o rebaixamento.
"A vida do treinador vem junto com os resultados, e a paciência [do clube] se dá pelos resultados do time", disse Jair Ventura no início do ano. Uma das pedras fundamentais do futebol brasileiro, a frase resume perfeitamente a temporada ruim do técnico.
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