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Landim detona Bandeira, quer Fla com sangue nos olhos e rechaça Lava Jato

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/12/2018 04h00

Rodolfo Landim é o principal candidato da oposição na eleição do Flamengo. Executivo da área de petróleo, ele reuniu o apoio de diversos grupos políticos da Gávea na tentativa de encerrar o domínio da situação. Em entrevista ao UOL Esporte, o opositor fez duras críticas ao presidente Eduardo Bandeira de Mello - que ajudou a colocar no poder em 2012 - e rechaçou as acusações de alguns integrantes do grupo SóFla (Sócios Pelo Flamengo), que durante a campanha o ligaram à Operação Lava Jato. Sobre o futebol, prometeu sangue nos olhos e uma postura bem diferente da criticada pela torcida.

Além do bate-papo com Landim, o UOL publica nesta quinta-feira (6) o especial com Ricardo Lomba. Na próxima sexta-feira (7), Marcelo Vargas e José Carlos Peruano serão os entrevistados.

Landim fez parte do grupo que ficou conhecido popularmente como "os azuis". Foram eles que desbancaram Patricia Amorim e assumiram a administração do Flamengo no pleito de 2012. Por uma série de motivos, principalmente pelas decisões centralizadas e uma quebra de acordo de Bandeira, o grupo se desfez aos poucos. Hoje, quase todos estão ao lado do opositor, que não poupou críticas ao mandatário.

"Ele se mostrou pequeno para o tamanho do Flamengo. Contrariou acordos. É até importante deixar claro que, se vencer agora, não serei candidato em 2021. As pessoas que tocaram todas as grandes mudanças do Flamengo estão do lado de cá. O Bandeira se convenceu de que foi o grande transformador do Flamengo e imaginou que quem escolhesse seria o presidente do clube. Falamos isso há três anos. Ninguém nos ouviu. Tentou a política [não foi eleito para deputado federal]. Ele assumiu o futebol pela visibilidade, imaginou resultados, mas eles não aconteceram. O Eduardo sabe que está saindo de cena, deve estar perturbado com isso. Creio que terá dificuldades para lidar com o ego", disparou.

O clima quente da eleição rubro-negra tem base na troca de acusações entre situação e oposição. Landim reuniu provas por meio de uma investigação policial e iniciou os processos contra integrantes do grupo responsável pela campanha de Ricardo Lomba. Durante a trajetória eleitoral, ele foi acusado diversas vezes nas redes sociais de ser um alvo da Operação Lava Jato. A alegação foi um depoimento do ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque à Polícia Federal, que citou o candidato em passagem da época em que era presidente da BR Distribuidora.

"É bom pontuar que eu pedi demissão da Petrobras Distribuidora em 2006, antes de tudo isso aparecer. Fui para a iniciativa privada em busca de melhores salários. Eu não sou investigado. Não tenho nenhum impedimento na Justiça Federal, no STJ e no CNJ. Todas as minhas certidões foram entregues com as mesmas exigências da Lei da Ficha Limpa. Sou conselheiro de empresas com capital aberto no mundo inteiro. Os caras vasculharam toda a minha vida, o que assinei, os meus antecedentes. As imagens das companhias valem bilhões. Os caras me contratariam? Fui contratado para ser presidente do Conselho de Administração da principal empresa de sondagem do Brasil. Me chamariam se tivesse algum problema? É a baixaria do processo eleitoral do Flamengo. Quanto aos processos com o meu nome, eu fui presidente da BR Distribuidora. Se a Petrobras, até hoje, não concorda em pagar uma causa antiga, o meu nome continua lá na pessoa jurídica. No caso, não é o Landim. É o representante da Petrobras na época", explicou.

Durante a campanha, Landim bateu muito na tecla do futebol. O fato de o time não ter conquistado títulos o ajudou a propagar a necessidade de mudança. Ao mesmo tempo, a situação o atacava com o discurso de não entender do riscado e por promover o retorno de Marcos Braz, vice de futebol campeão brasileiro em 2009 e provável comandante da pasta em caso de vitória no pleito. Ele, no entanto, prometeu uma postura bem diferente do atual mandatário.

"Entendo que o papel do presidente não é entrar em vestiário e assistir treino. O papel é liderar a gestão do clube e cobrar resultados. O que sinto no Flamengo é que se trata de uma grande instituição em que tudo está sempre bom. Todo mundo confortável com os seus respectivos empregos. O presidente do Flamengo precisa cobrar, não pode se omitir. É um ambiente de mediocridade. Todo mundo médio, satisfeito. Esperamos melhores resultados com a estrutura que implantaremos. Eu nunca vi um ambiente solto funcionar. Se cobraram os jogadores, não existiu percepção disso. Um ambiente com sangue nos olhos é outra coisa. Mas vejo o plantel do Flamengo bom. O desempenho pode mudar com uma gerência diferente. A minha vida empresarial já me mostrou isso", apostou.

Rodolfo Landim defende a Chapa Roxa (Unidos Pelo Flamengo) na eleição de sábado (8). Ele prometeu tentar pacificar o clube se for eleito e maiores investimentos nos Esportes Olímpicos. Além disso, garantiu que uma das suas metas é equilibrar a relação custo-benefício do clube. Para ele, foram feitos contratos no futebol e nas demais áreas que prejudicam as finanças rubro-negras. Caros e de longo prazo.