Topo

Corinthians cita teto salarial e mira trocas para melhorar produtividade

Elenco do Corinthians teve a saída de quatro atletas ao fim desta temporada - Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians
Elenco do Corinthians teve a saída de quatro atletas ao fim desta temporada Imagem: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

12/12/2018 17h03

O Corinthians manterá a política "pés no chão" nos próximos meses, a fim de diminuir a folha salarial do elenco. Nesta quarta-feira à tarde, um dia depois de conselheiros do clube aprovarem o orçamento para 2019, o diretor financeiro Matias Ávila ressaltou que o clube visa trocas para melhorar a produtividade do elenco.

"O Corinthians tem um teto salarial, e todo mundo sabe. Temos muitos contratos encerrando no meio do ano. Nossa ideia de atingir este orçamento passa por trocar aqueles que já estão por aqui por outros. Temos jogadores que não jogam, mas têm salário de primeira linha. Nossa ideia é fazer uma administração justamente em cima disso: trocar a base de jogadores por outros que possam contribuir mais para o Corinthians", afirmou o diretor em entrevista concedida no Parque São Jorge.

"A política [de contratações] será mantida. Temos 22 jogadores que não jogam, são muitos. Isso é moeda de troca? Não, não é para ninguém. Se ele não joga aqui, pode jogar em outro clube. O Corinthians vai trazer bons jogadores. A política é mantida, pois há muitas formas de fazer essas transições. Há engenharia financeira, não é preciso pagar grandes salários o tempo todo. Há contenção, mas com capacidade de investimento", completou Ávila.

Ele ainda falou sobre a receita obtida pelo clube alvinegro na atual temporada. O diretor mencionou a venda de jogadores e outros valores que entraram no caixa. "Entrou 109 milhões com venda de jogadores [em 2018]. Nós recebemos algumas outras receitas, com jogadores que foram a seleção", ressaltou.

A ideia do Corinthians é ter uma receita menor com venda de atletas em 2019. O valor incluído no orçamento é praticamente a metade do obtido este ano.

"É R$ 54 milhões [de receita mínima com vendas]. É claro que é possível ter uma receita de venda muito maior, e aí a gente aproveita esse caixa para outras coisas, vamos pagando dívida", afirmou Ávila.

Confira mais trechos da entrevista

FLUXO DE CAIXA
No ano passado nós vendemos 109 milhões; isso não é segredo. Entre comissões e participações para outros clubes, nós gastamos 26%. Essa situação vem melhorando: de um ano para outro fomos melhorando a arrecadação, e para o ano que vem o orçamento também melhorou.

O Corinthians foi o primeiro a assinar com a Rede Globo, por exemplo, em um acordo bom para nós. Isso melhora a situação de caixa, e depois você vai também abatendo a sua dívida. Não se pega todo o dinheiro e paga dívidas, senão fica sem caixa. O fluxo de caixa é controlado mensalmente para a gente não deixar de pagar salário, imposto. Se temos uma dívida na qual é possível renegociar, nós fazemos isso.

DEFICIT
Corinthians vai fechar com déficit de 17 milhões [em 2018]. Ano passado foram 35 [milhões]. A ideia é ter deficit zerado logo no começo do ano, o que dá uma capacidade de investimento boa. Neste ano vamos diminuir 16 milhões de déficit, e no ano que vem não terá mais déficit.

INVESTIMENTOS
Ousadia não existe só em investimentos. Tem uma ousadia muito grande também no corte de gastos, ao estabelecer uma política firme de salários. O Corinthians continua praticando uma política de contenção, e isso não muda em nada. O que melhorou foi nossa contenção de gastos, que passa por tudo: clube, jogadores. 

Quando você compra um jogador, e ele fica no clube sem jogar, isso custa ao cofre. O Rodriguinho, por exemplo, ficou cinco anos aqui, mas jogou um ano e cinco meses. Custou ao clube cinco anos, foi emprestado, voltou. Só depois virou a estrela que se tornou. Isso é muito difícil: contratar muitos jogadores, e eles não jogarem. Mas estes contratos vão sendo encerrados, e o Corinthians vai honrar todos.

JOGADORES JOVENS
Estamos trabalhando para ter grandes jogadores, é claro, mas não abrimos mão da formação. Temos uma série de atletas abaixo dos 23 anos. Temos essa preocupação com a base: estamos construindo o melhor CT de base do Brasil. Então essa política continua, mas não é possível ser campeão só com garotos. O corintiano pode esperar, porque o Corinthians terá um elenco muito competente.

APORTE NA ARENA
Corinthians colocou nove milhões [na Arena] neste ano. E orçamos para o ano que vem seis, mas é por absoluta precaução. A ideia é não usar. Outra coisa, e isso é bacana: Também fizemos um trabalho de redução dos prestadores da Arena, que já foi feito e aplicado. Isso melhora a nossa capacidade de pagamento no fundo. Para despesas eventuais, orçamos seis milhões. Mas vamos tentar não aportar nada.