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Em tour pelo país, Ronaldinho divulga marcas, dá show, mas ignora processos

Vito Gemaque
Imagem: Vito Gemaque

Adriano Wilkson e Vito Gemaque

Do UOL, em São Paulo e Belém

17/12/2018 04h00

O ex-jogador Ronaldinho Gaúcho está em tour pelo país participando de eventos publicitários e partidas festivas. Desde que ele pousou no Brasil há cerca de uma semana, ele foi tietado pelo público e blindado por seus assessores. O garoto-propaganda dançou, driblou amigos e desconhecidos e posou para fotos, mas ignorou os processos por crime ambiental que enfrenta na Justiça do Rio Grande do Sul.

A Justiça gaúcha condenou Ronaldinho e seu irmão, Roberto Assis, que o acompanha em suas viagens, pela construção de um trapiche em área de preservação permanente em Porto Alegre e determinou a apreensão de seus passaportes enquanto os irmãos não pagarem uma multa no valor de R$ 8,5 milhões.

Em outro processo, o Ministério Público conseguiu a apreensão de bens dos irmãos por que eles não cumpriram um acordo feito com a promotoria depois de danos ambientais causados durante a construção do Instituto Ronaldinho Gaúcho. A promotoria chegou a declarar que o ex-jogador "ridiculariza a Justiça".

Ronaldinho e Assis têm preferido se pronunciar apenas por meio de seu advogado. Na única oportunidade que a reportagem do UOL Esporte teve a chance de questionar Ronaldinho sobre os processos, durante uma entrevista coletiva em Belém, o ex-jogador declinou de comentá-los. "Não tenho nada a declarar", disse ele.

Ronaldinho roupa - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Imagem: Reprodução Instagram

A pergunta causou apreensão entre a equipe de Ronaldinho e seus patrocinadores, que chegaram a dizer que o ex-jogador não deveria ser questionado sobre o assunto durante ocasiões festivas.

"Pra vocês esse talvez seja um tema importante, mas a imprensa paraense está muito honrada de ter a presença dele aqui", afirmou Jean Pierre Aguiar, representante de marcas como a Vrauu Energético, que tem Ronaldinho como sócio e garoto-propaganda. "Esse assunto [processos] é particular dele, uma coisa que ele tem que resolver, uma questão pessoal que não cabe a mim nem a ninguém tentar entender. Pra mim, como empresário, não muda nada".

Na capital paraense, Ronaldinho deu entrevistas para veículos da imprensa local, mas também não tratou dos processos. Ao lado do lateral Yago Pikachu, do Vasco, ensaiou passos de carimbó, a dança típica do estado. Na quadra, fez brincadeiras com ídolos do esporte local, na presença de cerca de 5 mil pessoas, um recorde para partidas de futsal no ginásio Mangueirinho.

Seus patrocinadores também anunciaram sua presença VIP em uma balada, na qual Ronaldinho tocaria pagode com a banda convidada, mas o evento acabou cancelado.

"Ele é um atleta irretocável na carreira dele, um ser humano admirável, respeitoso e carismático, trata todo mundo bem", afirmou o empresário, que não viu a condenação por crime ambiental causar danos na imagem do pentacampeão mundial. "Ninguém conversou ou quis saber disso aqui."

Ronaldinho tem rotina intensa no país

O tour do ex-jogador pelo Brasil começou no domingo passado, quando ele participou do "Legends Game", no Ibirapuera, e lançou um aplicativo que traz notícias sobre sua rotina. Ele chegou e saiu do evento sem ter contato com os jornalistas.

Na quinta-feira, em Brusque (SC), convidado a participar de um amistoso de futsal com amigos do ex-meia Zé Roberto, Ronaldinho gravou vídeo ao lado de Luciano Hang, o dono das Lojas Havan, que financiou o evento. Em conversa com jornalistas, o assunto dos processos não pôde ser abordado. Em uma semana de atividades no Brasil, o melhor jogador do mundo em 2004 e 2005 esteve sempre acompanhado de uma multidão de fãs e foi tietado por onde passou.

No Pará, por exemplo, foi recebido aos gritos de "Bruxo" e o jogo do qual participava chegou a ser interrompido quando a torcida invadiu a quadra para abraçá-lo. Garoto-propaganda do Barcelona, Ronaldinho confirmou, através de seu irmão, que seu jogo de despedida "oficial" acontecerá na capital catalã, em setembro do ano que vem. Mesmo com o passaporte brasileiro apreendido, o ex-jogador pode viajar porque também tem passaporte espanhol.