Topo

Liverpool: Por que sucessor de Coutinho custou R$ 220 mi e ainda não vingou

Visionhaus/Getty Images
Imagem: Visionhaus/Getty Images

Ana Carolina Silva

Do UOL, em São Paulo

12/01/2019 04h00

A torcida do Liverpool teve um alvo preferido na derrota por 2 a 1 para o Wolverhampton, na segunda-feira (7), pela Copa da Inglaterra. Naby Keita custou mais de 50 milhões de libras (R$ 220 milhões, na cotação de junho de 2018), encontrou expectativa para substituir o vazio deixado por Philippe Coutinho e assumiu a camisa 8, que pertencia ao ídolo Gerrard.

Porém, o atleta de 23 anos não caiu nas graças dos fãs até agora. Por quê?

Tecnicamente, seus números não são ruins. O UOL Esporte consultou a plataforma "Wyscout", que detalha estatísticas do futebol, e constatou que o meia tem média de 49,36 passes por partida, com 87,6% de índice de acerto. Foi considerado apenas o desempenho na Premier League, Liga dos Campeões, Copa da Liga e Copa da Inglaterra em 2018/2019.

Se considerarmos que Keita chegou ao Liverpool em junho de 2018, é de se esperar que seus últimos números pelo Leipzig, da Alemanha, tenham sido satisfatórios para os Reds. Com o uniforme alemão em 2017/2018, a média foi de 53,94 passes por jogo e 83% de acerto na Bundesliga, Liga dos Campeões, Liga Europa e Copa da Alemanha.

keita leipzig - AFP PHOTO / ROBERT MICHAEL - AFP PHOTO / ROBERT MICHAEL
Imagem: AFP PHOTO / ROBERT MICHAEL

Não é preciso ser matemático para notar que a diferença não é grande. Portanto, se este desempenho no Leipzig fez com que o Liverpool o contratasse por sua capacidade de distribuir o jogo, como explicar o fato de que números tão parecidos não têm funcionado no clube inglês? Acima de tudo, há o fator "expectativa X realidade".

Para começar, Keita chegou ao Liverpool em junho de 2018, mas foi contratado e anunciado como reforço quase um ano antes, em agosto de 2017. Durante estes 10 meses, a torcida inglesa teve de controlar a ansiedade para ver o jogador descrito como um dos meias mais promissores da Europa.

Em janeiro de 2018, quando o Barcelona contratou Coutinho, os fãs dos Reds e a imprensa da cidade até olharam para o mercado em busca de um potencial substituto, mas muito se pensou que Keita poderia ser este nome. O UOL Esporte publicou, na época, que o clube tentava antecipar sua chegada para substituir o brasileiro.

A expectativa cresceu ainda mais em junho, quando Emre Cam trocou o Liverpool pela Juventus. Some isso tudo ao fator "camisa do Gerrard" e tente entender o que os torcedores esperavam receber de Keita: alguém que imediatamente pudesse revitalizar o meio-campo da equipe e, ainda por cima, tivesse potencial para crescer mais.

A estreia foi ótima, com goleada por 4 a 0 sobre o West Ham, em Anfield, e participação direta e decisiva na jogada do gol de Mohamed Salah. Foi o suficiente para que os jornais locais se derretessem em elogios ao guineense, o site oficial do Liverpool chegou a destacar alguns elogios: a ESPN britânica escreveu que Keita poderia ser "devastador".

keita lesão - Alberto PIZZOLI / AFP - Alberto PIZZOLI / AFP
Imagem: Alberto PIZZOLI / AFP

No entanto, em outubro, o atleta passou mal durante o jogo contra o Napoli, pela Liga dos Campeões, e causou preocupação com intensas dores nas costas. Ele foi levado a um hospital e submetido a ressonância magnética e tomografia computadorizada, e houve suspeita até de problemas cardíacos. Por sorte, não houve nada mais grave do que uma pancada.

Psicologicamente, todos estes fatores podem prejudicar o futebol de um atleta que tem apenas 23 anos e nunca havia jogado na Inglaterra antes. De uma vez só, Keita se viu obrigado a se adaptar ao futebol inglês e aos planos táticos de Jurgen Klopp, e corresponder à expectativa gerada pelas altas cifras e por jogadores que brilharam antes dele.

E, é claro, lidar com aqueles que pensam que ele nunca foi tudo isso.