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Corinthians "passa conta", e BMG paga 82% menos que Crefisa no Palmeiras

Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians
Imagem: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians

Arthur Sandes e Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

26/01/2019 04h00

A revelação de que o patrocínio do BMG ao Corinthians é reduzido a R$ 12 milhões fixos anuais a partir de 2020 caiu como uma bomba na última sexta-feira (25). Neste cenário, ganha enorme importância a participação do torcedor, visto que o negócio prevê participação do clube nos lucros de uma plataforma online a ser lançada pelo banco. A aposta alvinegra é ousada e parte de uma comparação nada favorável com o rival Palmeiras.

O contrato entre Corinthians e BMG vale por cinco anos. Segundo apurado pelo UOL Esporte, o clube já recebeu R$ 30 milhões referentes a 2019 e considera este valor como garantido: nem no pior dos casos teria que devolvê-lo. A partir do ano que vem, porém, o valor fixo é reduzido a R$ 12 milhões e o restante depende da participação dos lucros em uma série de serviços a serem comercializados em parceria com o banco. No total, portanto, são R$ 78 milhões fixos (média de R$ 15,6 mi anuais).

O valor anual é 82% menor do que o patrocínio da Crefisa ao rival Palmeiras, que atualmente tem o acordo mais vantajoso do Brasil. Neste caso são três anos de contrato, com R$ 81 milhões fixos anuais e luvas de R$ 15 milhões (total de R$ 258 mi; média de R$ 86 mi anuais). Nesta comparação nem entram quantias variáveis como premiações ou pagamento de salários, caso em que a diferença seria ainda maior.

De certa forma o Corinthians passa a conta do BMG ao torcedor e vai precisar de enorme adesão para atingir as próprias expectativas. Nas contas de dirigentes, as "projeções conservadoras" partiriam de R$ 30 milhões anuais, dos quais R$ 18 milhões seriam via aplicativo "Meu Corinthians BMG", plataforma a ser lançada em breve.

Banco e clube planejam disponibilizar contas digitais, empréstimos, financiamentos e outros serviços aos torcedores, para então dividirem os lucros. Tais serviços teriam que render R$ 36 milhões livres ao BMG para que o Corinthians recebesse metade disso, os R$ 18 milhões projetados pela diretoria. A meta é ousada em comparação aos resultados do próprio banco em 2018.

O BMG inteiro, todas as operações de todos os clientes, lucrou R$ 131 milhões em três trimestres de 2018 - os dados do últimos meses ainda não foram divulgados. Apenas para uma comparação básica, digamos que o último trimestre tenha acompanhado a média dos anteriores, e o valor tenha sido e R$ 175 milhões durante todo o ano passado. Se assim for, a expectativa do Corinthians é que nada menos do que 20% de todas as operações do banco passem a acontecer via "Meu Corinthians BMG", plataforma que é apenas um dos braços do parceiro e que ainda nem foi lançado.

Não à toa o clube tem insistido no apelo à torcida. "Quem vai definir o valor do patrocínio é o torcedor", disse o presidente corintiano, Andrés Sanchez, fazendo até promessa na coletiva de lançamento da parceria."Se chegarmos a 200 mil contas [abertas], aí o torcedor vai ver a surpresa", disse na ocasião.

Confusão pode criar desconfiança

O clube tratou os R$ 30 milhões como valor mágico desde que anunciou o patrocínio, na semana passada. Foi este o adiantamento pago pelo BMG, e o mesmo valor foi dado como referência para as temporadas seguintes. Com a revelação dos valores reais, a empolgação da torcida murchou nas redes sociais. Em um negócio que depende da confiança e da adesão em massa de torcedores, a comunicação ruidosa é um passo em falso neste começo de parceria.

BMG paga menos que o salário de Dudu

Com a queda do valor fixo para R$ 12 milhões a partir de 2020, os rivais do Corinthians comemoram pois o acordo renderá R$ 1 milhão por mês ao clube. Para efeito de comparação, o Palmeiras poderá gastar até R$ 70 milhões com Lucas Lima durante seus cinco anos de contrato, o equivalente a R$ 1,4 milhão por mês apenas com o meia. Ainda segundo apurado pelo UOL Esporte, o atacante Dudu, de contrato renovado, também receberá mais de R$ 1 milhão por mês do Palmeiras, entre luvas e salário. Sim: Lucas Lima e Dudu, individualmente, podem custar mais caro ao Palmeiras do que o Corinthians ao BMG.