Topo

Torcedor viraliza com cornetada contra Villa Nova e revela ameaças

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

19/02/2019 12h36

Foram quase dois minutos de palavras vindas do coração e com críticas pesadas - e embasadas - ao Villa Nova, time tradicional de Nova Lima que luta para não ser rebaixado no Campeonato Mineiro. As declarações do torcedor João Otávio Souza, 19 anos, viralizaram e acabaram até em ameaças recebidas via redes sociais.

Ouvido pela reportagem do UOL Esporte, o torcedor minimizou o episódio, disse que tomou medidas legais em relação às mensagens recebidas e destacou que as críticas foram feitas por um torcedor apaixonado, que acompanha o Villa Nova desde os seis anos.

"Quando eu era mais novo, eu tinha muitos defeitos também. Eu acabava me exaltando em algumas partes. Hoje sou mais contido. Muita gente pergunta como não falei um palavrão no vídeo. Fui com calma mesmo, com tristeza. No fim, fiquei com vontade de chorar, falo que estou chateado e vou embora. Deu vontade de chorar por isso eu saí", disse João.

O torcedor fanático deu as declarações à TV Banqueta no último dia 20, ainda no estádio, depois de uma derrota por 5 a 1 para o Tupynambás, na estreia do Campeonato Mineiro. O revés aconteceu em casa e de virada. Foi o bastante para que as críticas viessem à tona. Nelas, João pediu as saídas do técnico Fred Pacheco e do atacante Hiwry Branquinho, que de acordo com o torcedor "corre o campo inteiro, mas não acerta um passe de três metros".

João Otávio - Felipe Augusto Corrêa/Divulgação - Felipe Augusto Corrêa/Divulgação
João Otávio, 19, apoia o Villa Nova na arquibancada: paixão pelo clube já dura 13 anos
Imagem: Felipe Augusto Corrêa/Divulgação

As críticas a Hiwry Branquinho lhe renderam as ameaças nos últimos dias. Nelas, João frisa que o atacante tem apenas um gol como profissional e não entendia como ele tinha chances na equipe.

"Tem um perfil dele no Facebook. Falaram para eu parar de cornetar, mandaram até foto de arma. Mas tomei as medidas legais. O presidente [do clube] chegou a falar com ele, mas ele disse que não tinha sido ele. Acredito que não tenha sido ele mesmo", explicou João, que já havia passado por uma situação semelhante em 2013, por reclamações à beira do campo.

O torcedor, que fundou a torcida organizada Pavilhão Vermelho, explicou ainda a mudança de postura nas cobranças. No vídeo, mesmo com tantas críticas, ele não falou palavrões. A explicação está na nova função dele.

"Entrei para o conselho do Villa agora. Temos de mudar algumas coisas, não basta só xingar. Nós questionamos de forma educada. No vídeo falei com educação, sem soltar nenhum jargão", disse o estudante de direito, que trabalha na Secretaria de Saúde de Nova Lima.

Na cobrança ao time, João mostrou extremo conhecimento do time, fruto de um acompanhamento diário dos fatos ligados ao clube. Entre 2004 e 2006, ele chegou a entrar em campo com os jogadores. Dois anos depois, passou a assistir aos jogos no estádio, quando o Villa conquistou o título da Taça Minas Gerais - filho único, o torcedor tem pai atleticano e mãe cruzeirense (um tio dele é torcedor do Villa).

Depois de sete rodadas do Estadual, o Villa Nova, que já foi campeão estadual cinco vezes - a última em 1951 -, ocupa a antepenúltima colocação, com cinco pontos. O time, dessa forma, pode ser rebaixado pela segunda vez na história. A primeira foi em 1995, quando João nem era nascido.

Mas, apesar do cenário complicado, o torcedor fanático acredita na redenção da equipe, pois, segundo ele, o desempenho melhorou nos últimos jogos. O técnico Fred Pacheco deixou o clube depois de uma derrota por 3 a 0 para o América na segunda rodada. Eugênio Souza assumiu o comando do Villa, que tem mais quatro partidas pela frente no Estadual.

Na entrevista ao UOL Esporte, João também traçou a estratégia para as últimas rodadas do Estadual. "Eu colocaria Eurico [volante] de volta, que era titular e ficou no banco no último jogo. Mas eu entendo o técnico, ele fez isso para não perder o grupo", frisou.