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Goleiro de seleção é confundido com Victor até quando treina no Atlético-MG

Cristian, goleiro do sub-17 do Atlético-MG, se acha parecido com Victor, ídolo do clube - Divulgação/Atlético-MG
Cristian, goleiro do sub-17 do Atlético-MG, se acha parecido com Victor, ídolo do clube Imagem: Divulgação/Atlético-MG

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

05/03/2019 04h00

Cristian de Lima está acostumado a ser chamado de "Victor" na Cidade do Galo. A cada lance dos treinos, a vibração aumenta até que percebem a confusão. O corte de cabelo, a altura, a cor da pele e até a posição. Aos 17 anos, o goleiro das divisões de base do Atlético-MG é quase um clone do ídolo.

"Todo mundo fala que sou parecido com o Victor no Galo, fisicamente inclusive. Até mais fisicamente para ser sincero, mais do que tecnicamente. Muitas vezes, a gente está treinando no campo 6 da Cidade do Galo, aí tem gente olhando. E eles começam a gritar o nome do Victor. Aí eu fico me perguntando: como assim? Mas como inspiração, eu sempre levei o Neuer e o próprio Victor", disse em entrevista ao UOL Esporte.

Apesar da semelhança física, o jovem atleta se compara mais com alemão: "Eu me acho mais parecido com o Neuer pelo estilo de jogo. Mas de aparência, eu me pareço mais com o Victor. Eu me acho realmente parecido com ele", comentou.

Victor, goleiro do Atlético-MG - Bruno Cantini/Atlético-MG - Bruno Cantini/Atlético-MG
Victor é inspiração de Cristian, jovem goleiro do Atlético-MG
Imagem: Bruno Cantini/Atlético-MG

O objetivo do jovem é repetir o que os dois goleiros já conseguiram. "Meu sonho é ser convocado para uma Copa do Mundo". Victor esteve entre os atletas de Luiz Felipe Scolari na Copa do Mundo de 2014. Neuer ganhou aquele torneio e voltou a jogar em 2018. Ele também já havia entrado em campo em 2010, na África do Sul.

Hoje na seleção brasileira sub-17, que se prepara para a disputa do Sul-Americano da categoria, Cristian conversou por pouco mais de 30 minutos com UOL Esporte. Novo, não teve vergonha de se abrir e contou como chegou ao Atlético e por que escolheu ser goleiro. Confira os principais trechos do bate-papo: 

POR QUE GOLEIRO?

Eu era zagueiro no começo. Vou voltar lá no início. Queria ser goleiro, mas meu pai não queria que eu fosse. Ele dizia: "goleiro é só para tomar bolada". Eu jogava futsal na época. O meu treinador era o meu professor de educação física na escola. E meu pai disse: "se eu o vir no gol, vou tirá-lo da escolinha". Quando meu pai via, eu era zagueiro, quando ele não via, era goleiro. Um dia, a gente foi jogar campeonato e o goleiro faltou. O treinador pediu ao meu pai para liberar que eu jogasse no gol. Meu pai me perguntou, eu disse que queria, me destaquei, joguei no gol e fui o menos vazado da competição. Aí ele começou a me apoiar, comprar luvas, chuteiras para eu virar goleiro mesmo.

CHEGADA AO ATLÉTICO-MG

Na minha cidade, tinha uma escolinha do Inter. Era de futebol de campo. O treinador não me dava oportunidade de fazer um teste no Inter. Aí teve um campeonato estadual na cidade do meu avô. O time de uma cidade vizinha iria jogar e me chamaram. Lá, um olheiro me viu. O apelido dele é Kong. Ele me viu, mas eu sumi. Depois, joguei a Copa São João do Oeste em 2014, pela minha cidade (Maravilha, em Santa Catarina). Estava ele e outro olheiro conversando. Ele disse que tinha visto um goleiro e que esse goleiro havia sumido. Meu pai percebeu e conversou com ele. Nisso, ele disse que conseguiria marcar um teste antes da Copa do Mundo do Brasil. Eu ficaria uma semana, mas já fui aprovado no segundo dia. Eles me falaram para voltar depois da Copa do Mundo. Voltei lá e até treinava em uma categoria acima, porque não tinha a minha, eu tinha só 12 anos, mas era a partir de 13 anos.

MUDANÇA DE CIDADE

Sou de Maravilha, no oeste de Santa Catarina, perto de Chapecó. No começo, foi difícil deixar tudo para trás, amigos, família... Viemos meu pai e eu para BH a princípio, porque quando os meus pais se casaram, eles ficaram de cuidar da minha avó, a mãe da minha mãe. Aí como ela estava meio velha, e não queria vir para BH, eles se separaram por um tempo. Ficaram minha irmã e minha mãe com a minha avó, meu pai e eu no Atlético. Foi difícil nos primeiros anos. Mas a gente ia visitá-las de três em três meses. Às vezes, elas vinham. Nas férias, a gente descia. Nesse ano que conseguimos tranquilizar de novo. Vieram todos para BH.

NÃO SONHAVA SER JOGADOR

Até que não. Eu ia treinar sem pensar em me tornar jogador profissional. Só passei a pensar nisso no Atlético-MG. Quando cheguei ao clube, vi que era diferente. Sempre tive incentivo do meu pai, da minha mãe, da minha irmã.

Você está ali, assistindo aos caras na TV todos os dias. Você não pensa que, um dia, poderia estar ali. Não tenho palavras para falar sobre isso, saber que um dia posso estar no lugar de um Victor, disputando uma Libertadores. Agora, poder disputar um Sul-Americano Sub-17.

CONVOCAÇÃO PARA A SELEÇÃO SUB-17

O recado foi quem me deu foi a minha irmã. Minha irmã é apaixonada por futebol. Ela é mais velha. Se você colocá-la de um lado e for nos comparar, tudo o que você perguntar para ela, ela sabe. Ela vive entrando no site da CBF e, quando ela viu, me ligou falando da notícia. Eu fiquei sem reação, me perguntando o que tinha acontecido e se era sério. 

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