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Como verba da Crefisa permitiu à Mancha contratar bicampeão com a Gaviões

Jorge Freitas, carnavalesco da Mancha Verde, comemora o título da escola de samba em São Paulo - Mariana Pekin/UOL
Jorge Freitas, carnavalesco da Mancha Verde, comemora o título da escola de samba em São Paulo Imagem: Mariana Pekin/UOL

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

07/03/2019 04h00

O patrocínio milionário permitiu à Mancha Verde fazer um desfile plasticamente impecável e conseguir um título inédito no Carnaval de São Paulo, mas boa parte dos R$ 3,4 milhões conseguidos via Lei Rouanet também foi investida na contratação de um carnavalesco badalado e no bem-estar da comunidade da escola, ligada à torcida organizada do Palmeiras.

O carnavalesco Jorge Freitas, bicampeão com a Gaviões da Fiel e agora campeão com a Mancha, disse que o dinheiro extra foi usado nos ensaios feitos ao longo do ano, na compra de um ônibus e de uma ambulância para os sambistas e até em churrascos quinzenais feitos para aproximar os membros da agremiação. A possibilidade de oferecer o melhor aos componentes foi condição imprescindível para o sim de Freitas à escola.

O dinheiro veio da operadora de crédito pessoal Crefisa e da faculdade Fam, que também patrocinam o Palmeiras. Em agradecimento, a escola batizou sua quadra de ensaios com o nome de Leila Pereira e José Roberto Lamacchia, respectivamente presidente e fundador da Crefisa, que também são conselheiros do Palmeiras.

Mancha celebra - Mariana Pekin/UOL - Mariana Pekin/UOL
Imagem: Mariana Pekin/UOL

"Existem apenas dois quesitos que você pode trabalhar com mais dinheiro: fantasia e alegoria", afirmou em entrevista ao UOL Esporte o carnavalesco Jorge Freitas, um dos mais experientes e vitoriosos do carnaval paulistano. "Os outros são tudo ser humano. A verba a mais investimos em algumas situações para melhorar condições para nossos componentes ao longo do ano. Você acende luz em ensaio noturno, abre o barracão mais cedo, faz um churrasco de 15 em 15 dias pra comunidade, temos ônibus, ambulância, temos shows durante o ano. Tudo isso é investimento na comunidade. É assim que eu gosto de trabalhar. Você tem que fazer seus componentes felizes"

Além de conseguir melhores fantasias e carros alegóricos, o patrocínio milionário permitiu à escola levantar o moral de seus membros, o que resultou em participação mais engajada durante o desfile. Com uma comunidade cantando mais alto e desfilando mais harmonicamente, a Mancha conseguiu a nota máxima em todos os quesitos - a escola teve apenas um 9,8 em evolução, que acabou descartado.

"Quando as pessoas falam em cifras, levam em conta apenas o Carnaval em si e nós fizemos um Carnaval com muita qualidade", afirmou Freitas, "mas não adianta ter dinheiro se não tem bom gosto."

Jorge Freitas era um sonho de consumo antigo do presidente Paulo Serdan, e os dois já vinham conversando há meses antes de a Mancha fechar a contratação do carnavalesco campeão com a arquirrival Gaviões em 2002 e 2003. Segundo Freitas, o patrocínio inédito permitiu não apenas contratá-lo, mas oferecer as condições necessárias ao projeto que ele tinha para a escola.

"Comecei a trabalhar a comunidade desde março, e o desafio é fazer o componente ter o comprometimento durante o ano todo", disse o carnavalesco, que já acertou comandar o desfile da Mancha em 2020. "As pessoas que desfilaram na Mancha são pessoas que gostam de verdade de Carnaval. Mesmo sendo uma escola oriunda de torcida organizada, é fundamentalmente uma escola de Carnaval."