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Cartola cita "folclore" ao falar de ato racista e pede punição a brasileiro

Juan Jordán, presidente do Blooming - Divulgação
Juan Jordán, presidente do Blooming Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

20/03/2019 10h21

O presidente do Blooming, Juan Jordán, falou em entrevista coletiva sobre as ofensas racistas de torcedores do clube ao brasileiro Serginho, do Jorge Wilstermann, no jogo entre as equipes no último fim de semana pelo Campeonato Boliviano. O dirigente minimizou a atitude dos aficionados e atribuiu o fato ao "folclore do futebol".

"Que não se perca o folclore do futebol. Vocês, amigos da imprensa, estão todos os dias no futebol com os jogadores. Quem não tem apelido, não tem identidade. E não é só com os jogadores, acontece com todos nós, os "cruceños" (de Santa Cruz de La Sierra) e os "não cruceños" que vivemos aqui: "Mono" (macaco, em espanhol) Galarza, Pulga Aguirre, Flecha Vaca, etc.", completou.

Aos 40 minutos do segundo tempo, o atacante Serginho (ex-Linense, Mogi Mirim, Portuguesa e XV de Piracicaba, entre outros clubes) deixou o gramado reclamando de ofensas racistas vindas da torcida do Blooming.

O presidente do Blooming, porém, contra-atacou, entrando com ações pedindo a suspensão de Serginho e do Jorge Wilstermann por abandono de jogo. Ele quer que Serginho seja suspenso por um ano.

"Queremos esclarecer à família Bluminista que uma denúncia foi feita ao Tribunal de Justiça Desportiva contra o jogador Sergio Enrique Francisco (Serginho), com base no artigo 74 do Código de Disciplina da Federação Boliviana de Futebol. Este artigo fala sobre ofensas ao público. Pedimos a suspensão de um ano para o jogador ", disse.

"Outra queixa também foi apresentada perante o mesmo tribunal contra o corpo técnico do clube Wilstermann, com base no artigo 57, que fala sobre abandono do campo, também apresentando provas", acrescentou Jordán.

O tema gerou grande repercussão no país, com manifestações de repúdio até do presidente da Bolívia, Evo Morales. Juan Jordán, porém, disse que o Blooming é contrário a qualquer episódio de racismo e não quer que o clube seja tratado como bode expiatório.

"O Blooming está completamente em desacordo e repudia qualquer fato de discriminação e racismo, o que está acontecendo em todos os campos do país", disse.

"Nada pode ofuscar nossa vitória. Não usem o Blooming como bode expiatório para prejudicar o bom momento no qual se encontra. Que este tema não se torne um tema de questão racial ou de discriminação entre ocidente e oriente. Lastimosamente, isso vem, creio, de toda a vida: se vamos a outra cidade, o "camba" (nome dado a quem é da região de Santa Cruz de La Sierra) tem apelido, e vice-versa. Todo mundo sabe", completou.