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Brasileiros estão no centro de escândalo de suborno no futebol de Portugal

Lionn (à esquerda) está no centro de um escândalo no futebol português, em jogo Rio Ave x Benfica - Reprodução
Lionn (à esquerda) está no centro de um escândalo no futebol português, em jogo Rio Ave x Benfica Imagem: Reprodução

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, de São Paulo

22/03/2019 04h00

Com passagem modesta pelo futebol brasileiro, o cearense Lionn está no centro do escândalo que domina o noticiário português neste momento. Em depoimento nos tribunais, o lateral de 30 anos revelado pelo Ferroviário disse que o empresário César Boaventura tentou 'comprar' ele e mais dois compatriotas, Cássio e Marcelo, que defenderam o Vasco, antes de partida do Rio Ave, seu então clube, contra o Benfica. A partida aconteceu em abril de 2016.

"Ele tentou me comprar no jogo do Benfica, mas só que nesse dia do jogo do Benfica eu não joguei, estava lesionado", afirmou Lionn, em áudio vazado da sessão, sendo indagado posteriormente pelos advogados se confirmava a tentativa de suborno por parte de Boaventura.

"É isso, sim. A mim, ao Cássio e ao Marcelo também", completou o brasileiro.

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A acusação foi feita por Lionn enquanto testemunha de um processo que Cássio move contra Boaventura após o agente insinuar que ele teria facilitado em campo a goleada de 5 a 0 sofrida pelo Rio Ave contra o Porto.

Nenhum dos três brasileiros se encontra mais no elenco do Rio Ave.

Depois de formarem defesa que atuou primeiramente à frente de Oblak, do Atlético de Madri, e depois de Ederson, do Manchester City, Lionn e Marcelo mudaram de ares e se encontram atualmente no Chaves e no Chicago Fire, dos Estados Unidos, respectivamente. Cássio, por sua vez, foi parar no Al Taawon, da Arábia Saudita, e acompanha os desdobramentos do caso à distância.

Pessoas ligadas aos atletas confirmaram ao UOL Esporte o teor das acusações feitas contra Boaventura e que estão agora sendo apuradas de forma paralela.

O empresário, por sua vez, se calou sobre a polêmica depois de se manifestar nas redes sociais. Boaventura havia sugerido na saída de seu depoimento no tribunal que o trio de brasileiros conseguiu contratos melhores na carreira por causa de suas supostas ligações nos bastidores com Porto e Sporting, tradicionais rivais do Benfica.

Quase sempre com a sua imagem atrelada ao clube "vermelho" de Lisboa, Boaventura afirmou ainda que irá cobrar 3 milhões de euros (R$ 12,5 milhões) de Lionn em indenização por danos morais.

O Benfica procurou se distanciar da controvérsia e negou ter qualquer conhecimento sobre o assunto.

Não foi essa, no entanto, a postura do Porto, que, através de seu diretor de comunicação, Francisco J. Marques, disse se tratar do maior escândalo do futebol português.

"Boaventura, obviamente, estava a trabalhar para o Benfica. Ele teria se apresentado mandado pelo Luís Filipe Vieira (presidente benfiquista) e chegado a fazer uma oferta de 250 mil euros para o Cássio atender às pretensões dele, que eram facilitar a vitória do Benfica. Fica muito evidente que estamos perante casos de corrupção", disparou Marques, ressaltando a suposta ligação entre ambos no mercado.

"Será que Boaventura recebeu também uma aula (de Vieira) sobre como aliciar jogadores ou já sabia?", acrescentou.

O mandatário do Sporting, Frederico Varandas, prometeu seguir atentamente o episódio. "Ouvimos que jogadores profissionais foram aliciados para perder um jogo. Não vamos largar este caso até ao fim. Temos a convicção de que o Sporting foi prejudicado. E temos fortes convicções que vem aí muita coisa, muita coisa", concluiu.

O Benfica ficou com o título português na temporada 2015/16, com apenas dois pontos de vantagem sobre o Sporting.