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Repórter relata assédio antes de jogo do Inter; Presidente lamenta ocorrido

Laura Gross, repórter da Rádio Guaíba - Reprodução/Twitter
Laura Gross, repórter da Rádio Guaíba Imagem: Reprodução/Twitter

Beatriz Cesarini

Do UOL, em São Paulo

04/04/2019 11h03Atualizada em 04/04/2019 12h22

A repórter Laura Gross, da "Rádio Guaíba", foi vítima de assédio enquanto trabalhava nos arredores do estádio Beira-Rio ontem (3), antes da partida entre Internacional e River Plate, pela Libertadores. Ela foi beijada à força por um torcedor enquanto fazia entrevistas para o veículo.

"Depois que entrevistei um último torcedor que disse ser de São Miguel do Oeste, pararam dois torcedores do meu lado e disseram que também eram dessa mesma cidade e que queriam ser entrevistados. Eu vi que eles estavam um pouco alterados alcoolicamente e até comentei: "olha, eu já terminei aqui embaixo, eu preciso subir, não vou entrevistar mais torcedores aqui", relatou ao UOL Esporte.

Apesar da fala de Laura, os torcedores teriam permanecido no local e passaram a fazer comentários em relação à aparência dela. "Eles falaram 'ah, mas tu és tão linda, a gente não pode perder essa oportunidade'. E um deles, que não vou me lembrar exatamente como ele era, veio e tentou me dar um beijo e eu virei a cara. Acabou encostando na bochecha e eu limpei. Ele me viu limpando. Depois, ele veio de novo e fez de novo a mesma coisa. Eu disse 'não quero beijo, já deu, já chega'. Fui meio grossa. Saí limpando de novo e ele: 'mas tu és tão linda, volta aqui'".

Após se livrar dos dois torcedores, Laura se dirigiu à cabine de transmissão da "Rádio Guaíba" e foi auxiliada pelos companheiros de equipe. "Conversei com meus colegas que estavam na cabine e eles me deixaram à vontade para ver se eu conseguia tocar a jornada", explicou.

"Foi ruim, né. Fiquei meio desnorteada. Apesar de já ter acontecido - e aconteceu ontem mesmo vários 'ai, como tu és linda' -, mas um caso como esse, de um torcedor tentar me agarrar, não tinha acontecido ainda. É uma situação que eu não desejo para ninguém, não quero que ninguém passe. E foi difícil voltar para a jornada, bem difícil. Mas eu tentei seguir o meu trabalho. As outras pessoas não têm culpa do que alguns torcedores fazem", completou.

Pelo Twitter, Laura disse que o caso de assédio permaneceu em sua mente durante toda à noite e que lutará para que incidentes assim não voltem a acontecer. "Sabe o quanto isso durou em mim? Até agora pela manhã. Até ontem quando não consegui terminar meu trabalho da forma como eu gostaria. Até ontem quando cheguei em casa e tentei dormir e só lembrava que o cara tinha me babado a bochecha e poderia ter sido pior", escreveu.

"Eu não quero me fazer de vítima. Eu não quero ser vítima. Eu não quero que mais ninguém seja vítima. Eu quero que os homens parem. Eu quero que também parem de clubismo. Eu vou relatar assédio em qualquer estádio, eu vou lutar para isso ter fim".

Depois de abrir 2 a 0 no placar, o Internacional sofreu o empate do River Plate. A equipe gaúcha está na liderança do Grupo 1 da Libertadores, com sete pontos.

Inter lamenta ocorrido

O presidente do Internacional, Marcelo Medeiro, lamentou o ocorrido nas redes sociais. "O clube lamenta ocorrido e repudia qualquer atitude agressiva. Estamos em busca dos responsáveis e tomaremos as medidas legais cabíveis", escreveu.

O Internacional pretende analisar as câmeras de segurança para identificar os responsáveis pelo caso e tomar as medidas cabíveis. Caso seja confirmado que os responsáveis eram sócios do clube, eles podem ser multados ou suspensos do quadro associativo.

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