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Gestora do Mineirão notifica Cruzeiro sobre dívida que supera R$26 milhões

Estádio Mineirão em jogo do Cruzeiro - Divulgação/Mineirão
Estádio Mineirão em jogo do Cruzeiro Imagem: Divulgação/Mineirão

Enrico Bruno e Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

09/04/2019 14h24

O Cruzeiro foi notificado pela Minas Arena, administradora do Mineirão, no último dia 3, a pagar sua dívida com a gestora do estádio. Desde que tomou conhecimento do assunto, no início do mês, o clube tem até 30 dias para pagar suas pendências. A informação foi confirmada pelo vice-presidente de futebol da Raposa, Itair Machado, e também pelo diretor comercial da Minas Arena, Samuel Lloyd.

"A nossa gestão deve R$ 350 mil e vão ser pagos. O outro valor, o Cruzeiro ainda não deve, porque está sob júdice, um valor, se eu não me engano é de R$ 12 milhões, mas a maioria já está bloqueado, porque o Cruzeiro tem depositado 25% da renda e com isso, já temos quase R$10 milhões na Justiça. Então, é fácil de resolver", comentou o dirigente, em entrevista à Rádio 98 FM.

De acordo com a Minas Arena, o valor total que o Cruzeiro deve chega a R$26 milhões. Se o pagamento não for feito dentro do prazo, o clube corre o risco de ter seu contrato rescindido com a gestora. No atual contrato, o Cruzeiro precisa pagar 70% dos gastos, mas não fez esses pagamentos nos últimos anos, o que aumentou consideravelmente as pendências. Desde então, a administração do estádio busca na justiça que o clube pague essas pendências.

"Essa foi só uma das notificações enviadas ao Cruzeiro ao longo desses seis anos em que o clube deixou de arcar com seus compromissos de pagar 70% dos custos da partida. Então nós mandamos essa notificação no dia 3 de abril recapitulando toda essa dívida e pedindo ao clube que se posicione. Uma das consequências previstas é uma rescisão contratual. Não é nossa intenção, mas pode ser necessária para que a gente estanque essa sangria, que é esse volume de dinheiro que sai da Minas Arena para financiar 100% dos jogos do Cruzeiro", comentou Samuel Lloyd, diretor comercial da Minas Arena, em contato com o UOL.

De acordo com Lloyd, a média de gastos do Cruzeiro por partida fica em torno de R$140 mil. Os gastos são referentes à segurança, limpeza e outros custos de manutenção, mas que não estão sendo efetivados pelo clube nos últimos anos. Diferente do que o vice-presidente celeste alegou em outros momento da entrevista à Rádio, a equipe poderia continuar jogando no estádio, mas teria que pagar o valor integral dos custos por partida.

"De 2013 a 2015, já tivemos uma cobrança judicial que soma R$12,1 milhões aproximadamente. Entre 2016 e 2017, também tem outro processo judicial de cobrança que está na casa de R$12,4 milhões. E entre 2018 e 2019, ao contrário que o Itair disse na entrevista, a dívida já soma R$1,8 milhão. Para a gente é complexo, isso significa que a Minas Arena desembolsou R$26 milhões para pagar custos de operação dos jogos do Cruzeiro. Por causa do contrato, a Minas Arena subsidia 30% do custo e o Cruzeiro fica com 70%. Todos os outros clubes que jogam no Mineirão pagam 100% dos custos", acrescentou Lloyd.

Em sua entrevista para a Rádio 98FM, Itair Machado ainda disse que o Cruzeiro tem a intenção de pegar a administração do Mineirão, e que já fez o contato com Romeu Zema, atual governador, para que o contrato do estado com a gestora seja rompido.

"Aquilo ali é do povo, é de futebol, não é para show. 'Ah, mas tem PPP'. Governador vai ter que ser macho, vai ter que tomar uma posição. Acho que o governo tem que consertar o erro que foi cometido, de dar nosso patrimônio com contrato longo para empresas que só olham o dinheiro, não olham o entretenimento do povo", falou o dirigente.

Sobre a declaração do vice-presidente celeste, Samuel Lloyd explicou o contrato que a Minas Arena tem para gerir o Mineirão está na lei, e não pode ser simplesmente desfeito por causa do interesse do Cruzeiro.

"Estamos em um país que tem leis, estamos administrando um patrimônio público que foi reformado com investimento de um parceiro privado. O estado não pagou nada para a Minas Arena até que a reforma do estádio estivesse pronto. Só depois disso é que o estado começou a pagar as parcelas como financiamento dessa obra. Então esse setor privado espera ter o retorno desse investimento ao longo dos 25 anos que tem de operação sobre esse complexo. Qualquer coisa que o Itair diga que ele quer pegar a administração do estádio, ele tem que seguir processos legais. A gente ganhou uma licitação, estamos exercendo um direito privado. Se o estado tem um posicionamento diferente do nosso, esse pensamento tem que vir através do estado", finalizou o diretor comercial.