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Flu celebra 100 anos das Laranjeiras e luta para retomar jogos em sua casa

Projeto de revitalização das Laranjeiras, estádio do Fluminense - Divulgação
Projeto de revitalização das Laranjeiras, estádio do Fluminense Imagem: Divulgação

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

11/05/2019 04h00

Primeiro grande clube do Rio de Janeiro a ser fundado, o Fluminense fincou suas raízes nas Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro. Tradicional reduto da elite carioca, o local viu ser inaugurado, no dia 11 de maio de 1919. Hoje, o Tricolor festeja os 100 anos de um estádio que "virou" nome de bairro e se confunde com a história do futebol pentacampeão mundial.

Antes da nova casa ser erguida, o Tricolor mandava suas partidas no campo da Rua da Guanabara, que foi demolido para dar lugar à construção atual. Na casa antiga, a seleção brasileira entrou em campo pela primeira vez. De uniforme branco, a equipe batia a equipe inglesa do Exeter City por 2 a 0, no dia 21 de julho de 14 e dava início a uma das trajetórias mais gloriosas do esporte mundial. E coube ao renovado lar tricolor ser também o palco da primeira conquista internacional do Brasil: o Sul-Americano de 1919.

Seleção nas Laranjeiras em 1919 - Divulgação/Fluminense - Divulgação/Fluminense
Imagem: Divulgação/Fluminense

Até a construção de São Januário e do Maracanã, o estádio (oficialmente chamada de Estádio Manoel Schwartz) reinou praticamente soberano em terras cariocas. Ladeada pela histórica sede do clube, Laranjeiras virou sinônimo de orgulho e reforçou a identidade tricolor, muitas vezes associada ao luxo da aristocracia fluminense. Entre bailes da alta sociedade e a missa campal que marcou a inauguração do Cristo Redentor, o estádio recebeu 18 títulos do Fluminense.

Laranjeiras em 1919 - Divulgação/Fluminense - Divulgação/Fluminense
Imagem: Divulgação/Fluminense

O aniversariante centenário sofreu remodelações ao longo do tempo. Em 1961, parte da arquibancada foi demolida para que a Rua Pinheiro Machado fosse aberta. Sem este pedaço, a capacidade ao público sofreu sensível redução, beirando os 8 mil locais hoje estimados. Sem o merecido cuidado e adequações exigidas pelo Estatuto do Torcedor, o estádio foi pouco a pouco se tornando uma página distante, servindo apenas a treinos e jogos das categorias de base do Flu. Com o novo centro de treinamento, aparições dos profissionais por lá são cada vez mais raras, e o último jogo foi disputado no dia 26 de fevereiro de 2003, quando os tricolores empataram por 3 a 3 com o Americano.

Estádio das Laranjeiras, casa do Fluminense - Divulgação/Fluminense - Divulgação/Fluminense
Imagem: Divulgação/Fluminense

A saudade bateu forte e um grupo de torcedores tenta unir forças para devolver o protagonismo a um dos maiores símbolos do Flu. Intitulado Laranjeiras XXI, esta ala formada por conselheiros e apaixonados apresentou um projeto de revitalização. Estes idealizadores afirmam que o projeto não tem viés político e que será entregue a todos os candidatos à eleição do dia 8 de junho.

Em primeiro lugar, Laranjeiras é um ativo do Fluminense, localizado há 100 anos no local, em terreno de propriedade do clube e que se desenvolveu no seu entorno. Em segundo lugar, é notório que o clube tem encontrado grande dificuldade em sediar seus jogos, seja pelo alto custo do Maracanã, especialmente em jogos com menor demanda de público, seja em outros estádios, que muitas vezes são indignos de receber a equipe, como é o caso de Edson Passos e Los Larios", disse ao UOL Esporte Sergio Poggi, um dos responsáveis pelo projeto.

Revitalização das Laranjeiras - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Em linhas gerais, a proposta é que as Laranjeiras voltem a receber jogos de menor porte, com a arrecadação baseada em venda de cadeiras, bilheterias, naming rights e outros patrocínios. O Instituto Cidadania Tricolor (ICT) foi criado para ser a interface ante aos órgãos públicos, visto que há a necessidade de diversas liberações que competem às autoridades de trânsito, meio ambiente e patrimônio histórico, por exemplo. A ideia é que o ICT seja responsável por estes trâmites, além da captação de verbas necessárias para a empreitada.

"No sentido patrimonial, o estádio é um bem tombado, sua transformação de uso é praticamente impossível. Assim, a possibilidade de transformar o espaço em um shopping, em prédio comercial ou residencial é praticamente zero. Assim, independentemente de uma saída para sediar os jogos, a necessidade de encontrar uma solução digna para Laranjeiras permaneceria. É inconcebível que o clube deixe este espaço no estado em que se encontra atualmente. A volta do futebol certamente irá dinamizar a frequência da sede, e permitir que o torcedor possa também encontrar os jogadores. Isso não tem preço", acrescentou.

Revitalização das Laranjeiras - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O projeto prevê 15 mil lugares e apenas um nível de arquibancada, conforme a versão de 1919. Camarotes, bares e restaurante, espaço para eventos, loja oficial do clube e área administrativa também estão previstos no estudo econômico realizado. A iniciativa, no entanto, é vista como complementar ao Maracanã. No dia de celebrar o passado, a ordem no Flu é lançar o quanto antes um olhar para o futuro.

Dias de festa
Moeda comemorativa Laranjeiras 100 anos - Divulgação/Fluminense - Divulgação/Fluminense
Imagem: Divulgação/Fluminense

A direção programou uma série de festividades para celebrar a data histórica de seu estádio. Neste sábado, em parceria com a Casa da Moeda, o clube fará o lançamento na de medalhas para comemorar o centenário do estádio.

No dia 19 de maio, o Flu promoverá o "Jogue nas Laranjeiras", evento pago que deu a oportunidade do torcedor disputar uma partida de futebol no estádio. Os técnicos dos "peladeiros" serão os ex-jogadores Leandro Euzébio e Ailton.

Os tricolores ainda prometem lançar o livro "Estádio de Laranjeiras 100 anos" e de maquetes. A equipe principal tem jogado com um patch alusivo à data em sua camisa.

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