Cidade de estreia do Brasil na Copa foi "invadida" por drama com Schumacher
Grenoble é tão tranquila que seus 160 mil moradores raramente veem o nome da cidade invadir os noticiários da França em escala nacional. As linhas de bonde cruzam a cidade, a silhueta dos Alpes recorta o horizonte e pessoas de todas as idades vivem em harmonia. A realidade de sossego que o UOL Esporte testemunhou nesta semana, às vésperas do primeiro jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo feminina, contrasta com o drama que este mesmo lugar viveu em dezembro de 2013, quando o ex-piloto Michael Schumacher foi hospitalizado por lá.
Repórter se vestiu de padre
O repórter Craig Slater, do "Sky Sports", é especializado na cobertura do automobilismo e, naquela semana, estava na cidade buscando atualizações sobre o estado de saúde do ídolo, que sofreu um acidente de esqui em 29 de dezembro de 2013. À reportagem, ele contou um pouco do caos que viu e relembrou que um jornalista alemão foi expulso do hospital após se vestir como um padre na tentativa de obter acesso ao quarto em que Schumacher estava internado.
Chama atenção o detalhe de que nenhum dos profissionais de imprensa teve tempo para correr atrás do invasor e produzir um perfil do "falso padre": havia um boletim médico muito mais urgente a ser publicado, e a sobrevivência de Schumacher era incerta.
Segundo ele, a França costuma ser permissiva com a movimentação em espaços públicos e os repórteres podiam usar os elevadores do hospital livremente e chegar ao andar em que o heptacampeão de Fórmula 1 estava. "Mesmo depois deste jornalista, ainda era possível subir até o andar, mas os corredores passaram a ser patrulhados com um esquema mais rígido de segurança. E havia um nível de auto policiamento dentre os próprios profissionais de imprensa", explicou Craig.
O hospital em questão era o Centro Hospitalar Universitário de Grenoble, para o qual o piloto foi levado de helicóptero após sofrer o acidente de esqui. Ao visitar a região em que ele está localizado, próximo à Bastilha da cidade, é de se imaginar que os 360 graus de paisagens ao seu redor sejam positivos para os que estão em recuperação médica. Por isso, a impressão que fica é de que se nem mesmo este paraíso de paz e sossego pôde resistir diante de tanta loucura, nenhuma outra cidade no mundo conseguiria.
"Evento dissociado da vida real"

"O hospital lidou com profissionalismo diante do circo de mídia. Os pacientes do hospital e seus familiares tinham curiosidade sobre o que estava acontecendo, e a quantidade de jornalistas presentes dava a impressão de que estávamos ali por algum 'evento', um assunto dissociado da vida real. Era fim de ano [Schumacher se acidentou em 29 de dezembro] e nada mais estava acontecendo na cidade. Isso fez tudo parecer irreal, de certa forma. Desconectado. Era uma história sem fim", disse Craig.
Ele relembrou, também, a tristeza que sentiu diante de Corinna, mulher de Schumacher. "O fato de que tudo ocorreu entre Natal e Réveillon deu uma dimensão mais crua a tudo. Essa época do ano faz todos nós focarmos mais nas nossas famílias. Eu fiquei abalado ao entender que aquela família sentia necessidade de fazer a mesma coisa, e estavam vulneráveis: para nós, ficou claro que não havia como ter um final feliz, mesmo com a sobrevivência de Michael. A Corinna teve um teste extremo, e eu pensei em como ela teria uma estrada dolorosa no caminho de volta à realidade", concluiu o jornalista.
Alheia ao turbilhão que Grenoble viveu com Michael Schumacher em dezembro de 2013 e nos meses seguintes, a seleção brasileira feminina tenta dar um fim ao seu próprio drama hoje (8), na mesma cidade da França, em confronto contra a Jamaica. O duelo será a estreia do Brasil nesta Copa, e o primeiro jogo da equipe jamaicana na história dos Mundiais. A partida começa às 10h30 (de Brasília), e o time de Vadão, que vem de nove derrotas consecutivas, estará desfalcado da camisa 10 Marta.

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