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Copa do Mundo Feminina - 2019

Jamaica faz história na Copa com torcida de Bolt e ajuda de filha de Marley

Cedella Marley posa com Usain Bolt - Daniel Hambury/PA Images via Getty Images
Cedella Marley posa com Usain Bolt Imagem: Daniel Hambury/PA Images via Getty Images

Ana Carolina Silva

Do UOL, em Grenoble (França)

09/06/2019 04h00

Ainda não dá para saber como a Jamaica se sairá diante do Brasil hoje (9), na estreia das duas equipes na Copa do Mundo feminina de 2019, mas o time caribenho já escreve um capítulo novo na história do país simplesmente por estar na competição. A vaga foi conquistada com grande ajuda de Cedella, filha da lenda Bob Marley, e há um atleta atuando como ilustre torcedor e incentivador: Usain Bolt.

"Ele tem uma agenda complicada, mas nós comemos no restaurante dele antes de vir para a França. Ele é um grande fã nosso, mas a agenda dele não se encaixou com as nossas datas Fifa. Nós sabemos que ele nos enviará uma mensagem entre hoje e amanhã para que as meninas saibam que ele está lá, apoiando-as sempre", afirmou Hue Menzies, técnico da seleção jamaicana, em entrevista coletiva ontem.

Esta será a primeira Copa do Mundo da história de qualquer seleção feminina do Caribe. O mérito é quase todo do suor das atletas, é claro, mas Cedella Marley também tem recebido destaque por ter usado a própria voz para derrubar, com a força do dinheiro, algumas das dificuldades enfrentadas pelas jogadoras no país - como o fato de que todas elas tinham de comprar suas próprias chuteiras.

Aproveitando a influência da Bob Marley Foundation, ela passou a organizar eventos de arrecadação de fundos para as "Reggae Girlz", como são conhecidas as mulheres do futebol na Jamaica. E não é um sonho de tiro curto: o UOL Esporte apurou que a ideia é melhorar o desempenho olímpico da equipe e pavimentar o caminho para as jogadoras mais novas.

Estamos falando de garotinhas sonhadoras como a própria Konya Plummer, jovem zagueira de 21 anos e capitã da seleção, já foi um dia. "Eu vou dizer que a situação já mudou, agora temos muitos locais de treinamento para meninas novas na Jamaica. A jornada até aqui foi difícil, enfrentamos muitas adversidades. Isso nos faz mais fortes e nos deixou prontas. Estamos motivadas para tudo", afirmou.

Ao descobrir que não enfrentará seu ídolo de infância hoje, Konya não sabia se devia lamentar ou sentir alívio pela ausência de Marta na partida. "Eu estava ansiosa para jogar contra a Marta, ela é uma lenda que eu sigo desde a infância. Enfrentá-la seria uma grande experiência", comentou a zagueira, antes de deixar claro que o confronto será histórico com ou sem a camisa 10 do Brasil em campo.

O jornal norte-americano "The New York Times" publicou que, em maio, uma festa na casa do cônsul da Jamaica, na Flórida, foi feita para arrecadar mais verba para a equipe. Cada convidado levou, no mínimo, 100 dólares. Com a proximidade da Copa e, consequentemente, da partida de hoje, o objetivo era pagar as contas do futuro próximo, como os equipamentos esportivos que levaram para a França.

Em troca de tanto esforço, a expectativa é de que o Mundial dê ao futebol feminino jamaicano um ganho muito maior do que o financeiro: "A exposição que nós tivemos até agora criou um efeito no nosso país. As jovens jogadoras estão olhando para seus ídolos, e isso tem sido ótimo para nós", disse Menzies, ao ser questionado pela reportagem sobre o assunto.

"As nossas atletas podem interagir com essas meninas novas, e essa é uma motivação extra para que conquistem o que querem conquistar. Então, sim, isso tudo vai ajudar o futebol na Jamaica. Os patrocinadores podem começar a nos ver com outros olhos. Tudo aqui tem sido magnífico, e esta provavelmente será a maior Copa do Mundo feminina da história. A exposição tem sido ótima, e esperamos que possa impactar o nosso país", concluiu.

Brasil e Jamaica se enfrentam a partir das 10h30 (de Brasília), em Grenoble, pela primeira rodada do Grupo C. O palco do confronto será o Stade des Alpes, que possui capacidade para 20.068 pessoas.

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