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Trio cruza fronteira "de táxi" e roda 7 mil km para cobrir a Copa América

Andry David Castro, Cesar Armando Semidey e Oscar Giovanni Castro, jornalistas venezuelanos que vem ao para Copa América - Arquivo Pessoal
Andry David Castro, Cesar Armando Semidey e Oscar Giovanni Castro, jornalistas venezuelanos que vem ao para Copa América Imagem: Arquivo Pessoal

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

14/06/2019 04h00

Uma viagem que começou na segunda-feira (10) e acabará apenas hoje (14). Mais de sete mil quilômetros divididos em momentos de avião, táxi e ônibus. Noites mal dormidas, longas horas em aeroportos, refeições na hora que era possível. Esta foi a realidade de três jornalistas venezuelanos que encararam uma verdadeira epopeia para chegar a Porto Alegre a tempo da estreia da seleção de seu país pela Copa América, que ocorre no sábado contra o Peru na Arena do Grêmio.

Oscar Giovanni Castro e Andry David Castro, da Rádio Imaginación 96.1 FM, e Cesar Armando Semidey, da Sonido Estereo "La Super Deportiva", partiram na segunda-feira, dia 10, pela manhã, em uma jornada que certamente não sairá de suas memórias.

O primeiro trajeto foi de ônibus, de San Cristóbal, no Estado de Táchira, na Venezuela, até a cidade de La Fria. Aproximadamente 80 quilômetros, uma viagem de uma hora. Lá, embarcaram em um voo até a capital, Caracas, distante 880 quilômetros. O trajeto de aproximadamente uma hora e meia.

O trio pernoitou em um hotel na capital e embarcou às 7h de terça-feira, em voo, até Puerto Ordaz, distante 670 quilômetros. Mais uma hora de voo. E chegando lá, precisaram esperar até as 18h, sem acomodações, para embarcar em um ônibus que os levou a cidade de Santa Elena de Uairén, fronteira com Pacaraima, em Roraima, no Brasil. Foram 12 horas no transporte terrestre e ainda sem pisar em solo brasileiro.

Já no terceiro dia de viagem, quarta-feira, o grupo conseguiu cruzar a fronteira. Em Pacaraima, eles realizaram os procedimentos legais de entrada no país e embarcaram em um táxi até Boa Vista. Foram mais três horas de viagem e uma decepção em seguida.

A ideia era pegar um voo na capital de Roraima direto para São Paulo e chegar, por fim, a Porto Alegre. No entanto, não havia voo disponível e o trio precisou fazer um novo e cansativo transporte terrestre. De ônibus, partiram até Manaus, no Amazonas, onde finalmente conseguiriam sair para a capital paulista. Novamente um deslocamento gigantesco, mais 12 horas.

Nesta quinta, finalmente, em Manaus, os lugares no voo das 3h para Porto Alegre, com escala em São Paulo, foram garantidos. A expectativa é chegar à capital gaúcha perto das 15h desta sexta. Talvez em tempo de acompanhar o treinamento da seleção, e finalmente o jogo de estreia, no sábado, às 16h (de Brasília), na Arena.

Venezuela treina para a Copa América - Marinho Saldanha/UOL - Marinho Saldanha/UOL
Jogadores venezuelanos treinam em Porto Alegre para a Copa América 2019
Imagem: Marinho Saldanha/UOL

E a viagem não para no Sul

A viagem de mais de 7 mil quilômetros, contando deslocamentos aéreos e terrestres, da trupe venezuelana não acaba no Rio Grande do Sul. Depois da partida de sábado, o grupo partirá no mesmo dia para Salvador, onde acompanhará o segundo jogo de "La Vinotinto" na Copa América do Brasil. Será exatamente contra a seleção brasileira, na terça-feira (18), na Arena Fonte Nova. E o grupo garante que ainda irá acompanhar o terceiro jogo da fase de grupos, contra a Bolívia, no Mineirão. Isso se a seleção não avançar e ter mais um deslocamento para as quartas de final.

"É uma odisseia, mas estamos confiantes em apoiar a seleção", disse Cesar Semidey. "Uma viagem longa, mas com muita fé na Vinotinto", completou Andry David Castro, que relatou ao UOL Esporte toda viagem.

A razão pela qual o grupo dividiu deslocamentos entre voos, ônibus e carro é o preço. A Venezuela passa por uma grave crise financeira e os meios de comunicação também sofrem com isso. Muitos, inclusive, sofreram pressão política do governo e poucos veículos nacionais estão presentes no Brasil.

As rádios representadas por eles são as únicas estritamente nacionais que possuem direitos de transmissão do torneio. As demais fazem cadeia com redes internacionais. Confiante, o grupo pretende seguir o time nacional da maneira que for possível, enquanto ainda tiver forças, e dinheiro.