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Amizades e evolução técnica: como Brasil ajuda o Paraguai na Copa América

Gustavo Gómez, do Palmeiras, e Derlis González, do Santos, se abraçam com Gatito Fernández, do Botafogo, ao fundo - Divulgação/La Albirroja
Gustavo Gómez, do Palmeiras, e Derlis González, do Santos, se abraçam com Gatito Fernández, do Botafogo, ao fundo Imagem: Divulgação/La Albirroja

Gabriel Carneiro

Do UOL, em Salvador

23/06/2019 04h00

Gatito Fernández, do Botafogo, Gustavo Gómez, do Palmeiras, e Derlis González, do Santos, têm mais em comum do que o fato de representarem a seleção do Paraguai na Copa América e atuarem em clubes brasileiros. Os três também são amigos e vivem o auge de suas trajetórias profissionais no país que recebe a competição continental. "Estou me sentindo como se jogasse em casa", já declarou o santista.

O futebol brasileiro tem papel fundamental no desenvolvimento de parte de uma geração em que o Paraguai depositava muita esperança, mas correu risco de "perder" por conta da falta de oportunidades no futebol europeu. Gustavo Gómez, hoje capitão da seleção, passou uma temporada inteira no Milan para jogar uma partida e ficar no banco 24 vezes até ser emprestado ao Palmeiras. No clube paulista foi campeão brasileiro e ressurgiu como uma referência no país.

Com Derlis, apesar da falta de títulos pelo Santos, a história foi parecida, porque ele não havia conseguido se firmar no Dinamo de Kiev até ser contratado pelo time brasileiro. Nos dois casos, profissionais de bastidores da seleção paraguaia afirmam que a vinda ao Brasil serviu não apenas para que eles tivessem mais rodagem profissional e minutos jogados, mas que se desenvolvessem tecnicamente e taticamente. Derlis trabalhou com Cuca e o argentino Jorge Sampaoli, enquanto Gómez é dirigido por Luiz Felipe Scolari.

Paraguai na Bahia - Divulgação/La Albirroja - Divulgação/La Albirroja
Seleção paraguaia decide sua vida na Copa América jogando hoje na Bahia
Imagem: Divulgação/La Albirroja

Fora de campo, os brasileiros estreitaram laços nos últimos meses. Palmeirense e santista foram abraçados pelo corintiano Ángel Romero, que não jogou em 2019 e por isso ficou fora da Copa América, e o trio fez amizade de frequentar um a casa do outro. Gatito Fernández e o flamenguista Piris da Motta (também fora da Copa América, como Romero), são outros "agregados". O atacante Sergio Diaz, do Corinthians, estava integrado ao grupo de paraguaios no Brasil, mas deixará o clube em breve.

"Quando temos partidas pela seleção já nos reunimos naturalmente. Como estamos todos no Brasil nós embarcamos juntos e viajamos juntos, nos encontramos antes do restante da delegação. Isso é importante, temos um contato mais forte porque somos companheiros de seleção, então lá a relação se intensifica", já contou Derlis González.

"É parte do entendimento de uma equipe os jogadores já se conhecerem e em alguns casos jogarem juntos. Eles têm uma relação incrível, isso servirá para o nosso futuro juntos", diz o técnico Eduardo Berizzo, que conta com dois fatores de integração: a "brasilidade" e também o fato de que Derlis e Gómez, por exemplo, fizeram parte da equipe paraguaia vice-campeã sul-americana sub-20 em 2013.

O Paraguai depende apenas de si para avançar às quartas de final da Copa América: basta vencer a Colômbia hoje, às 16h, na Arena Fonte Nova. Os adversários já estão classificados com seis pontos, enquanto o Paraguai tem dois e Argentina e Qatar, que duelam ao mesmo tempo na Arena do Grêmio, somam um ponto cada. Berizzo filosofou sobre a possibilidade de uma eliminação na primeira fase ser tratada como fracasso.

"Minha ideia de fracasso é um pouco relativa e não vinculada ao resultado final. Quem fracassa é quem não tenta, quem não trabalha, quem não tem esperança de ganhar, quem tem medo antes de começar. Todas essas definições que não têm a ver comigo. Seria um resultado esportivo ruim se fôssemos eliminados, mas não é o que eu trato como fidelidade à maneira de jogar e compromisso com a seleção. Nenhum resultado vai mudar minha ideia de acumular trabalho e desenvolver uma ideia futebolística que nos torne cada dia mais fortes em uma página em branco que é o trabalho na seleção paraguaia."