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Copa do Mundo Feminina - 2019

Em meio à Copa, França fica em alerta com fenômeno que matou 15 mil em 2003

Mulher se banha nas águas da Esplanada do Trocadero com a Torre Eiffel ao fundo - Kenzo Tribouillard/AFP
Mulher se banha nas águas da Esplanada do Trocadero com a Torre Eiffel ao fundo Imagem: Kenzo Tribouillard/AFP

Ana Carolina Silva

Do UOL, em Paris (França)

27/06/2019 04h00

A Copa do Mundo feminina vai "ferver" nos próximos dias. Não se trata apenas do empolgante jogo entre França e Estados Unidos, que acontece amanhã (28) pelas quartas de final da competição, mas também das altas temperaturas que atingem o país-sede do torneio nesta semana.

Na tarde de hoje (27), os termômetros devem superar facilmente a casa dos 40ºC. A umidade pode fazer com que a sensação térmica chegue a 47ºC, e as noites curtas têm feito as pessoas acordarem suando de hora em hora. A prefeitura decretou estado de alerta laranja, o segundo mais grave em uma escala de quatro níveis.

A partida em questão ocorrerá às 21h do horário local, (16h de Brasília), de modo que Paris já não estará mais tão quente quando a bola rolar entre as anfitriãs e as norte-americanas. Porém, as duas torcidas precisam se locomover em direção ao Parc des Princes nas horas que antecedem o jogo. A Fifa normalmente não permite que pessoas entrem nos estádios com garrafas próprias, mas, na segunda-feira (24), fez esta concessão na vitória da Suécia sobre o Canadá.

Vale destacar que Paris não é uma cidade de litoral como Rio de Janeiro, Recife ou Maceió, que contam com a ajuda do oceano para refrescar a brisa. Sem mar, os parques franceses têm ficado cheios de pessoas exaustas repousando estiradas nos gramados. O risco de sofrer uma queda de pressão arterial existe a todo momento, e muitos andam cambaleando.

Ontem (26), no famoso Campo de Marte em frente à Torre Eiffel, o UOL Esporte testemunhou duas pessoas passando mal - o calor traz náuseas e, para piorar, diminui o apetite. É preciso se alimentar e beber água, mas as autoridades alertam: o choque térmico entre o ar quente e um líquido gelado pode resultar na perda de consciência.

Não dá para dizer que não há precedentes. Em junho de 2003, a França sofreu com uma onda de calor de intensidade parecida que resultou na morte de 14.802 pessoas - em sua maioria, idosos. A cidade é preparada para lidar com invernos rigorosos e conta com calefação em seus edifícios, mas a população não tinha experiência para enfrentar uma temperatura tão elevada. O Oeste Europeu sempre sabe que deve esperar pelo calor em julho e agosto, mas não em junho, no começo do verão.

Na cidade de Auxerre, por exemplo, aquele mês registrou oito dias consecutivos com temperaturas acima dos 40ºC. Agora, a França é alvo de uma massa de ar quente que vem do Deserto do Saara e faz o povo sofrer novamente. Dezesseis anos depois, nem mesmo Paris se estruturou para lidar com este fenômeno: na capital, muitos estabelecimentos e residências ainda não têm ar-condicionado.

Quem não tem esta tecnologia em casa ou uma piscina teve de se refrescar em plena fonte do Trocadero, em frente à Torre Eiffel. Também é possível baixar o aplicativo de celular "Extrema Paris", que utiliza sua localização em tempo real e rapidamente sugere lugares em que é possível se refrescar com água, ar-condicionado ou sombra.

As escolas e creches ganharam ventiladores e toldos, idosos podem ser dirigidos por autoridades até locais públicos com ar-condicionado, e cinco mil garrafas d'água foram distribuídas para moradores de rua. Em alguns pontos estratégicos, como as estações de trem, há encarregados de borrifar água gelada no ar. Assim, a sede da Copa tenta lidar com as altas temperaturas - não só dentro de campo.

Band: França e Alemanha tem temperaturas acima dos 40ºC

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