Torcedor do Inter que agrediu jornalista é condenado a 4 meses de prisão
Na manhã de hoje, a Justiça do Rio Grande do Sul decidiu pela condenação do torcedor Rafael Vinicius Lopes por ofender e agredir a jornalista Renata de Medeiros, da Rádio Gaúcha, antes do clássico Grêmio x Internacional em 11 de março do ano passado.
Rafael foi condenado a quatro meses de detenção em regime aberto por injuriar Renata, ofendendo a dignidade ou o decoro, na presença de várias pessoas. Apesar disso, por ser de período curto, a pena pode ser substituída por outra restritiva de direitos consistente.
Sendo assim, como é de caráter esportivo, o agressor está proibido de frequentar estádios onde o Internacional de Porto Alegre atuar, independente do mando de campo, tendo que comparecer em alguma delegacia em todo o dia de jogo por um período de quatro meses e permanecer no lapso temporal entre duas horas antes e duas horas depois de cada confronto. O torcedor também terá que pagar a indenização de um salário mínimo em favor da vítima por dano moral.
"O fato ocorreu em público, perante inúmeros torcedores, espaço no qual a repórter realizava um trabalho de larga expressão pública, como repórter de Rádio. Nesse contexto, ser tachada de "puta", expressão comumente utilizada para descrever mulheres que se dedicam à prostituição, traduziu uma conduta de agressividade notadamente constrangedora, para uma mulher que não se dedica a esse tipo de 'atividade profissional'", exaltou o juiz Dr. Marco Aurélio Martins Xavier ao declarar a decisão.
Rafael negou as acusações e insistiu na existência de um mal-entendido entre as partes, defendendo sua absolvição. O torcedor poderá apelar à decisão em liberdade.
Segundo o relato divulgado por Renata na época, ela estava passando pela arquibancada do estádio Beira-Rio e Rafael teria dito "sai daqui, p...". A repórter então pegou o celular e começou a filmar o agressor, com intuito de intimidá-lo, e pediu para que ele repetisse o que havia dito.
Rafael, contudo, se levantou e tentou desferir um soco na repórter. Um segurança do Inter precisou intervir para controlar a situação. O soco não pegou em cheio, mas foi suficiente para deixar um hematoma no braço de Renata. Após o jogo, ela registrou boletim de ocorrência para denunciar o caso.
"Faço questão de sublinhar: a mulher, no ambiente desportivo dos estádios, tem uma função simbólica fundamental, de agregar civilidade, principalmente por demandar o respeito e a proteção dos organizadores e do público, principalmente o masculino. Quando isso não é observado, é forçoso que a tutela jurídico-criminal atue, de modo a restabelecer o equilíbrio social", destacou o juiz
Em sua conta oficial no Twitter, Renata destacou a importância da condenação. "Durante todo o processo, abracei uma causa que não era mais só a da Renata, agredida dentro do Beira-Rio. Mas sim de todas as mulheres que gostam de futebol e merecem ir a qualquer estádio sem medo de sofrerem qualquer tipo de agressão. É uma vitória nossa. Não se calem!".
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