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Hoje no Atlético-MG, diretor ajudou a reerguer Chape: "Minha reconstrução"

Rui Costa, diretor de futebol do Atlético-MG, foi responsável por reerguer a Chapecoense - Bruno Cantini/Divulgação/Atlético-MG
Rui Costa, diretor de futebol do Atlético-MG, foi responsável por reerguer a Chapecoense Imagem: Bruno Cantini/Divulgação/Atlético-MG

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

14/07/2019 04h00

Ele foi chamado para reerguer a Chapecoense há pouco mais de três anos e, hoje, reencontra o clube pela segunda vez desde que o deixou, em agosto de 2018. Na volta à Arena Condá, Rui Costa, diretor de futebol do Atlético-MG, relembra o que viveu com a equipe que ajudou a reconstruir e a coloca como um marco em sua carreira.

Depois de três anos à frente do Grêmio, o executivo teve a incumbência de reerguer a Chape após o trágico acidente aéreo ocorrido em novembro de 2016. Em sua passagem pelo time catarinense, teve um bom primeiro ano, ajudando na classificação à Libertadores 2018. Em sua segunda temporada, porém, sofreu para manter o nível e acabou demitido ao lado de Gilson Kleina, em agosto passado.

Quase um ano mais tarde, Rui Costa vai à Arena Condá pela segunda vez após a sua saída - já havia visitado o local em setembro de 2018 com o Athletico Paranaense. Às vésperas do reencontro, ele concedeu entrevista ao UOL por meio de sua assessoria de imprensa e também vê a passagem pelo lugar como uma reconstrução de sua carreira.

"Não foi só a reconstrução da Chapecoense, foi a minha reconstrução como profissional. Foi o meu primeiro desafio fora do Grêmio. Eu estava muito identificado, muitos anos de clube. A primeira vez fora [do Rio Grande do Sul] e vou para um desafio dessa grandeza. Se eu fracassasse ali, talvez, a minha carreira não chegasse onde chegou e pretendo que permaneça por muitos anos. A Chapecoense me ensejou uma reconstrução profissional e profissional. Não há outra palavra que expresso pela Chapecoense que gratidão. Eu sou muito grato à Chapecoense e aos colaboradores. Isso fica para sempre", disse à reportagem.

Mesmo com a saída no decorrer da temporada, Rui Costa se reergueu ainda em 2018 e venceu a Copa Sul-Americana como dirigente do Athletico Paranaense. Não à toa, em maio de 2019, recebeu o prêmio do Conafut de melhor executivo de futebol da temporada passada, superando nomes como Marcelo Djian (Cruzeiro) e Alexandre Mattos (Palmeiras). O dirigente atribui à passagem pela Chape a premiação:

"É fruto de muito trabalho, não diria que foi só o trabalho do Athletico. Já participei dessa mesma premiação, não como vencedor, mas com colegas competentes. É um reconhecimento da minha trajetória, desde que comecei a minha atividade no Grêmio. No Grêmio, eu não tive a oportunidade de colher os frutos. Eu os plantei, semeei, pelo menos parte deles. Na Chapecoense, plantamos e colhemos. No Athletico, eu pude colher, mas contribui com um momento difícil do clube, que estava na zona de rebaixamento quando cheguei. Aprendi muito no clube e o trabalho culminou com uma posição boa no Brasileiro e uma conquista no clube", afirmou.

"Esse conjunto de histórias, essas experiências que vivi, sempre de forma muito intensa, foi o que fez que tivesse a honra de ser premiado com esse título porque começa a consolidar no nosso país que o executivo não pode ser avaliado pelas conquistas que tem. O mais importante é que, por onde passo, consigo deixar legado. E consigo levar esse legado da minha carreira. É sai pela frente e entrar pela frente. Para conseguir legado no clube, você precisa de tempo. Nosso trabalho é de planejamento, plano de ação, cronograma de ações. E isso não faz em seis, sete meses... Isso demanda um tempo", acrescentou.

O Atlético enfrentará a Chapecoense hoje, às 19h (de Brasília), pela décima rodada do Campeonato Brasileiro. O jogo acontece na Arena Condá.

Confira outros trechos da entrevista de Rui Costa ao UOL:

Reencontro com a Chapecoense

"Reencontrar a Arena Condá, a Chapecoense, sempre um momento muito especial para mim. Como diretor de futebol profissional e com o vínculo que tenho com o Galo, que é muito sólido e muito forte, voltar a Chapecó me remete a um momento muito desafiador da minha carreira, mas me remete a um momento de muito crescimento pessoal, emocional. Sempre digo que a minha passagem por Chapecó me tornou uma pessoa melhor. Eu pude me deparar com a capacidade daquele povo de superar uma dor para retomar um caminho. Penso que a reconstrução da Chapecoense passa por sua torcida e pela comunidade de Chapecó. A Chapecoense é muito a cara de Chapecó. A expressão mais fiel do que é pertencer a Chapecó. Para mim, é emocionante voltar àquele lugar, onde vivi coisas intensas e inesquecíveis".

Reconstrução da Chapecoense

"Foi um trabalho muito árduo e intenso, que exigiu de todos nós uma dedicação que foi muito além do que qualquer contrato poderia prever, principalmente pela forma como tudo aconteceu. Tivemos que fazer muitas coisas ao mesmo tempo e em breve prazo de tempo. As competições se aproximavam. Tudo era exíguo. A cidade dava demonstração visual, concreta e prática que a Chapecoense voltava a ser um clube de futebol com os novos atletas. É algo que tinha que acontecer rapidamente. Então, foi um trabalho de muitas mãos. Tivemos uma condição muito firme. Foram dadas todas as condições de fazer o meu trabalho, com autonomia, comando e suporte. Eu pude aprender muito como é o jeito de ser em Chapecó. Pude aprender e colaborar um pouco com a minha experiência. As coisas se alimentaram de forma retropositiva. Foi um trabalho de muitas mãos e que exigiu muito esforço de todos".

Sentimento com a Chapecoense

"Eu penso que a palavra que mais expressa o que sinto por Chapecó e pela Chapecoense é gratidão. A mesma gratidão que eu vejo que deixei lá e que me fez ficar marcado no clube e que me fez ter o clube para sempre na minha mente e no meu coração. É a forma como crescemos juntos e como todos nós nos reconstruímos".

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