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Atlético-MG resgata "eu acredito" e Cruzeiro usa tom político em decisão

Cruzeiro aplicou 3 a 0 no arquirrival Atlético-MG na ida das quartas de final da Copa do Brasil - Thomas Santos/AGIF
Cruzeiro aplicou 3 a 0 no arquirrival Atlético-MG na ida das quartas de final da Copa do Brasil Imagem: Thomas Santos/AGIF

Enrico Bruno e Thiago Fernandes

do UOL, em Belo Horizonte

17/07/2019 04h00

Definido? O 3 a 0 do Cruzeiro sobre o Atlético-MG na partida de ida das quartas de final da Copa do Brasil 2019 dividiu os sentimentos dos torcedores em Minas Gerais. Atleticanos, certamente, chateados com o resultado e descrentes de uma vaga na semifinal, enquanto os cruzeirenses se animaram e veem o time mais perto de uma nova classificação. Mas dentro das quatro linhas, ambos adotam discursos distintos.

O respeito ao adversário é a tônica do discurso na Toca da Raposa II. Na Cidade do Galo, as declarações são de otimismo e reforçam o "Eu acredito", eternizado pela torcida do clube durante as campanhas da Libertadores 2013 e da Copa do Brasil 2014.

"Claro que no momento a gente sentiu a derrota, é normal. Mas a gente sabe como funciona aqui no Galo, tem histórias recentes de viradas históricas e estamos nos apegando nisso. O torcedor está nos apoiando, sabe que no Horto as coisas são diferentes e, da mesma forma que eles foram capazes de fazer esse resultado na casa deles, também somos", disse Vinícius, meia-atacante da equipe, em entrevista ao canal SporTV.

"Agora na Copa do Brasil a gente vai conseguir, com a força da nossa torcida, e tenho certeza que, como todos sabem, o 'Eu acredito' aqui no Atlético é muito forte, e vai prevalecer", acrescentou.

O Galo precisa vencer o arquirrival por três de diferença para levar o jogo para a disputa de pênaltis. Somente um triunfo por quatro ou mais gols de vantagem assegura a classificação do time comandado por Rodrigo Santana.

Mesmo com o discurso motivacional, o placar necessário pela equipe não é tão comum assim em 2019. Em 21 jogos como mandante, o Atlético não conquistou nenhuma vitória com um placar que levaria o jogo para os pênaltis e só quatro triunfos com um marcador que garantiria a vaga à equipe - diante de Boa Esporte (duas vezes), URT e CSA.

O clube, no entanto, resgata o que aconteceu em 2013, quando teve que virar duas vezes um placar adverso para chegar ao título da Libertadores, e em 2014, quando aconteceu o mesmo para garantir a Copa do Brasil. O clube adotou o "Eu acredito" na semifinal da Libertadores 2013.

Na ocasião, depois de perder por 2 a 0 para o Newell's Old Boys, da Argentina, no jogo de ida, o Galo venceu pelo mesmo placar em casa e garantiu a classificação nos pênaltis. O mesmo aconteceu na decisão, diante do Olimpia, do Paraguai.

Um ano mais tarde, a situação foi ainda pior. Depois de perder por 2 a 0 na ida para o Corinthians, o Galo saiu perdendo o jogo de volta por 1 a 0 e teve que virar para 4 a 1 para avançar. O cenário foi idêntico contra o Flamengo, na semifinal.

Desde o final do primeiro clássico, o discurso no Cruzeiro é um só: não tem nada ganho. Até o último dia da preparação celeste, o respeito pelo rival foi a linha de raciocínio mais utilizada na Toca da Raposa. Mas apesar de toda a cautela, o time celeste tem um histórico muito positivo para avançar de fase, visto que uma reviravolta dessa magnitude raramente foi vista, seja em clássicos ou na Copa do Brasil.

Disputada pela 31ª vez neste ano, a Copa do Brasil contou com poucas viradas do tamanho que o Atlético precisa para superar o rival. Somente por oito vezes uma equipe derrotada por três gols de diferença conseguiu se classificar na partida de volta. Isso só aconteceu com o Fluminense (2001), Treze-PB (2005), Corinthians (2005), Criciúma (2006), Athletico Paranaense (2007), Juventus-SP (2008), América-RN (2014) e Flamengo (2014). Nas quartas de final, porém, nenhuma equipe alcançou tal feito.

Se o histórico da Copa do Brasil já é animador para o Cruzeiro, o próprio clube dá sinais ainda mais concretos de que será difícil ser eliminado nesta noite. Somente uma vez a Raposa perdeu por quatro gols de diferença dentro dos 90 minutos no torneio. Isso aconteceu em 1990 ao cair por 4 a 0 para o Goiás no Serra Dourada.

Contra o Galo, esse placar foi feito pela última vez em 2007, na final do estadual. Já um 3 a 0 desfavorável (que levaria o jogo para os pênaltis) aconteceu pela última vez em 2013, também pela decisão mineira. Já com Mano Menezes no comando, o clube nunca perdeu por mais de dois gols de diferença em mata-matas.

"A gente sabe que é uma decisão de 180 minutos, temos uma certa vantagem no primeiro jogo, mas o segundo jogo tende a ser mais difícil, tende a ser competitivo, principalmente por ser no Independência. O Atlético é um time de qualidade e de força. Esperamos manter o ritmo, o foco e nosso equilíbrio. Mas não tem nada resolvido, a gente sabe que muitas coisas podem acontecer", disse o zagueiro Léo.

FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO-MG X CRUZEIRO

Motivo: jogo de volta das quartas de final da Copa do Brasil
Local: Arena Independência, em Belo Horizonte (MG)
Data: 17 de julho de 2019 (quarta-feira)
Horário: às 19h15 (de Brasília)
Árbitro: Flavio Rodrigues de Souza (SP)
Assistentes: Danilo Ricardo Simon (Fifa/SP) e Alex Ang Ribeiro (SP)
Árbitro de vídeo: Thiago Duarte Peixoto (SP)

ATLÉTICO-MG: Victor; Patric, Réver, Igor Rabello e Fábio Santos; Zé Welison (Jair), Elias (Rómulo Otero), Luan e Juan Cazares; Yimmi Chará e Alerrandro (Ricardo Oliveira). Técnico: Rodrigo Santana.

CRUZEIRO: Fábio; Lucas Romero, Dedé, Léo e Egídio; Henrique e Ariel Cabral; Robinho, Thiago Neves e Marquinhos Gabriel; Pedro Rocha (Fred). Técnico: Mano Menezes.