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Polícia detém suspeito de abuso de menor em jogo do Coritiba; clube repudia

Marcello De Vico e Napoleão de Almeida

Do UOL, em Santos e São Paulo

17/07/2019 13h28

A Polícia Militar do Paraná deteve um homem de 39 anos que assediou uma garota de 17 anos nas arquibancadas do Couto Pereira durante a vitória do Coritiba por 2 a 1 sobre o São Bento-SP, pela Série B do Brasileiro. O homem foi flagrado por outros torcedores tentando esfregar o próprio pênis na garota e foi agredido até que a Polícia o levou - veja o vídeo.

De acordo com o relato de testemunhas, a menina demorou a perceber o ato até ser alertada por outras duas mulheres. A garota estava acompanhada pela mãe. O homem foi agredido por torcedores e então detido e encaminhado ao NUCRIA, Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente.

Em contato com o UOL Esporte, o delegado chefe do Nucria, José Barreto, deu detalhes do ocorrido e explicou que uma mudança em relação ao crime, adotada no ano passado, faz com que o indivíduo não possa ser solto antes de uma análise da Justiça, uma vez que, nesse tipo de crime, não há determinação de fiança.

"No meio da torcida organizada, na arquibancada do Couto Pereira, um indivíduo teria colocado o órgão genital para fora, no meio do jogo, e passou a esfregar numa menina de 17 anos. Ela estava de costas, num primeiro momento não viu, achou que era alguém encostando, até pelo fato de o estádio estar lotado... Mas nisso, duas testemunhas de 18 anos viram e intercederam, avisaram à menina o que o rapaz estava fazendo. Então a menina virou, viu o homem de 39 anos com a genitália para fora e a confusão se espalhou. Outros torcedores ficaram indignados, partiram para cima dele e passaram a persegui-lo; e só terminou quando a Polícia Militar chegou e deteve o indivíduo", contou.

"Ele foi conduzido para o Nucria [Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crime], e autuado pelo crime de importunação sexual (art. 215-A do código penal), que é um crime novo, trazido agora pela lei 13.718. O que acontece? Antes, a pessoa que fazia isso - situação que às vezes acontece dentro de ônibus, quando o indivíduo esfrega a genitália numa mulher - respondia uma contravenção de importunação ofensiva ao pudor, isso gerava um termo circunstanciado, ele assinava e podia ir para casa. Agora, com o advento dessa lei, no ano passado, ele agora é autuado em flagrante e, inclusive, não tem fiança na delegacia. Só o juiz que pode arbitrar a fiança, então ele está preso. Ele foi encaminhado para o centro de triagem 1 de Curitiba, onde está agora aguardando a decisão do juiz, que irá analisar a situação dele. Quando há essa situação com violência e grave ameaça, o indivíduo pode até responder por estupro, mas quando é só a situação dele esfregar a genitália na pessoa, como foi esse caso, aí entra nesse crime novo, que é muito mais grave do que era antes. Essa lei agora trouxe essa mudança, que foi bem importante para evitar esse tipo de crime", acrescentou.

Ainda de acordo com o delegado, o homem de 39 anos tem outro registro de abuso sexual: "Inclusive a gente pesquisou aqui, e tem um boletim de ocorrência desse indivíduo de 2011, na região do Alto Maracanã, que ele teria supostamente feito a mesma situação num ônibus cheio".

O Coritiba se manifestou em nota enviada à reportagem. O clube se dispôs a ajudar a Polícia, mas ainda não havia identificado nenhuma imagem do assediador.

"A diretoria do Coritiba Foot Ball Club repudia tal atitude e lamenta profundamente o ocorrido. Os fatos foram prontamente reprimidos e o clube continuará não medindo esforços para auxiliar na devida punição de qualquer um que falte com respeito, decência e dignidade com qualquer pessoa. Reforçamos que o Couto Pereira é o local de torcedoras, crianças e da família coxa-branca", diz o texto.

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