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Bruno Henrique pula base, vive auge no Fla e vai à seleção: "Nunca duvidei"

Bruno Henrique comemora gol do Flamengo contra o Internacional nas quartas de final da Libertadores -     Thiago Ribeiro/AGIF
Bruno Henrique comemora gol do Flamengo contra o Internacional nas quartas de final da Libertadores Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo

02/09/2019 04h00

Em 2012, Neymar já era protagonista da seleção brasileira, então comandada por Mano Menezes, e colecionava títulos pelo Santos. Philippe Coutinho começava a deslanchar no futebol europeu ao se transferir para o Liverpool. Daniel Alves tinha no currículo duas taças da Liga dos Campeões da Europa. Mas e Bruno Henrique, grande novidade da lista de Tite para os amistosos deste mês nos Estados Unidos?

O atacante que vive o auge da carreira no Flamengo, assinava há pouco mais de sete anos o primeiro contrato profissional da carreira. Quando fechou com o Uberlândia em 2012, Bruno Henrique era apenas uma aposta vinda do futebol de várzea de Minas Gerais. Tinha 21 anos e nunca havia passado por categorias de base de nenhum clube. Sonhar com seleção brasileira parecia impossível.

"Eu nunca duvidei", assegurou o xodó flamenguista, em entrevista ao UOL Esporte. Bruno Henrique jura que sempre confiou no próprio potencial, ainda que só tenha chegado à elite do futebol brasileiro em 2015, pelo Goiás. Desde então, tentou a sorte no Wolfsburg, da Alemanha, teve período de altos e baixos no Santos e agora curte o melhor momento da carreira, com 18 gols em 39 jogos pelo Flamengo, título do Campeonato Carioca e protagonismo para levar o time à primeira semifinal da Libertadores em 35 anos e à liderança do Campeonato Brasileiro.

"Agradeço a Deus todos os dias pelo momento que estou vivendo. Claro que sempre sonhei, sempre trabalhei e busquei tudo isso que tenho conquistado, mas a ficha demora a cair. Vestir a camisa da seleção é um sonho. Só posso seguir me dedicando diariamente para conseguir me manter nesse nível e até mesmo evoluir ainda mais", projetou o atacante, que estará à disposição de Tite a partir de hoje para os amistosos contra Colômbia (6) e Peru (10) nas cidades de Miami e Los Angeles, respectivamente.

Bruno Henrique, atacante do Flamengo - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Bruno Henrique é o destaque do Flamengo nesta temporada
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Leia o bate-papo do UOL Esporte com Bruno Henrique:

UOL Esporte: Qual foi seu diferencial pra atingir esse nível de desempenho? Chegou a conversar com o Tite?
Bruno Henrique: Em 2017 [no Santos], eu tive um ano muito bom, até então o melhor da minha carreira, onde o próprio professor Tite falou em meu nome em algumas oportunidades. Em 2018, infelizmente, não pude dar sequência, sofri com muitas lesões que me atrapalharam bastante e, agora aqui no Flamengo, graças a Deus as coisas voltaram a acontecer e de forma ainda melhores. O segredo é o trabalho. Ainda não tive nenhum contato com o professor, mas por ter me convocado creio que ele confia no meu trabalho e espero conseguir corresponder às expectativas dele e da seleção.

O que mudou na sua vida desde a convocação? Recebeu muitos conselhos, alguém te orientou?
Ser convocado para a seleção te leva a outro patamar na carreira, é o ponto mais alto que um jogador profissional pode sonhar alcançar. É preciso ter a cabeça no lugar para não se perder, e graças a Deus tenho uma boa base familiar e estafe que me ajudam diariamente com isso tudo. Não posso mudar em nada, foi sendo esse Bruno Henrique que eu sou que cheguei aonde cheguei.

Quem foi o responsável por te lançar no futebol? Tem alguma dica que leva até hoje?
Desde menino eu jogava futebol em Belo Horizonte, respirava futebol e não queria saber de mais nada além da bola. Foi lá que dei meus primeiros passos até chegar na várzea e de lá despertar a atenção de alguns clubes profissionais. Muitas pessoas foram importantes na minha trajetória, é difícil citar uma só em especial. Mas sem dúvidas todos me ajudaram de alguma forma, seja com um elogio ou até com uma crítica construtiva.

O que representa para um jogador que não fez base chegar à seleção? Entende que você é exceção?
É um caminho um pouco incomum, tenho consciência disso. Muitos jogadores convivem com a rotina de seleção brasileira desde as categorias de base, e eu não tive nada disso. Isso me faz valorizar ainda mais o meu caminho e a minha luta. Foi com muito trabalho, muita dedicação e fé que consegui trilhar essa história e hoje representar o meu país.

Por já não ser tão novo, prestes a fazer 29 anos, chegou a duvidar que essa chance fosse aparecer?
Duvidar nunca duvidei, porque para Deus nada é impossível e eu sempre acreditei. Nunca escondi meu sonho de ter uma oportunidade e sempre trabalhei para isso. Claro que não podemos sonhar e esquecer de fazer nossa parte para que as coisas se tornem possíveis. Sempre me dediquei, trabalhei sério para ajudar meus companheiros de clube e, quem sabe, ser lembrado em uma convocação. Felizmente esse momento chegou, e estou muito contente.

Já está pensando como serão os amistosos, em como será jogar com figuras importantes como Neymar e Coutinho?
Meu foco logo após a notícia da convocação estava no Flamengo. Sabia que não podia me deixar levar, procurei manter a concentração e ajudar o clube em partidas decisivas. Mas claro que a gente já projeta, imagina. Sem dúvidas será maravilhoso estar ao lado de grandes craques, ídolos para mim. Espero poder ajudá-los da melhor maneira e aprender também um pouco com cada um deles.