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"Olhos ardem e nariz sangra": Como queimadas na Amazônia afetam o futebol

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Lucas Faraldo

Colaboração para o UOL, de São Paulo

11/09/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Banco de Dados de Queimadas do Inpe aponta aumento 61% de queimadas em relação a 2018
  • Jogadores do Cuiabá, da Série B, dizem que os efeitos são sentidos em treinos e jogos
  • Até torcedores sentem efeitos do clima seco quando vão ao estádio
  • Atletas de times da região norte da Amazônia, como o Paysandu, não sentem tanto. Motivo é o clima úmido

No último dia 28, a delegação do Cuiabá voltava de avião de uma viagem feita para Goiânia, onde havia enfrentado o Vila Nova, quando a reportagem do UOL Esporte recebeu uma foto do horizonte tirada por um dos dirigentes do clube. "Sou do interior de São Paulo, sofro aqui também", escreveu o cartola, se referindo à nuvem de partículas que pairava aguardando atletas, comissão técnica e os próprios funcionários e dirigentes da equipe no retorno à capital do Mato Grosso.

Terra de alguns dos maiores clubes de futebol do Brasil, o estado de São Paulo tinha passado, dez dias antes, por uma situação inusitada: partículas de queimadas da Amazônia chegaram à região Sudeste com a ação do vento e colaboraram para a escuridão do céu paulistano às 15h do dia 19. A situação assustou muita gente que não está acostumada a um fenômeno relativamente comum em regiões como a de Cuiabá.

Vista aérea de Cuiabá mostra a concentração de partículas próximas à superfície - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Vista aérea de Cuiabá mostra a concentração de partículas próximas à superfície
Imagem: Arquivo Pessoal

As queimadas e suas consequências, como a propagação de partículas em gigantescas nuvens de fumaça perceptíveis via satélites como os da Nasa, são rotina, por exemplo, no Mato Grosso, que tinha até meados de agosto a maior quantidade de incêndios no bioma amazônico em 2019 de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Até segunda-feira (9), o Banco de Dados de Queimadas do instituto registrava uma somatória de 20.815 focos no estado - um aumento de 61% em relação ao mesmo período de 2018.

Você chega, acorda e o ar está muito seco. Vai para o campo e é aquele sol que queima. O olho arde mesmo com colírio, não consegue respirar, nariz sangra. E não tem muito o que fazer. Temos que treinar"
Victor Souza, goleiro do Cuiabá

Representante máximo do estado (e da região amazônica) a nível nacional, o Cuiabá Esporte Clube, da Série B, "abriu as portas" ao UOL Esporte para mostrar um pouco da rotina de uma equipe que vive sob condição análoga à de um deserto em relação a calor e baixa umidade do ar. E eles contaram como o clima típico da capital mato-grossense intensifica e é intensificado pelas dezenas de milhares de focos de incêndio na região.

Alerta vermelho: olhos irritados e nariz sangrando

O goleiro Victor Souza é goleiro do Cuiabá há dois anos e sofre com o ar da capital mato-grossense - Divulgação/Cuiabá EC - Divulgação/Cuiabá EC
O goleiro Victor Souza é goleiro do Cuiabá há dois anos e sofre com o ar da capital mato-grossense
Imagem: Divulgação/Cuiabá EC

"A umidade cai, fica mais difícil para respirar, os olhos ficam ardendo. Tem vezes em que a umidade está em 9%, 10%, calor de 40ºC. Clima de deserto. Tem treinos que são interrompidos às vezes pela metade porque tem jogador que sangra o nariz."

A fala acima é de Victor Souza, natural de São Paulo e goleiro do Cuiabá há dois anos. Mas ele poderia estar por lá há três, quatro, cinco. Como diz o próprio arqueiro de 27 anos, não adianta se familiarizar com as condições climáticas.

Não tem como acostumar. É difícil, não tem como falar 'acostumei porque passei por isso ano passado'. Moro no centro, muito prédio, abro a janela, penso que é uma neblina, mas é queimada, é a seca que chega. É a cidade. Sabíamos como era desde que chegamos".
Victor Souza, goleiro do Cuiabá

"Esse tipo de situação prejudica bastante", afirma o outro jogador do time, o zagueiro Ednei, 29, que chegou ao Cuiabá vindo de Senhor do Bonfim, sua cidade natal na Bahia, onde o clima também é bastante quente, mas úmido. "Aqui tem momentos em que a gente está nos treinamentos e de repente vem aquela fumaça das queimadas e dificulta a respiração. Nosso CT fica próximo da saída da cidade, tem muito mato e consequentemente queimada ao redor. Sofremos bastante nesse período, não só nós como as crianças e os idosos que moram por aqui também", diz.

O cenário é ainda mais complicado para quem participa apenas esporadicamente da rotina futebolística da cidade, como equipes de arbitragem e times visitantes que enfrentam o Cuiabá na Arena do Pantanal. "Ano passado, os clubes que vinham aqui no intervalo do jogo já reclamavam, os próprios juízes falando que estava difícil correr, respirar", conta Victor, antes de fazer um alerta: "E esse ainda está começando agora, sei que vai ser difícil. Pode ser que neste ano o período de seca se estenda até outubro, e o Campeonato Brasileiro vai até novembro. Então temos de estar ainda mais atentos, principalmente em relação à saúde."

"É bem difícil. Quando vêm os adversários, comentam que sentem bastante esse período de seca. Durante o jogo acaba sendo até uma arma contra o adversário", brinca o zagueiro Ednei, sem contudo esconder o "ar" de preocupação por trás da extrema situação climática.

Torcedor não consegue nem torcer direito

A preocupação é compartilhada pela torcedora Taisa Alvarenga, 28, que sofre também das arquibancadas. "É muito calor mesmo nos jogos à noite. Quando vamos à Arena Pantanal, compramos muita água. Para torcer, damos gritos, aí a garganta fica seca e já estamos comprando mais água. A gente vai porque gosta, independente do clima seco ou não. Mas atrapalha bastante quem canta", contextualiza a cuiabana.

"Eu tenho ansiedade nesse tempo muito seco, quente, com queimadas. É ruim para respirar. Se não tomar muita água, é horrível. Evito muito a exposição ao sol. Então acabo evitando sair. Quando sai, tem de passar protetor. A alimentação tem de ser mais leve. Às vezes espalho recipientes com água em casa para deixar o clima mais ameno lá dentro pelo menos", comenta Taisa, cujas táticas são compartilhadas pelos jogadores do Cuiabá.

"O doutor sempre fala para a gente colocar um balde de água, toalha molhada do lado da cama e o umidificador. Desde o ano passado, venho tendo esses cuidados para ter uma noite melhor, porque o ar condicionado seca ainda mais o ar", explica Victor.

"A gente tenta fazer o que a gente vê pela TV de indicação, pelo próprio clube. Hidratação, umidificador de ar em casa. É bem difícil", completa Ednei.

Conhecendo e entendendo a "casa" do Cuiabá EC

Campeão mato-grossense no início do ano e um dos times que briga na Série B pelo acesso à elite do futebol nacional em 2020, o Cuiabá ainda dava seus primeiros passos na segunda divisão do Brasileiro, disputando a hoje longínqua terceira rodada, quando a capital do Mato Grosso registrou seu último dia de chuva. Não cai uma gota d'água por lá desde 9 de maio.

"É natural. De maio a setembro aqui é estação seca há pelo menos 200, 300 anos, porque tem um sistema na atmosfera que avança no inverno sobre o continente da América do Sul", explica o professor doutor Rodrigo Marques, especialista em climatologia no Departamento de Geografia da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso).

Quase quatro meses sem chover é um prato cheio para o fogo nas matas. "O auge das queimadas ocorre nas condições meteorológicas mais favoráveis para elas. Quando chove muito, é até complicado tacar fogo. Quando está seco, é mais propício", argumenta Marques.

Assim, explica-se, em grande parte, a altíssima concentração de partículas inaláveis que paira sobre Cuiabá nos últimos meses. A capital mato-grossense registrou vários dias de agosto com mais de 200 microgramas (µg) de poluentes por metro cúbico (m³) de ar, de acordo com o Inpe. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o máximo de 25 µg/m³ para que o ar seja considerado bom — Cuiabá estaria com concentração 800% acima do que é recomendado pelo órgão.

Marques ainda alerta para um problema na coleta dos dados do Inpe: as amostras são do ar acima de 40 metros da superfície. Em decorrência da inexistência de estações terrestres de medição, não se sabe ao certo qual a concentração de poluentes à qual a população cuiabana está realmente exposta, e que deve ser consideravelmente maior que os tais 200 µg/m³, já que as partículas tendem a se concentrar próximo à superfície.

Isso ocorre por conta de um fenômeno conhecido como inversão térmica, ou seja as partículas mais se acumulam do que se dissipam. "É por conta dessa dinâmica de deserto: muito quente durante o dia e frio à noite", conta Marques. Por conta da baixa umidade, o ar seco não retém o calor liberado pela superfície, fazendo com que as noites sejam frias. O ar frio, por sua vez, é mais denso. E funciona como barreira fazendo com que toda a fumaça oriunda das queimadas fique "presa" na superfície.

Além de professor de climatologia, Marques estudou especificamente partículas inaláveis em seu doutorado. E faz o alerta: "As queimadas são grande fonte de emissão dessas partículas, que vão dentro do alvéolo do pulmão. Os danos à saúde da população são muito grandes."

Cuidados com a saúde da "população de alto rendimento"

Jogadores profissionais são classificados como atletas de alto rendimento por se esforçarem acima da média no que diz respeito a exercícios físicos. Assim, naturalmente, precisam de cuidados específicos com a saúde. É aí que a combinação de clima desértico com queimadas se torna vilã de quem vai a campo treinar ou jogar pelo Cuiabá EC.

"A preocupação maior é com relação à desidratação do atleta pela atividade física", pontua José Silveira, médico do Cuiabá e principal responsável pela saúde dos jogadores.

"O atleta quando exposto a esse clima quente, com queimadas e tudo, a perda de líquido é ainda maior. É necessário manter constante a quantidade de líquido corporal. Isso é influenciado diretamente pela condição climática e ambiental. Os atletas têm um desempenho melhor em ambientes mais amenos do que neste clima"
José Silveira, médico do Cuiabá

A chamada reposição hidroeletrolítica consiste em devolver ao organismo água e eletrólitos (sódio, potássio, magnésio e cloro) perdidos pelo suor, que nada mais é do que uma estratégia do nosso corpo para regulagem da temperatura. A reposição adequada de líquido faz com que um jogador sue e controle a temperatura do organismo, minimizando os efeitos do clima seco no corpo.

A sociedade de medicina do esporte recomenda a um atleta se hidratar duas horas antes da atividade esportiva com 500 ml de líquido. Isso é extremamente importante também durante e após o exercício, de 15 em 15 minutos se possível - e principalmente com isotônicos, que têm reposição hídrica e iônica, o que ajuda a carregar a água para dentro das células. Qualquer descuido em situações mais extremas como a desta época em Cuiabá gera desidratação.

"Essa desidratação num ambiente austero, quente, com queimada, pode levar desde fadiga muscular a risco de câimbra, hipertermia, convulsões. Numa desidratação grave, de até 7% do peso corporal, pode levar ao risco de morte", alerta o médico do clube. Estima-se que um quadro de desidratação ccomeça com perda de 1% a 2% de peso corporal, o que já seria suficiente para elevar a temperatura de uma pessoa em cerca de 0,4ºC.

Logicamente a hidratação caminha lado a lado com outros cuidados da rotina de um atleta. Evitar treinos e jogos em horários de sol mais forte, priorizar vestimentas claras e de tecidos que favoreçam que o corpo respire, criar uma rotina alimentar com comidas e bebidas leves.

Ou seja: o futebol (ou praticamente qualquer outra atividade física) em Cuiabá é um desafio além do comum. Para efeito de comparação, um jovem que se aventure jogando bola na poluída São Paulo, por exemplo, tem de conviver com uma concentração, em média, de 29 microgramas de partículas inaláveis por metro cúbico, sete vezes menos do que os 200 µg/m³ registrados na capital mato-grossense.

"A maior fonte de emissão de partículas em Cuiabá é queimada. As pessoas acham que São Paulo é o fim do mundo, mas São Paulo, por exemplo, com a melhora da qualidade do combustível, melhorou muito a condição do ar. As concentrações de Cuiabá, de partículas inaláveis, são maiores que São Paulo."

Rodrigo Marques, climatologista

Nicolas, jogador do Paysandu - Jorge Luiz/Paysandu - Jorge Luiz/Paysandu
Nicolas é jogador do Paysandu, em Belém (PA)
Imagem: Jorge Luiz/Paysandu

No coração da Amazônia, umidade minimiza os efeitos das queimadas

Amazônia queimando a níveis recordes, Manaus e Belém são tidas como principais "capitais amazônicas"... A lógica aponta para caos com fogo e fumaça nas principais cidades dos estados de Amazonas e Pará, certo? Errado. E a explicação está na umidade, que falta, por exemplo, em Cuiabá.

Manaus é banhada pelo rio Amazonas; Belém, pela baía de Marajó. Ambas são cercadas também pela densa floresta amazônica, que absorve o grande volume de água do solo e transpira emitindo boa parte dele para a atmosfera num fenômeno conhecido como evapotranspiração. A combinação disso tudo é um ar constantemente úmido que, portanto, dificilmente concentra as tais partículas que tanto incomodam o pessoal do Cuiabá.

"Aqui em Manaus [as queimadas] não afetaram muito. Eu me adaptei muito bem ao clima, estava treinando normal. A temperatura é bastante elevada, mas o ar é úmido", explica o zagueiro Thiago, do Manaus FC, vice-campeão da Série D mês passado. Ele é natural de Rolândia, no Paraná, e está na equipe amazonense desde o início da temporada, onde ficará pelo menos até o fim de 2020 para disputar a terceira divisão nacional.

Outro efeito das queimadas é sentido no "coração da Amazônia". Quando o climatologista Rodrigo Marques explica mais acima sobre o processo de inversão térmica, cita o ar seco como um problema na retenção de calor. Pois a atmosfera altamente úmida das regiões que cercam Manaus e Belém tem efeito contrário: retém o calor emitido pelas dezenas de milhares de focos de incêndios e transforma as cidades em espécie de sauna.

"Nós estamos sempre expostos ao calor e percebemos esse aumento de temperatura [decorrente das queimadas]. É visível. É tentar dar o máximo de atenção para esse tipo de situação, pois é um problema muito grave que infelizmente acontece muito aqui no Norte", argumenta o meia Nicolas, do tradicional Paysandu, da Série C. O atleta nasceu em Alegria, no Rio Grande do Sul.

No Amazonas, 85% das queimadas estão concentrada atualmente no sul do estado, justamente onde atua nos últimos dias uma força-tarefa em parceria do governo estadual com o Exército Brasileiro para fiscalizar e combater queimadas e desmatamento ilegal que historicamente registram picos justamente em semanas de feriado - em decorrência de folgas que autoridades locais recebem pela data comemorativa.

Já em relação ao Pará, cabe destacar o "Dia do Fogo", que ganhou manchetes Brasil e mundo afora. No último dia 10 de agosto, fazendeiros e produtores rurais teriam incendiado diversos pontos do estado num movimento conjunto, afetando inclusive áreas de demarcação indígenas. Essa suspeita está sendo investigada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF). A partir da segunda quinzena de agosto, Pará ultrapassou Mato Grosso e se tornou o estado com mais focos de queimadas do país em 2019.

"E não é de hoje. Essa questão das queimadas, principalmente no Norte, vem de longa data. E agora que o número de queimadas tem aumentado consideravelmente, temos de dar uma atenção mais especial porque é algo preocupante", alerta o gaúcho Nicolas, do Paysandu.

Busca por informações e apelo às autoridades

A atenção cobrada pelo meia do Paysandu se faz presente. Nas últimas semanas, noticiários locais e nacionais têm dado destaque aos números recordes de focos de incêndios registrados na Amazônia. Aumentou em 70% o total de focos de queimada na região e é o maior número desde 2013.

"Isso tudo preocupa muito. Em Cuiabá parece que está cada dia pior. Nasci aqui, sempre morei aqui e tem dias que parece que não vou suportar. Imagina um jogador de futebol", relata a torcedora Taisa, que escreve para um blog de futebol nacional e recebe cada vez um número maior questionamentos de leitores de outros lugares do país. "Falo algumas coisas sobre as queimadas, compartilho. Em Chapada dos Guimarães, por exemplo, está tendo muita queimada. Eu sempre falo sobre. E eles comentam, perguntam o que está acontecendo aqui. Tento conscientizar eles", conta a cuiabana cuiabanista - alcunha dada a quem torce para o Cuiabá.

E se engana quem pensa que somente os cuiabanos (sejam eles cuiabanistas ou não) estão atentos à questão ambiental. Contrariando o estereótipo de que jogadores de futebol da atualidade pouco falam publicamente sobre questões extracampo, tanto o zagueiro baiano Ednei, quanto o goleiro paulista Victor mostram-se não apenas atentos ao noticiário como também críticos àqueles que promovem incêndios criminosos. Sobrou até apelo para o governo federal.

"Preocupa, sim. É um assunto que tem de preocupar todo mundo. A Amazônia é nossa maior riqueza natural, muitos bichos morrendo. Temos de ter esse sentimento de tristeza. E até fazer um apelo para que o governo tome as medidas para que possa acabar o mais rápido possível com essas queimadas. Prejudica o país, repercute no cenário mundial. É uma coisa bastante grave e que precisa ser cuidada com muito carinho e atenção", diz Ednei.

"Pela televisão e internet a gente fica vendo, olhando as notícias. É ruim. Muito ruim para a mata, porque vai subir ainda mais a temperatura no Brasil, os animais sofrem muito com isso também. A gente fica triste porque tem pessoas que colocam fogo, usam isso para fazer alguma maldade", acrescenta Victor.

A Polícia Federal, desde a semana passada, mobiliza todas as superintendências e delegacias localizadas na Amazônia Legal para investigar ações criminosas na esfera ambiental na floresta amazônica. Fazem parte da região todos os estados do Norte e ainda Mato Grosso e Maranhão. Trata-se de uma operação conjunta com as Forças Armadas, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e a Força Nacional.

E haja torcida. Em Cuiabá, sem previsão de chuvas para as próximas semanas, o climatologista Rodrigo Marques alerta para a possibilidade de a umidade do ar somente voltar a subir em novembro. E assim como a torcedora Taisa, o professor da UFMT cita a cidade de Chapada dos Guimarães como maior preocupação atual no cenário ambiental da região - o município fica a apenas 60 km de distância da capital do estado.

"Estão tendo incêndios no Parque Nacional de Chapada e está terrível a situação aqui. Algo parecido, que eu tenha memória, foi só em 2007, quando teve um incêndio gigantesco no parque e Cuiabá ficou uma nuvem de fumaça. Quem paga sobretudo é a população mais pobre, que faz mais esforço, assim como o atleta de alto rendimento. Mas os atletas ainda têm um organismo mais preparado para situações extremas", pondera o especialista, antes de fazer uma simples, mas importante consideração.

"Antes mesmo de pensar em questões como o próprio aquecimento global, as pessoas talvez consigam entender melhor a gravidade das queimadas pensando nessa questão de respirar. É mais fácil entender isso do que imaginar o CO², uma coisa que a pessoa não enxerga. Cara, não pode queimar porque se você respirar fumaça, você morre!"