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Aloísio elogia reforços dos chineses e diz que Dunga deve olhar para o país

Aloisio comemora na Liga Asiática, pelo Shandong Luneng FC - Masashi Hara/Getty Images
Aloisio comemora na Liga Asiática, pelo Shandong Luneng FC Imagem: Masashi Hara/Getty Images

02/03/2016 08h00

Nesta sexta-feira, a Superliga Chinesa 2016 terá início cheia de expectativas. Isso porque alguns clubes do país gastaram rios de dinheiro e contrataram jogadores do porte de Jackson Martínez, Alex Teixeira, Renato Augusto, Ramires, Gil, Guarín e Gervinho. O campeonato promete ser o mais disputado dos últimos anos.

No meio de tantos craques está o brasileiro Aloísio. O ex-jogador do São Paulo, que atua no Shandong Luneng, está em seu terceiro ano na China. Na temporada passada, o Boi Bandido foi o artilheiro do campeonato nacional, com 22 gols.

Apesar de ficar no topo dos goleadores, Aloísio jogou praticamente toda a competição com uma lesão no joelho, contraída nas primeiras rodadas. Mas o atacante conseguiu suportar as dores com muita fisioterapia e seguiu até o fim, quando operou. Agora, já recuperado, o Boi Bandido deve ser uma das novidades do Shandong Luneng contra o Jiangsu Suning, fora de casa.

Você se machucou no início da temporada e, mesmo assim, jogou todos os jogos com dor, até ser operado quando o campeonato acabou. Como foi a lesão?

Foi pelo quarto ou quinto jogo. Eu estava com uma dor muito forte no joelho e fiz uma ressonância, que acusou uma lesão no menisco. Como estava no início do campeonato, começando a fazer gols, perguntei se tinha como continuar com essa lesão, jogando e treinando. Decidi esperar até o fim do ano. Durante o campeonato, recebi uma outra pancada no joelho e o menisco voltou a doer. Mas passei a ter uma outra lesão no local. Mas fui levando, fazendo fisioterapia... Consegui levar até o fim do ano e consegui operar no Brasil.

Em 2015, foi o seu grande ano. Terminou a temporada como artilheiro do Campeonato Chinês, marcando 22 gols, mesmo com grandes nomes do futebol brasileiro e até mundial no torneio.

Eu fiquei bem feliz, até porque tive essa lesão, e isso dificultou muito. Passei alguns problemas por causa dessa lesão. Fiquei muito feliz, pois o campeonato tinha grandes jogadores, como o Elkeson, Ricardo Goulart, Barcos. Isso me deixa contente, pois fomos até o final brigando. Um fazia gol, o outro fazia também. Fomos nessa competição sadia até o fim, mas graças a Deus tive a oportunidade de ser o artilheiro.

Mesmo em seu primeiro ano, na temporada de 2014, marcou muitos gols. O futebol na China está em um nível ainda abaixo do Brasil?

Quando eu vim para cá, não tinha noção nenhuma do que era a China. No primeiro ano, com o Cuca, como era um treinador brasileiro, eles começaram a aprender um pouco mais. Falo pelo nosso time e do Guangzhou Evergrande, que é um dos que mais cede jogadores chineses para a seleção. Temos jogadores aqui mais técnicos que os próprios brasileiros. E eles vão evoluir bastante. Com o Mano mais ainda, pois é um baita treinador. Tem o Felipão no Guangzhou, o Luxemburgo que está no Tianjin, da Segunda Divisão.

Os times chineses vêm olhando para o futebol brasileiro com bastante atenção. Diversos jogadores, que foram destaques do Brasileirão, como Jadson, Renato Augusto, foram para a China. Por que essa debandada?

Primeiro de tudo é que eles acham que o futebol brasileiro é o melhor do mundo. Sempre ficam de olho e têm poderio econômico para investir. Eles sabem da qualidade do jogador e dos técnicos brasileiros. Agora, estão contratando também atletas vindo da Europa, como o Jackson Martínez e o Gervinho. Desta forma, os clubes brasileiros não têm como igualar as propostas. Assim, dificilmente recusarão uma oferta do futebol chinês, principalmente pelo poder econômico que eles têm. E quando chegamos aqui, não é só a questão financeira. Além de pagar em dia, o Shandong tem uma estrutura fantástica, algo que nunca tinha visto em nenhum time. E temos a segurança de receber em dia e trabalhar bem, o que nos ajuda bastante.

Os times da China já estão tirando atletas de grandes clubes europeus, como Atlético de Madrid, Chelsea, PSG, Roma...

Eles estão de olho em tudo e em praticamente todos. Eles observam jogadores que se destacam em algum clube como o Atlético de Madrid, no caso do Jackson Martínez, no Chelsea, com o Ramires... Eles estão investindo pesado para que o futebol cresça cada vez mais e estão no caminho certo. Estão trazendo grandes jogadores para cá e espero que em um futuro bem próximo eles cheguem no que eles esperam com tanto investimento.

O que tem atraído os jogadores para o futebol chinês? É só a questão financeira?

Quando fui assinar contrato, vi um DVD com a estrutura do clube aqui na China. Não podia sair do Brasil no escuro, sem conhecer nada. Pensei em tudo, onde morar, onde treinar...Naquele momento, vi que a China não era o que eu e muitos outros brasileiros pensávamos. Agora, tenho uma ideia completamente diferente da que eu tinha. De cultura, de estrutura, de país. Claro, que o contrato era excelente, que mudaria minha vida. Mas depois que vi a estrutura do clube, que me proporcionaria algo bom para trabalhar, não teve como não aceitar a proposta.

Como você analisa essa chegada de tantos jogadores? Acredita que o técnico Dunga verá o Campeonato Chinês com outros olhos agora?

Creio que sim, até porque são grandes jogadores, como o Gil, Tardelli, Goulart, Jucilei, Ramires, Paulinho...O Dunga vai olhar e continuar dando oportunidades para os brasileiros, que jogam muito bem aqui e vão ajudar e muito a Seleção.

O Diego Tardelli era titular da Seleção Brasileira e passou a não ser mais convocado. O que ele falou sobre isso?

O Tardelli estava indo para a Seleção no começo da passagem dele por aqui, logo que saiu do Atlético. MAs ele teve uma lesão séria no joelho, que o prejudicou um pouco nesse aspecto da Seleção Brasileira. A lesão dele foi um pouco antes da Copa América e logo depois o Firmino começou a fazer muitos gols. Se não tivesse a lesão no começo da temporada passada, ele continuaria indo para Seleção pelo grande atacante que ele é.

O Gil foi contratado pelo Shandong Luneng, que tem três brasileiros (mais o Jucilei, extracomunitário), além do Montillo. Mas na Liga dos Campeões só podem ser três inscritos. Quem ficará fora?

Fiquei fora dessa vez, até por conta da lesão, mas quem tem que decidir isso é o Mano Menezes. Estou trabalhando, o Mano é uma pessoa bem honesta. Quem estiver bem para ajudar a equipe, tenho certeza que ele vai colocar. Fica a critério dele. Vamos apenas trabalhar e fazer o que ele pede. Espero quando voltar estar com o grupo nessa lista.

No Shandong Luneng, teve a companhia de persos brasileiros, inclusive o técnico Cuca. Como a presença de mais atletas do Brasil facilitou na adaptação?

Em todo lugar novo, no começo é bastante complicado. E aqui na China não foi diferente. É uma cultura completamente distinta, no começo achei um pouco estranha. Mas depois desses anos aqui, estou gostando demais. Do clube, da cidade, dos chineses, do povo que me trata muito bem, que me ajuda muito. No início foi complicado, mas as coisas melhoraram muito. O Vágner Love foi um dos que mais me ajudou aqui na China, ele e a família dele. Ele me levava nos lugares, até referentes a nossa cultura. Na adaptação, ele foi essencial, pois já estava há seis meses aqui e me ajudou bastante. Agora, temos bastante brasileiros aqui, tem o Montillo, que é meu vizinho e eu o considero um brasileiro também, fala bem o português.

O que esperar do trabalho com o Mano Menezes?

Já trabalhei com o Mano. Ele que me promoveu para os profissionais no Grêmio quando eu tinha 17 anos. Sei da qualidade dele como técnico, da pessoa que ele é. Acredito que vai ser tranquilo trabalhar com ele, pois além de um grande treinador, é uma grande pessoa também.