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Thiago Pereira: 'A medalha de prata em Londres me deixou umas duas toneladas mais leve'

16/04/2016 08h00

Neste sábado, quando fará sua estreia no Troféu Maria Lenk de natação, na prova dos 200m livre, Thiago Pereira estará iniciando a reta de chegada da preparação de sua quarta Olimpíada, sem dúvida a mais tranquila de todas. E boa parte deve-se ao feito histórico de quatro anos atrás, quando houve a grande guinada em sua carreira, após ganhar a medalha de prata nos 400 m medley, nos Jogos de Londres 2012, deixando para trás até o americano Michael Phelps, simplesmente o maior nadador de todos os tempos.

Desde então, o nadador de Volta Redonda (RJ) vem colecionando resultados expressivos, como três medalhas em Mundiais (prata nos 200m medley em 2015 e duas de bronze, nos 200 e 400m medley, em 2013), além de ter se tornado o maior vencedor em Jogos Pan-Americanos, com 23 pódios. O brasileiro chegará para a Rio-2016 tão confiante que abriu mão de disputar os 400 medley, preferindo dedicar-se somente aos 200m medley.

Nesta semana, durante evento da Gillette, um de seus patrocinadores, realizado no NAR - Núcleo de Alto Rendimento, Thiago Pereira conversou com o LANCE! sobre a reta final de sua preparação.

Qual sua expectativa para o Maria Lenk e por que abriu mão dos 400m medley?

Thiago Pereira: É a melhor possível, será a última seletiva para a Olimpíada, um momento tão importante para o nosso país, e principalmente para nós atletas. Estou ansioso para ver essa piscina, ter a primeira sensação e ver o Parque Aquático. A questão dos 400 medley, que é a prova mais difícil da natação, é que exige demais de sua resistência e recuperação no dia a dia. Acabei deixando o foco total agora nos 200 medley, prova que me deu a primeira vaga olímpica, para Atenas-2004.

Acha que pode pintar um índice para você em alguma outra prova ou revezamento?

Estou inscrito em algumas outras provas também, como os 100 borboleta, coloquei até umas provas no livre, mas acabei ficando em observação, pois a última vez que tinha nadado foi em dezembro de 2014. Existe uma regra da Fina segundo a qual os tempos são válidos apenas por um ano, então tenho que nadá-la sob observação. Mas não farei tantos planos assim, vamos ver o que rola.

O fato de as finais da natação na Olimpíada serem disputadas a partir das 22h traz algum tipo de preocupação para você? Isso mudou alguma coisa em sua preparação?

É lógico que se a gente for olhar o aspecto médico e físico, o horário não é o mais adequado. Será a primeira Olimpíada em que teremos finais começando às 22h. Mas vai estar igual para todo mundo. Será a mesma dificuldade para todos os nadadores que estiverem na final.

Você já está fazendo algum treinamento específico neste horário das finais?

Por enquanto ainda não. Não sei se a gente vai acabar encaixando alguma coisa nestes últimos 100 dias de preparação. Estou esperando passar a seletiva, quando poderemos saber exatamente qual nossa programação até os Jogos, o que teremos de treinamento, onde faremos a nossa aclimatação, quando entraremos na Vila, ou seja, todas as definições teremos após acabar a seletiva.

A pressão de competir em casa será positiva ou negativa?

?

Aí eu acho que vai depender de cada atleta. É lógico que será uma pressão um pouco maior, mas eu pessoalmente me sinto muito mais tranquilo do que estava em Londres. O fato de ter conquistado a medalha olímpica, que era meu grande sonho, só me faz querer mais. Mas eu tenho consciência de que haveria uma pressão muito maior sobre mim se esta medalha não tivesse vindo em 2012. Não pela pressão externa ou de qualquer pessoa que seja, mas haveria uma pressão dentro de mim mesmo, o que seria normal..

O que mudou para você após ter conquistado a medalha de prata em Londres?

Fiquei umas duas toneladas mais leve (risos). Mais leve dentro de mim, sem ter mais aquele cobrança para conquistar aquele sonho de criança. Lembro até hoje da hora em que bati naquela borda, não olhei o tempo, fui direto na parte do lado, onde mostra a colocação. Foi um momento único, que ficará para sempre. Entrei naquele pódio olhando para todos os detalhes, tentando absorver ao máximo aquele momento. Porque aquela premiação tem a sensação de ser curta demais. Depois a volta olímpica pela piscina, eu ia olhando em volta, tentando gravar ao máximo aqueles cenas. É uma coisa que ninguém tira de você.