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Ameaça por telefone e duelo contra Fortaleza foram decisivos para a saída de Wallace do Flamengo

25/05/2016 21h45

Após sua saída do Flamengo, onde estava desde 2013, Wallace contou em matéria do ESPN.com.br os motivos que foram cruciais para o seu desligamento do rubro-negro carioca. Zagueiro herdou a braçadeira de capitão do clube com a saída de Léo Moura e foi contratado pelo Grêmio por R$ 3,2 milhões. Jogador contou ao Blog que chegaram a ameaçar o seu filho por telefone.

Confira a entrevista de Wallace para o Blog de Gabriela Moreira

Quando foi que você percebeu que não dava mais para continuar no Flamengo?

Na verdade, foi a cada jogo. Os torcedores já estavam insatisfeitos com minha presença com a camisa do Flamengo há um tempo. Mas em Fortaleza foi o fim de tudo. Passei os 90 minutos sendo vaiado, aí percebi que não dava mais. Minha família já vinha sendo ameaçada em redes sociais. Quando chegou o momento em que ameaçaram o meu filho por telefone, achei que era o limite.

O episódio da bandeira no jogo em Manaus e as pessoas terem te criticado pela ação contribuiu?

A ideia não foi minha, mas caiu para mim. Muitos insinuaram isso. Foi mais um momento em que me pegaram como referência. Tudo de ruim que acontecia no Flamengo passou a ser culpa minha. E jogador não joga só pelo financeiro, joga para ser bem quisto. Eu não estava sendo bem quisto. Foi quando tomei a decisão de sair e foi muito pensada. Suportei até onde pude.

Como foi exatamente sua saída do time, sua saída da concentração em Volta Redonda?

Chegaram a insinuar que eu abandonei a concentração. Não foi isso o que aconteceu. Eu procurei o Muricy para falar com ele que não estava bem. Por todos esses motivos que te falei, minha família ameaçada, sem condições de jogar. Pedi para ele me deixar fora do jogo. Achei que eu fosse para o banco, foi nesse sentido a conversa. Ele me disse "vou te tirar desse jogo, então". Mas o Rodrigo Caetano disse que era para voltar para o Rio.

Com qual sentimento você se despediu do clube?

Foi com saudade... dos meus amigos que fiz lá, o Clebinho da rouparia, o Marcinho do "Staff", o Paulo Vitor, o Márcio Araújo, o William Arão, o Alan Patrick, de quem me aproximei mais nos últimos tempos. Fico triste por ter saído dessa forma. Não queria sair do clube, mas acho que foi necessário. Quando uma das partes perde o respeito, não tem como continuar. Infelizmente, tem alguns casamentos que chegam ao fim.

Quando essa crise no futebol do Flamengo começou, na sua opinião?

Não sei te precisar o momento, mas o torcedor criou grande expectativa de vitórias porque o time é forte. E o torcedor não viu as vitórias acontecerem. O torcedor do Flamengo não está acostumado a perder. Haja vista que o maior período sem títulos do clube foi de dez anos.

O que se fala no clube hoje é que o departamento precisa de alguém com a função de gerente, uma espécie de Recursos Humanos do futebol, para atuar no dia-a-dia com os jogadores. Você concorda?

Gerente? Não acho que este seja o problema. Poderíamos achar inúmeros motivos, mas o que vai melhorar o clima é os jogadores recuperarem a confiança e só vencendo é que isso acontece.

Agora no Grêmio, encara a sua ida para o clube como um recomeço?

Não é recomeço, não. São novos planos, novos objetivos. A expectativa é a melhor possível. Mas sei que vou chegar tendo de conquistar meu espaço. Sei que as coisas irão dar certo.

Como você imagina jogar? Consegue um lugar ao lado do Geromel?

Ah, o Geromel é um dos melhores do Brasil, daqui a pouco estará na seleção. Mas tem o Fred também que joga muito bem. Sei que tô correndo por trás. A defesa do Grêmio está muito bem.