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Coadjuvante, Sandro resume título do Palmeiras-96: 'Foi como um filme'

02/06/2016 09h30

Todo filme, seja ele uma comédia, um drama ou um tema épico, tem em seu elenco os artistas principais, os coadjuvantes e os figurantes. Não seria diferente no roteiro escrito pelo elenco palmeirense no Campeonato Paulista de 1996. Ataque dos 102 gols, jogadores de Seleção e muito glamour, mas o que poderia ter sido um longa, acabou como um curta metragem.

- Foi como um filme - disse Sandro Blum, zagueiro titular de um esquadrão quase imbatível comandado por Vanderlei Luxemburgo.

Sandro era, talvez, o jogador menos conhecido daquele grupo. Vindo do Juventude, clube com o qual o Palmeiras tinha uma parceria por conta da patrocinadora, a Parmalat, ganhou uma vaga na equipe durante os treinos de pré-temporada e não saiu mais.

- Eu estava chegando do Juventude, era um dos poucos que não era selecionável, praticamente todos ali eram de Seleção. Cheguei para fazer parte do grupo e com o treinamento fui ganhando meu espaço lá dentro. Acabei virando titular - recorda.

Ter ou não o mesmo protagonismo dos demais artistas do elenco nunca foi problema. Pelo contrário. A passagem pelo Verdão,justamente naquele momento é motivo de orgulho e satisfação para o ex-atleta.

- Claro que tinham uns que ganhavam menos, um 'Sandro da vida', que estava de coadjuvante. As pessoas comentam "Ah, mas você"... Cara, eu estava junto! Não quero nem saber se eu era de Seleção ou se eu não era, sei que na história vai estar lá, meu nome está lá - afirmou.

As recordações de um grupo estrelado e tão premiado quanto aquele não são poucas. Com toda a certeza os feitos realizados ali estão na calçada da fama do clube, pavimentada por uma história que não se apaga.

- Foi um título fantástico, um momento de alegria muito grande e o mais importante é que 20 anos depois todo mundo lembra daquele título, para nós é um privilégio, tudo o que a gente ganha financeiramente se vai, se gasta, se investe, faz outra coisa, mas a memória é fantástica, permanece - refletiu um empolgado Sandro, que completou:

- O que mais vale a pena é isso, as pessoas lembrarem, falarem, passar para os jovens que aquilo aconteceu, uma coisa distante, como se eu estivesse falando de Pelé, muita gente não viu, mas todo mundo comenta, isso é o mais interessante, uma coisa positiva que você fez na vida e vai ficar na memória para sempre.

Perto de completar 46 anos, o ex-zagueiro trabalha com a formação de jovens jogadores em Farroupilha, Rio Grande do Sul, seu estado natal. Muitos de seus pupilos não viram aquele Palmeiras em cartaz, mas contam com um vasto catálogo de cenas espalhadas pela internet, as quais são recomendadas durante os ensinamentos do professor.

- Eu digo pra eles "Vai na internet que tu vai ver. Tem dois gols meus lá" - brincou.

Após atuar pelo Palmeiras, Sandro figurou em outros clubes como Atlético-MG, Sport, Santa Cruz e Paraná, mas o papel que ganhou naquele título de 1996 foi, sem dúvidas, o melhor de sua carreira e só não se tornou mais brilhante, pois a mais moderna sala de cinema palmeirense ainda não existia.

- Não tenha dúvida que foi melhor time que joguei, a gente entrava para o jogo e sabia que ia ganhar, só pensava em quanto seria. Era uma época diferente, fazíamos muitos gols e tomávamos poucos. Fazer parte daquilo foi fantástico, pena que não era no Allianz Parque - finalizou.