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Dois anos sem Fernandão: 'Sem dúvida, o maior da história do Inter'

07/06/2016 20h39

Há dois anos, o Internacional se despedia do ícone das maiores conquistas de sua história. No dia 7 de junho de 2014, Fernando Lúcio da Costa, o Fernandão, faleceu aos 36 anos em um acidente de helicóptero nos arredores de Aruanã (GO), deixando milhares de colorados - e apaixonados por futebol - de luto.

A importância do craque pôde ser vista logo nas primeiras horas da manhã daquele dia trágico, em que centenas de colorados rumaram ao Beira-Rio para prestar suas últimas homenagens ao jogador. Flores, mensagens, bandeiras, fotos e camisas foram deixadas nos arredores do estádio, em uma espécie de memorial improvisado ao capitão da Libertadores e do Mundial de 2006.

Formado nas categorias de base do Goiás, Fernandão passou alguns anos no futebol francês até fechar com o Inter, em 2004. O atacante mostrou, desde o início, que estava "predestinado" a ter sucesso no clube gaúcho. Em sua estreia, no dia 10 de julho de 2004, foi acionado por Joel Santana no Gre-Nal 360. Além de sofrer a falta que originou o gol número 999, entrou para a história ao marcar o milésimo gol da história do clássico.

- É a história da predestinação. No Inter, sempre que um jogador estreia e faz gol, acaba tendo uma sequência exitosa. Nós depositávamos grande esperança no Fernandão, mas não imaginávamos que começaria tão com o pé direito assim - lembrou o ex-presidente Fernando Carvalho, ao LANCE!.

O feito foi apenas uma mostra do que viria pela frente. O camisa 9 ajudou o clube a seguir sua "senda de vitórias", como diz o hino. Depois da frustração do vice no polêmico Campeonato Brasileiro de 2005, tornou-se um dos líderes do elenco que conquistou a Libertadores e o Mundial no ano seguinte. Ele foi o responsável por erguer as taças mais importantes da história colorada. Também foi bicampeão gaúcho, em 2005 e 2008. Com ele, o time ainda conquistou a Recopa Sul-Americana em 2007, fechando a Tríplice Coroa, que rendeu a alcunha de "Campeão de Tudo".

- Fernandão é nada menos que um ídolo eterno. A trajetória dele e a história que ele construiu falam por si só. Um cara com uma identificação incrível com um clube e sua torcida, que fazia tudo pelo bem de todos que ali estavam. O futebol precisa de mais gente como ele - afirmou Rafael Sóbis, que atuou ao lado do camisa 9 nas conquistas de 2006, ao L!.

Em 2008, Fernandão decidiu que era hora de mudar de ares. Assinou com o Al-Gharafa, do Catar, mas não se adaptou ao Oriente Médio e voltou ao Brasil no ano seguinte. Estudou o retorno ao Inter, mas um mal-entendido com a diretoria levou o craque de volta ao Goiás, que o formara. Ele ainda defendeu o São Paulo em 2010 - ano em que a equipe perdeu a final da Libertadores para o Colorado. Decidiu que era hora de deixar os gramados em 2011.

Após pendurar as chuteiras, o atacante arriscou-se como dirigente e depois treinador do clube gaúcho, mas não repetiu o sucesso dos tempos de atleta. A decepção, contudo, esteve longe de manchar a imagem do ídolo no Beira-Rio.

- Ídolo é ídolo. Não tem torcida chateada com ídolo. Se chateia com dirigente. Fernandão, como ídolo, está em outro plano. Não é terrestre. Esquece o passado, o presente e o futuro. Ele ultrapassa o nosso conhecimento, nossa vã filosofia - resumiu Vitorio Piffero, atual presidente colorado.

Às vésperas do acidente, Fernandão se preparava para dar início à carreira de comentarista esportivo na cobertura dos jogos da Copa do Mundo-2014. Nos últimos dois anos, o jogador recebeu diversas homenagens.

Foi criado o Memorial Fernandão Eterno - que fica na parte interna do Beira-Rio e reúne itens do memorial espontâneo criado pelos torcedores no dia de sua morte. Ele foi homenageado em diversas partidas, que contaram com a presença da viúva Fernanda e dos filhos Eloá e Enzo. Foi tema do samba-enredo de uma escola de samba no Carnaval de Porto Alegre em 2015 e ganhou uma rua com seu nome nos arredores do estádio.

Mas a principal homenagem foi a criação de uma estátua de cobre que representa o momento em que ergueu a taça do Mundial em Yokohama, no Japão, há dez anos. O monumento, que levou quatro meses para ficar pronto, tem 2,50m de altura e pesa 241 kg, desde a base até o final do troféu. A inauguração ocorreu no pátio do estádio e reuniu milhares de torcedores.

- Ele liderava e fazia gols decisivos em jogos importantes e contra adversários importantes. Acabou se integrando completamente na comunidade colorada por causa de seu temperamento, postura e liderança. Conquistou o grupo de trabalho e foi fundamental para que o clube atingisse todos aqueles títulos e objetivos que havia traçado. Certamente, se o acidente não tivesse acontecido, ele acabaria voltando para o Inter de alguma forma - afirmou Carvalho.

O Internacional teve grandes ídolos ao longo de seus 107 anos, como Falcão, Carpegiani, Figueroa, Bodinho e Valdomiro. No entanto, Fernando Lúcio da Costa foi o único agraciado com uma estátua. Ele ajudou a colocar o Inter no cenário mundial. "Pintou a América e o mundo de vermelho".

- Talvez Fernandão não tenha sido o melhor, mas sem dúvida foi o maior da história do Inter - sentenciou o ex-presidente, resumindo o sentimento da nação colorada que hoje lamenta os dois anos sem o eterno capitão.