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Andrezinho declara seu amor ao Vasco: 'Paixão fulminante'

Andrezinho vive "lua de mel" com a torcida do Vasco: "A felicidade é total" - Carlos Gregório Jr/Vasco.com.br
Andrezinho vive 'lua de mel' com a torcida do Vasco: 'A felicidade é total' Imagem: Carlos Gregório Jr/Vasco.com.br

27/07/2016 08h05

Andrezinho e Vasco foi paixão à primeira vista. Afinal de contas, o meia, que está no clube há pouco mais de um ano, viveu um turbilhão de emoções até aqui. E a lua de mel entre as partes, que tem a torcida vascaína como testemunha, não para de crescer.

Em entrevista ao L! após o treino de ontem, Andrezinho, sentado nas arquibancadas de São Januário, fez um balanço de sua trajetória até aqui. Ele, que faz 33 anos sábado, no dia do duelo contra Criciúma, pediu de presente para o torcedor o Caldeirão lotado.

Você chegou ao Vasco há pouco mais de um ano. O que mudou no Andrezinho desde então?

Cheguei em um momento complicado do time, que estava na lanterna do Brasileiro. Mas o respeito e o carinho pelo Vasco só aumentam. Costumo dizer que aqui no Vasco foi aquele amor fulminante, daqueles que estou vivendo intensamente. O carinho que recebo da torcida, da comissão técnica e da própria torcida é algo surreal. A felicidade é total.

A tua chegada aconteceu em um período complicado. Hoje com mais calma você consegue explicar o que aconteceu naquele primeiro turno ruim de Brasileiro? Até que ponto o jogo do Inter (goleada por 6 a 0) foi o divisor de águas para mudar aquele panorama?

É difícil falar o que acontecia, até mesmo porque cheguei no meio do processo. E não entendia muito bem, como aquele elenco poderia estar naquela situação. O jogo do Inter foi sim um divisor de águas, pois a gente não tinha confiança. Todo mundo estava triste por aquele vexame, foi a primeira vez que perdi daquela maneira, e acredito que muitos ali também. E o Jorginho falou uma coisa que marcou todo mundo. Ele disse que a partir daquele momento cada jogador ia mudar sua história dentro do clube. Acreditamos nele, abraçamos a causa e iniciamos uma grande recuperação.

Creio que isso também foi fundamental para a solidificação do elenco...

É uma felicidade grande poder estar no teu cotidiano ao lado de um elenco como esse. Não temos nenhuma vaidade. O maior protagonista do nosso elenco é a união. A comissão técnica tem uma parcela grande nisso, sobretudo o Jorginho. O ponto dessa união você percebe justamente naquela pessoa que fica ao seu lado na adversidade. E ano passado o grupo se fechou muito naquele momento ruim do Brasileiro. Vivemos aquilo muito intensamente e acreditamos até o fim na permanência. E nos fechamos como grupo. O Riascos quando era vaiado, a gente sofria a dor dele. Na alegria a mesma coisa. Conversamos depois do treino, no Caprres.

O trabalho do Jorginho te surpreendeu?

Nunca tinha trabalhado com ele antes, mas procuramos buscar informações, até porque o mundo do futebol é pequeno. Todo mundo falou que era um cara correto, fantástico e ele chegou quando eu voltando de lesão. O primeiro contato foi muito positivo, até pelo momento, e fez toda a diferença. Ele detectou os problemas que precisavam ser resolvidos e começou a resgatar a confiança de cada um. E ainda tem o Zinho, que é muito mais que um auxiliar, é nosso outro treinador (risos). Eles se completam.

Mesmo com a queda para a Série B, o Vasco iniciou ainda em 2015 uma série invicta. Em que momento tiveram noção do feito que estavam realizando? Foi difícil administrar a pressão, sobretudo por poder ser derrotado em clássico ou mesmo na final do Carioca?

Foi difícil administrar esse período. Vivemos desde o ano passado um período de alta intensidade. E até fizemos o lema jogo a jogo, sobretudo pelo fato da gente não poder errar na tentativa de livrar o rebaixamento. O jogo mais importante era o próximo. Foi assim que começou. A marca a gente começou a ter mais ideia depois, quando já tinha passado dos 20 jogos de invencibilidade. Foi ai que levantaram números e mostraram que poderíamos fazer história. E quem não quer realizar isso em um grande clube como o Vasco? A pressão iria existir, uma vez que todo mundo que vinha jogar contra a gente queria ganhar e aparecer. Conseguimos uma marca difícil. Ficamos felizes de não ter perdido a sequência em um jogo importante ou mesmo do título estadual, ainda mais da forma como aconteceu.

Aliás os clássicos merecem um capítulo a parte nessa história. Você acredita que essa sequência positiva contra Flamengo, Fluminense e Botafogo faz com que eles entrem mais pressionados, e isso tenha favorecido o Vasco?

Os clássicos precisam dar mais que 100%, ainda mais pela invencibilidade. E todo grande jogador gosta de ir bem nesse tipo de situação. Até porque é contra os rivais que você vê quem é quem. Vale os mesmos três pontos para os dois times, mas é uma atmosfera totalmente diferente. Muda tudo, a imprensa, o torcedor na rua e dentro do clube. Por a gente ter pensado jogo a jogo e engatado uma sequência sem perder, sobretudo contra os rivais, a pressão é alta do outro lado. A parte psicológica conta muito. Nosso grupo é experiente e administra bem isso. E o Vasco demonstrou saber jogar e jogadores que aparecem nessas horas.

Seu primeiro gol pelo Vasco, inclusive, foi em um clássico. Justamente contra o Fluminense, no meio da polêmica do lado da torcida no Maracanã, e do próprio Ronaldinho, que fechou com o Tricolor. Por ter marcado um gol, o Eurico te pagou um bicho a mais? Como é ele no trato com os jogadores?

Poxa você me deu uma boa ideia, eu poderia ter ganho (risos). Mas o presidente, e falei isso desde a minha chegada, foi uma surpresa grata. Até porque quando se fala de Eurico Miranda é um ícone, um cara do futebol. Não conhecia pessoalmente, só ouvia histórias. Quando tive a oportunidade vi que é um cara fantástico. Com ele não precisa de papel assinado, basta um aperto de mão. É um cara que defende com unhas e dentes o grupo e o funcionário. Ali (declaração dada por Eurico que Ronaldinho teria o prazer de jogar com Andrezinho se fosse para o Vasco, não o contrário) foi uma maneira não só de me proteger com qualquer tipo de comparação, mas exaltar as minhas qualidades. Foi o destino fazer o gol contra o Fluminense no dia da apresentação dele. Virei para o Eurico e disse: 'Não falei que eu estava certo, que eu não erro!?' (risos).

Outro episódio que marcou sua passagem pelo Vasco até aqui foi o áudio que vazou, após uma vitória sobre o Flamengo, onde você diz a um amigo seu que o Willian Arão não podia tomar sopa com garfo pela caneta que você aplicou. Pegando esse caso como exemplo, até mesmo pela repercussão, mostra que o futebol está politicamente correto demais?

O futebol é um espetáculo. O torcedor vem ao estádio para ver grandes jogos. Eu entendo muito o torcedor xingar ou vaiar, até porque já estive do outro lado. Gostava muito de ver as entrevistas do Viola, do Romário, do Edmundo, Vampeta, um dos melhores nesse quesito (risos). Falta alegria. Às vezes o cara vai dar entrevista e procura não falar de certas coisas, porque hoje em dia o pode interpretar uma frase de outra forma, a tecnologia faz com que a notícia circule muito rápido. Aquele episódio foi uma brincadeira. O que mais gosto de fazer é jogar futebol, ainda mais nas férias, nas peladas com os amigos. O mais gostoso é o que acontece depois, quando você encarna no cara que leva a caneta. E no futebol existe isso, mas com respeito. Tá ficando muito politicamente correto mesmo. Um jogo tem muitas câmeras e nessa precisa tomar cuidado para falar com o adversário ou juiz para não ser punido. Procuro ser eu mesmo, e por muitos me conhecerem sabem que não faltei o respeito. E o Arão levou muito na boa. Precisa ter essas brincadeiras mais vezes, desde que com respeito.

Você completará 33 anos sábado, mesmo dia da partida contra o Criciúma. É uma experiência inédita que terá na carreira?

Vai ser uma situação inusitada, porque vai ser meu primeiro aniversário jogando. Em outras ocasiões eu estava concentrado ou viajando, mas literalmente dentro de campo é algo inédito. A nossa vida é essa, mas não tem coisa melhor. Amo jogar futebol e Deus me deu esse presente, ainda mais pela importância do jogo, que espero ser um grande duelo e que a gente vença mais uma.

Qual presente você gostaria de ganhar da torcida do Vasco no dia? Em contrapartida prometeria um gol e a vitória?

Desde já convoco a torcida para comparecer, até porque ela sabe a força que tem. Bato nessa tecla de fazer São Januário novamente um caldeirão, o adversário precisa entrar aqui e tremer. Quando a torcida joga junto não tem como nos superar. É uma energia que faz com que a gente ali dentro fique mais confortável com essa força vindo a mais de fora. Ainda mais sendo um dia especial pra mim, gostaria de ver o estádio lotado, com todas aquelas música, nos empurrando. Se tiver a oportunidade vou fazer meu gol também (risos).

Incomoda o rodízio de faltas que o Vasco sofre em alguns jogos da Série B?

Comentamos bastante esse tema. O Vasco é o protagonista da Série B, com toda a humildade. Todas as equipes costumam marcar os jogadores mais visados. O Nenê sofre muita falta e existe esse rodízio de faltas. E o juiz às vezes não dá cartão e acaba colaborando para a prática. O jogo não tem sequência e isso é ruim pra gente, que gosta de jogar, estar com a bola e isso irrita os jogadores, como o próprio Nenê. Eles precisam estar mais atentos.

Esse ano está sendo uma fase um pouco mais artilheira sua, sobretudo nos últimos jogos. Mas aquele gol olímpico contra o CRB foi o mais especial?

Estou jogando em uma posição diferente, e até brinquei no ano passado quando o Nenê chegou. Falei: "Mano fica ali do meio para frente que eu corro por você, mas decida pra gente os jogos" (risos). Então fico um pouco mais distante do gol. O Jorginho vem me dando uma liberdade maior agora para chegar mais perto da área. O gol contra o CRB se não é o mais bonito da minha carreira está entre os principais. Foi importante pela situação da partida e foi uma batida que sempre treino, batendo ela fechada em direção ao gol. E tive total felicidade.

Você considera que o Vasco tem a melhor bola parada do Brasil atualmente?

Geralmente os clubes possuem um ou dois jogadores que são bons nesse quesito. Aqui a gente tem muitos jogadores muito qualificados na bola parada, com estilos e repertórios diferentes. O goleiro fica preocupado quando para três ou quatro jogadores por não saber como a bola virá. Pode ser uma forte do Rodrigo, uma colocada do Nenê, outra seca minha, tem o Pikachu e o Evander também. Pela diversidade que tem o Vasco possui os melhores batedores.

A Copa do Brasil também é tratada com muito carinho, mesmo com o objetivo central sendo o retorno do Vasco para a Série A. Mas um título nacional seria também a prova que esse elenco estaria brigando também na parte de cima na elite?

Não tenho dúvida que se a gente tivesse permanecido na Série A estava brigando lá em cima. Até mesmo o torcedor adversário, mesmo que ele não queira admitir, reconhece nossa força. Ganhar a Copa do Brasil seria fantástico. Podemos chegar em 2017 com um ano mais feliz do que muitos que estão na Primeira Divisão. Esse grupo merece isso.