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'Cena de filme': jogadores descrevem dias de incêndio na Ilha da Madeira

11/08/2016 16h39

Terça-feira, dia 9 de agosto. O zagueiro brasileiro Dirceu Wiggers sobe com os demais companheiros no ônibus do Marítimo rumo a mais um dia de treinos da pré-temporada do time português. Ao invés de realizarem a atividade no CT da equipe, fica sabendo que trabalho foi deslocado a Machico, município da Ilha da Madeira, a 30 km do clube. O elenco havia retornado do Continente à Ilha no dia anterior, quando tiveram as primeira informações sobre o incêndio de enorme proporção que havia tomado conta do local. Na ida para o treino, a polícia informa que não há motivos para alarde, apenas precaução com a fumaça. Na volta, caos: via rápida fechada (principal ligação da cidade de Funchal com os demais pontos da Ilha da Madeira), trânsito, pessoas com malas nas ruas, comércio fechando... O panorama muda.

- Situação completamente diferente. Polícia fechou tudo por lá. As imagens eram impactantes. Situação complicadíssima. Não tínhamos como seguir, porque a maioria dos jogadores moram do outro lado, região do Fórum, então era preciso atravessar o centro de Funchal, região que estava concentrada a fumaça - conta Dirceu ao LANCE!.

O brasileiro, que começou a carreira no Londrina, do Paraná, e se transferiu ao Marítimo na temporada passada, então toma uma decisão: vai a pé por sete quilômetros para, enfim, chegar em casa e encontrar a esposa e a filha de dois anos. Assim como ele, cerca de 15 outros jogadores fazem a mesma coisa: caminhar até o outro lado da cidade de Funchal.

- O clube nos ofereceu hospedagem num hotel por lá, do outro lado, onde estávamos, mas como eu ia passar a noite tranquilo, seguro, com minha família correndo risco do outro lado? Nós que já temos a família aqui, passamos por todo o centro de Funchal a pé. Quando a polícia liberou, vieram nos buscar de carro e conseguimos chegar - explica.

O incêndio na Ilha da Madeira começou na última segunda-feira. Um jovem de 24 anos ateou fogo em uma das árvores da região de vegetação de Funchal. O incêndio se alastrou. Terça-feira foi o dia mais caótico para os moradores da região. Três pessoas morreram e outras dezenas perderam suas casas e ficaram feridas. A região da Ilha da Madeira é toda arborizada e passa por um período de seca.

- São vários fatores que influenciam de maneira negativa. Venta muito. Com as queimadas, as primeiras fagulhas que saem vêm acessas ainda, muito verde, muita vegetação, clima seco... Pega fogo fácil nas outras regiões. O incêndio se alastrou de uma forma que ninguém imaginava. Colocando em risco a vida de muitas pessoas. Bem complicado - relata Dirceu.

'Parecia cena de filme, foi muito assustador'

Assim como o zagueiro brasileiro Dirceu, de 28 anos, o meia venezuelano naturalizado brasileiro Breitner, ex-jogador do Santos e hoje no União da Madeira, classificou como ''cena de filme'' o que viveu na última terça-feira. Assim como o beque do Marítimo, ao voltar do treino da manhã, deparou-se com a via rápida fechada e pessoas em desespero nas ruas.

- Terminado o treino, eu fui almoçar perto do CT, já tinham me avisado que a via rápida estava fechada. Fui almoçar porque já sabia que não conseguiria voltar para casa antes do treino da tarde. Ao fim do treino da tarde, tentei ir para casa, mas no meio do caminho me deparei com umas imagens que pareciam cena de filme, muita fumaça, fogo intenso. Sai às 19h do treino e cheguei em casa só às 22h30. Fiquei parado num lugar seguro, esperando o trânsito aliviar, para poder liberar algumas vias e eu conseguir chegar - conta ao LANCE!.