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'Nunca me senti tão emocionado em quadra', revela Bruno Soares após disputa no tênis na Rio-2016

11/08/2016 11h35

Não foi dessa vez que Bruno Soares e Marcelo Melo conseguiram a tão sonhada medalha olímpica para tênis brasileiro. Os mineiros, que eram tidos como dupla favorita na disputa pelo pódio, acabaram sendo eliminados pelos entrosados Florin Mergea e Horia Tecau, da Romênia. Frustrado com a eliminação, mas emocionado por ter jogado uma inédita edição de Jogos Olímpicos em casa, Bruno Soares foi enfático ao revelar que nunca havia passado por algo tão especial na carreira. O atleta bateu um papo com a reportagem do Lance! e contou um pouco mais sobre como foi representar o Brasil em solo nacional.

- Olimpíada é essa grande festa do esporte, mas ela é cruel. Não é fácil. Um evento de quatro em quatro anos que reúne os melhores do mundo no esporte. Então conseguir uma medalha é muito complicado. Fizemos excelentes jogos, mas acabamos eliminados para uma das melhores duplas do mundo. Para ganhar uma medalha são quatro jogos duríssimos. Estamos chateados, é claro, por não realizarmos o sonho de medalha, mas foi incrível. Eu nunca me senti tão emocionado numa quadra. Vivenciei o tênis como nunca antes. Nunca me senti tão honrado. Foram momentos inesquecíveis. Acho difícil alguma coisa na minha carreira superar esses momentos que passei aqui no Rio - contou o atleta.

Uma das polêmicas de repercussão internacional até aqui nos Jogos da Rio-2016 vem sendo o comportamento da torcida brasileira nas arenas esportivas. A agência de notícias Reuters chegou a escrever um texto dizendo que os brasileiros "estão tratando esportes olímpicos como se estivessem em um Flamengo x Fluminense". Entretanto, na opinião de Bruno Soares o calor da torcida traz um tempero especial para o esporte. Além disso, o tenista acredita ser uma questão cultural o "jeito brasileiro de torcer".

- Pra mim é uma questão de adaptação. Se atrapalha ou não é de cada um. Mas eu sou a favor do tênis ter mais a presença da torcida. Ser uma coisa mais viva. Quando você acrescenta o fator da torcida você leva o tempero de cada lugar. Quando estamos na Europa, por exemplo, o pessoal é um pouco mais frio, mais quieto mesmo. Você vem para a América do Sul e é um jeito diferente. O pessoal é mais apaixonado, eles se envolvem mais com o que está acontecendo. Você acaba adicionando um pouco da cultural local. Se for querer padronizar tudo, acaba perdendo essa coisa especial. Eu sou um grande fã de Copa Davis, de Olimpíada, por causa disso. Acho que traz uma dinâmica diferente. O tênis tem muito a ganhar com isso - disse Bruno Soares.

ESPERANÇA DO BRASIL EM BELLUCCI E NAS DUPLAS MISTAS

A dupla mista é difícil falar. É sempre uma incógnita. Marcelo (Melo) e Teliana (Pereira) correm por fora. Nas duplas temos uma chave menor, que reúne o que há de melhor no esporte. Você tem que ter ranking suficiente. Ou seja, são as melhores mulheres e os melhores jogadores também. Marcelo e Teliana receberam esse lugar e vão ter que correr atrás. Não é fácil.

Na simples Thomaz (Bellucci) está jogando um excelente tênis. Mas ele tem um percurso muito duro ela frente. É aquilo: estão na luta ainda. Tem que brigar até o fim. A dupla mista é sempre uma incógnita.

NOMES RENOMADOS DO TÊNIS SAINDO CEDO DAS OLIMPÍADAS

Isso envolve esse sabor especial das Olimpíadas. Esse extra a mais. Aqui não tem margem para erro. Alguns esportes tem fase de grupo, fase classificatória...O tênis nas Olimpíadas não tem margem para erro. Você entrou em quadra o frio na barriga é maior, sua expectativa é maior, sua pressão é maior. É muito diferente você representar o país de quando você está no circuito se representando. Tem toda a responsabilidade de você estar levando as cores do seu país, e as Olimpíadas potencializam isso ao extremo. O Djokovic já conquistou tudo o que tinha pra conquistar, mas não tem uma medalha de ouro. Querendo ou não isso fica na cabeça e acaba pressionando. Aconteceu com o Djokovic, aconteceu com Serena (Williams)... isso mostra como o tênis é competitivo. Quando coloca um tempero a mais, não é fácil de lidar.

DJOKOVIV E O CARISMA COM A TORCIDA BRASILEIRA.

Ele (Djokovic) é um cara muito carismático. Desde a primeira vez que veio fazer exibição aqui com o Guga, ele gostou de mais do Brasil. Se declarou um apaixonado pelo país. Ele (Djokovic) sempre vinha falando que estava muito empolgado de jogar aqui. Talvez por isso que foi uma decepção ainda maior a eliminação. Quando ele entrou em quadra e viu o carinho da torcida, se sentiu jogando em casa. Nós temos uma torcida realmente muito bacana. Você consegue ver o carinho que os brasileiros têm com ele. Poucos perceberam, mas ele estava com uma munhequeira verde e amarela. Foi uma pena a eliminação, a torcida brasileira merecia vê-lo por mais tempo no Rio.

MAIS INCENTIVO AOS TORNEIOS DE DUPLAS NO TÊNIS

O que acontece é o seguinte: na maioria dos esportes os fãs do esporte e as pessoas que assistem o esporte pelo evento. O tênis é muito popular com os fãs do tênis. São pessoas que jogam socialmente, pessoas que gostam do esporte. O tênis socialmente é jogado 90% do tempo em duplas. Mas cria-se uma cultura nas pessoas que assistem o evento. Elas vão atrás do nome, nem sempre do esporte. Elas querem assistir ao Federer, ao Nadal, ao Djokovic... muitas vezes elas nem sabem o que está acontecendo ali direito. Mas isso vem mudando no Brasil. Nossa audiência está aumentando. É melhor ou igual aos caras da simples. Acho que é muito mais uma questão educativa do que qualquer outra coisa. O brasileiro gosta de torcer e assistir brasileiro. É comprovado que, quando tem brasileiro jogando, a turma toda para para acompanhar. O que é difícil é você controlar as pessoas que são fãs do evento. Isso acontece muito em Grand Slam: "Ah, vou assistir à Wimbledon... nem sei muito de tênis, não, mas vou lá porque é "chic". Porém, acho que isso vem mudando nos últimos anos.