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'Meu ouro foi o carinho da torcida', afirma Isaquias Queiroz após a prata

20/08/2016 12h21

Uma manhã ensolarada de sábado é o cenário perfeito para o carioca visitar a Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos cartões postais do Rio de Janeiro. Ainda mais perfeito foi poder unir isso à decisão da canoagem velocidade (C2 1.000m), que tinha Isaquias Queiroz e Erlon de Souza na disputa pela medalha de ouro. A esperada láurea veio, mas como uma prata. Insatisfação? De jeito nenhum.

Para os atletas de 22 anos (Isaquias) e 25 (Erlon), o vice-campeonato foi celebrado como deveria, carregado pelo devido peso histórico que a medalha possui. Mas o verdadeiro ouro veio fora das águas da Lagoa: pelos gritos da torcida que lotou arquibancadas, grades, subiu em árvores e sentou no gramado que cerca o espaço, apenas para vibrar com os brasileiros.

- Estou muito feliz de ter ganho essa medalha com o Erlon. Ele merecia, se dedicou muito, se esforçou ao longo da carreira. Queria que ganhasse o ouro comigo, mas a prata está de bom tamanho. É um trabalho realizado. Demos muito por esta medalha - disse Isaquias, antes de completar:

- Meu ouro foi o carinho do público e da torcida, cantando o hino nacional.

Erlon também aproveitou para agradecer à torcida brasileira, que já havia comparecido em peso para incentivar Isaquias em suas duas primeiras provas na Olimpíada, no C1 1.000m, quando ficou com a prata, e no C1 200m, quando levou o bronze.

- Quero agradecer a todos os brasileiros por essa torcida maravilhosa. Foi muito importante ouvirmos nosso nome sendo chamado, receber essa força. Vimos que, a cada dia, a arquibancada foi ficando mais cheia. Hoje, vimos que a Lagoa estava lotada de pessoas. Agradeço de coração a torcida brasileira, que foi essencial para essa medalha - comentou Erlon.

Logo em sua primeira Olimpíada, Isaquias colocou seu nome na história do esporte brasileiro, ao se tornar o primeiro atleta do país a conquistar três medalhas em um único evento.

Porém, se ele pode deixar o Rio de Janeiro com uma pitada de frustração, é por não ter conseguido o ouro. Segundo ele, querer mais, nada tem a ver com "ganância", e sim força de vontade. Mas, se há um "alento" nessa história, ele pode ser resumido em apenas um nome: Tóquio.

- Me dediquei com o Erlon durante um ano para tentarmos fazer história. Não é ganância, é força de vontade de querer mostrar o trabalho da canoagem do Brasil nesses seis dias de competição. As medalhas não são só minhas, mas do Brasil, da canoagem e da Bahia. Vamos buscar o ouro em Tóquio. (JAP), em 2020. Não vamos a uma Olimpíada pensar em bronze. É ganhar o ouro - completou Isaquias, com pensamento semelhante ao de seu companheiro:

- Não deu para conter as lágrimas, porque batalhamos muito. Foi muita dor e sofrimento para chegar onde chegamos. Quando você passa a reta final e vê seu trabalho concluído, não dá para fazer outra coisa se não agradecer e se emocionar. Briguei pelo ouro até o fim, saiba disso. Mas quando você sai da água satisfeito, é sinal de que você fez seu papel. Ainda vamos conquistar esse ouro tenha certeza disso.

Isaquias Queiroz e Erlon de Souza se despedem dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro com uma medalha de prata no peito, uma grande esperança à vista, em Tóquio, e uma certeza: tornaram-se ídolos do povo brasileiro neste sábado.