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Prata no Rio, belga ainda quer viver sonhos antes de confirmar eutanásia

10/09/2016 15h10

A belga Marieke Vervoort faturou a medalha de prata neste sábado na prova dos 400m T52 nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. E com sorriso no rosto. Ela sofre de uma doença muscular degenerativa incurável na coluna vertebral e já até assinou o documento mais delicado da vida, em 2008.

O problema causa dores intensas, que a impedem até de dormir. Por causa disso, a atleta de 37 anos decidiu autorizar a eutanásia, prática legal no país europeu. Quando utilizará o papel? Ela ainda não sabe. No momento, só quer aproveitar os dias longe da rotina de esportista de alto rendimento, marcada por horas de treinos e restrições.

O poder de interromper a vida foi visto como um alívio para quem enfrenta o sofrimento desde os 20 anos, em uma cadeira de rodas. Aos 15, foi diagnosticada com o problema, que resultou em paraplegia. Mas nada impediu que a atleta construísse uma carreira vitoriosa e se tornasse referência no movimento paralímpico, marcado cada vez mais pela profissionalização.

A velocista faturou o ouro nos Jogos de Londres nos 100m (19s69) e a prata nos 200m (34s83), além de três títulos no Mundial de Doha (QAT), no ano passado, nos 100m (20s39), 200m (35s91) e 400m (1m08s40). Veio ao Rio com a intenção de encerrar a carreira, e confirmou a meta neste sábado.

- Não está certo que acontecerá logo depois do Rio. Vamos ver. Tomei a decisão há muito tempo atrás, em 2008. Mas era um jornalista que escreveu um grande título sobre isto em um jornal. Não decidi ainda - disse a atleta.

Ao ser questionada pelo LANCE! sobre os seus sonhos para o futuro, Marieke fez questão de valorizar o presente.

- Eu só sei que estou muito, mas muito feliz - afirmou a atleta, nascida em Diest.

O Comitê Olímpico da Bélgica marcou uma coletiva de imprensa para este domingo, às 12h45, no Parque Olímpico, para que ela possa contar sua história. Após competir no Engenhão, foi aconselhada pela equipe de comunicação do país a não responder muitas questões sobre a decisão pela eutanásia.

- A lista é bem grande. Eu quero fazer coisas loucas e eu aproveitar o tempo com a família e os amigos, o que não eu conseguia enquanto eu estava treinando - declarou.

A medalha de ouro ficou com a canadense Michelle Stilwell, maior rival de Marieke até hoje. A americana Kerry Morgan faturou o bronze.

A belga ainda defende no Rio o título dos 100m T52. A prova acontece dia 17.