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Trinca poderosa mantém tradição de disputa da Olimpíada e Paralimpíada

10/09/2016 07h00

A palavra inclusão é um dos principais legados que os Jogos Paralímpicos do Rio querem deixar para o Brasil. Na história da competição, contudo, é comum ver atletas com deficiência competindo na Olimpíada. Nesta edição, coube a três mulheres de diferentes países o papel de mostrar que a superação não tem limites e atuar em duas competições seguidas é algo muito maior do que precisar provar algo para a sociedade.

O tênis de mesa abriga dois exemplos. A polonesa Natalia Partyka, de 27 anos, é referência nesse caso. Desde 2008, em Pequim, ela compete nas Olimpíadas e nas Paralimpíadas. Enquanto no primeiro busca evolução (chegou nas oitavas em Londres), na segunda ela é a atual tricampeã na classe 10.

- Durante o primeiro semestre minha preparação foi toda focada para a Olimpíada. Em junho dei uma pausa, mas logo retornei. Mas isso não mudou para a Paralimpíada. Sempre treino diariamente com o objetivo de fazer meu melhor. Acredito que tive um bom desempenho em agosto e agora meu foco é aqui - afirmou.

Natalia agora tem uma companhia. A australiana Melissa Tapper, de 26 anos, começou a disputar a "dobradinha" no Rio de Janeiro. A estreia na Olimpíada foi há poucas semanas (foi eliminada logo na primeira partida para a brasileira Caroline Kumahara). Já na Paralimpíada é sua segunda oportunidade de disputa (ficou na quarta posição em Londres-2012), na classe 10.

- É muito gratificante poder representar o meu país em dois torneios desta magnitude no mesmo ano. Procuro sempre ser o melhor naquilo que faço e com metas de crescimento - afirmou.

Curiosamente as duas se enfrentaram nesta sexta-feira no pavilhão 3 do Riocentro. Favorita, Natalia venceu por 3 sets a 0 e avançou à semifinal com uma rodada de antecedência no Grupo B. Melissa faz hoje, às 12h20, o jogo decisivo contra Shopie Walloe (DEN) para definir o segundo posto.

Quem fecha a trinca em 2016 é a iraniana Zahra Nemati, do tiro com arco. Ela também estreou em Olimpíada neste ano e ficou na 49ª posição. A cadeirante faturou um ouro e um bronze em sua primeira participação na Paralimpíada, há quatro anos. Neste sábado pela manhã inicia a busca pelo segundo título.

- Mostramos com a nossa participação na Olimpíada que independente das nossas limitações não devemos nada a ninguém. Evidente que talvez a preparação precise ser mais intensa. Mas acho legal que a Melissa tenha se juntado a mim nessa missão. E nunca tivemos algum ato de preconceito contra nós. Na competição todos são iguais - afirmou Natalia Partyka.

Exemplos como os de Natalia, Melissa e Zahra dão a dimensão do quão fortes são os seres humanos, tenham eles deficiência ou não. Mesmo com obstáculos pelo caminho, elas superam todos eles.

QUEM SÃO

Natalia Partyka

A mesa tenista polonesa de 27 anos já participou de três Olimpíadas (desde Pequim 2008). Na Paralimpíada é a atual tricampeã na classe 10.

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Melissa Tapper

A australiana, assim como Natalia, é mesa tenista na classe 10. Disputou no Rio sua primeira edição de Olimpíada.

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Zahra Nemati

A iraniana do tiro com arco também fez sua estreia em Jogos Olímpicos no Brasil. Inclusive foi a porta bandeira de seu país na abertura da competição em agosto. Já a Paralimpíada é seu segundo torneio na carreira. A cadeirante possui duas medalhas: ouro e bronze conquistadas em Londres.

OUTROS EXEMPLOS

Oscar Pistorius

O principal nome do esporte paralímpico até cometer o assassinato de sua namorada, o sul-africano competeiu em Londres 2012.

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Neroli Fairhall

A neo-zelandesa foi a pioneira. Em Los Angeles 1984, a atleta com tiro com arco fez história ao ser a primeira atleta paralímpica a competir na Olimpíada.

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Ilke Wyludda

A alemã fez o caminho inverso. Foi medalhista de ouro em Atlanta-1996 no arremesso de disco. Em 2011 amputou a perna direita por conta da doença chamada Sepse (agente infeccioso que entra na corrente sanguínea).

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Ilke Wyludda

A nadadora sul-africana competiu em Pequim 2008. Na Paralimpíada possui 13 ouros.