Topo

Alecsandro encerra caso de doping e dispara contra TJD-SP: 'Amador'

05/10/2016 18h07

Alecsandro foi à sala de imprensa da Academia de Futebol pela primeira vez após o "falso doping" que quase colocou um ponto final em sua carreira. Absolvido pelo Pleno do TJD-SP na última segunda-feira, após comprovar que a presença da substância O-Dephenylandarine em seu organismo era resultado de uma reação química do corpo após o uso de loção capilar, o atacante de 34 anos não poupou críticas ao lembrar que havia sido punido com dois anos de gancho no primeiro julgamento e que correu o risco até de tomar quatro anos de suspensão.

- Eu achei bem amador (o julgamento em primeira instância no TJD-SP), não tenho medo de ser processado. Nós sentimos que a nossa defesa não foi entendida pelos julgadores. Você passa sua defesa e quem vai te julgar não entende o que foi passado? Aí você desconfia da qualidade deles. Infelizmente nós ficamos na mão dessas pessoas. Não estou falando especificamente daqueles que estavam lá, mas acontece diariamente. Fico feliz por poder contratar o melhor advogado do Brasil em doping, um professor de bioquímica. Isso tudo eu gastei do meu bolso. Tem muito jogador que está sendo injustiçado em caso de doping e não consegue contratar um bom advogado. A gente poderia de repente rever como isso é julgado no Brasil. O que vi foi que alguns não têm condições de julgar - criticou o camisa 29.

O drama de Alecsandro começou no dia 3 de abril, após um clássico contra o Corinthians pelo Paulistão. O exame antidoping realizado após a partida no Pacaembu detectou a presença de O-Dephenylandarine, substância com efeito anabolizante, na urina do jogador. A pena de dois anos de suspensão foi aplicada no dia 1º de março, pelo TJD-SP, mas o atleta já estava sem jogar desde 24 de julho, quando enfrentou o Atlético-MG.

No início de setembro, a defesa conseguiu comprovar que ele o artilheiro não fez uso de doping, o que permitiu que ele voltasse a jogar no dia 21, contra o Botafogo-PB, ainda sob efeito suspensivo. O caso teve um ponto final na última segunda, com a absolvição por unanimidade em última instância.

- Hoje posso falar que foi um julgamento muito ruim, eles não tiveram sensibilidade nenhuma, a ponto de votarem por um gancho de quatro anos e em menos de um mês o atleta estar absolvido. Uma injustiça sem tamanho - criticou Alecsandro, lembrando que houve votos por um gancho ainda maior do que aquele de dois anos.

Em sua entrevista, o jogador fez questão de elogiar os advogados Bichara Neto e Pedro Fida, contratados por ele para cuidar do caso, e André Sica, que trabalha para o Palmeiras. Ele também agradeceu ao fisiologista do clube, Gustavo Maglioca, responsável por esclarecer a reação química que acabou gerando o falso doping. Diretoria, jogadores, torcedores do Verdão e de outros e de outros clubes, além de familiares, também foram citados. Um em especial: o filho Yan, de 11 anos.

- Quando saí do CT do Palmeiras (no dia do resultado), até o trajeto de casa, fui pensando no que falaria para o meu filho sobre o exame ter dado positivo. Ele já sabia (risos). Eu prometi para ele que não só seria absolvido como mostraria a verdade. Não tem como não se emocionar. Em um dia à tarde, ele voltando da escola, meu advogado me ligou dizendo que eu poderia voltar a jogar em dois ou três dias. Falei para ele quando ele chegou, ele ficou bastante feliz, até se emocionou. É gostoso, quem é pai sabe. Quem não é, vamos fazer filho porque é bom pra caramba. Hoje faço tudo para agradar meus filhos, até aquele "não" que você fala dez vezes, na 11ª sai o sim. Fiquei muito feliz de provar a inocência. Tenho o Yan, de 11 anos, e o Nicolas, de três. O Nicolas não entendia, então eu falava para ele que estava machucado, mais fácil (risos).

Ainda tentando recuperar seu espaço no elenco, Alecsandro tem contrato somente até dezembro deste ano e já avisa que deseja renovar. Além disso, ele tem em mente as conquistas do Brasileiro e da Copa do Brasil deste ano e diz que só pensará em buscar alguma indenização pelo período de punição injusta a partir do ano que vem.

- Quando o atleta é pego no exame antidoping, o clube automaticamente pode rescindir o contrato. Em nenhum momento o Palmeiras sinalizou isso. Recebi, nesses três meses, algumas ligações do Paulo Nobre. Falava diariamente com o Cícero (gerente) e ele sempre acreditou na minha palavra. Sobre o futuro, estou tentando recuperar o tempo que perdi, reconquistar meu espaço no grupo, quero jogar, quero ser útil até o fim do ano. Quero focar no Palmeiras, estamos em duas competições importantes. Se acontecer alguma coisa (sobre buscar seus direitos), será do ano que vem para a frente.