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Enérgico e participativo, Jair Ventura leva novas virtudes ao Botafogo

Rubens Cavallari/Folhapress
Imagem: Rubens Cavallari/Folhapress

06/10/2016 10h12

Enérgico e participativo. Seja passando alguma instrução ou pressionando o quarto árbitro, Jair Ventura não para quieto à beira de campo. O estilo polido e calmo não combina com o comandante alvinegro, que não descansa na área técnica até passar todas as instruções necessárias ao atletas do Botafogo.

Esse estilo intenso de comandar o time na beira do campo vem desde os seus trabalhos na base. Segundo Ventura, para otimizar os resultados, é necessário orientar e auxiliar os jogadores sempre que possível. Mas não existe uma receita. Cada técnico com a sua característica. Para provar sua tese, Jair cita o trabalho do multicampeão Sir Alex Ferguson no Manchester United.

“Sou muito competitivo. Meus amigos e família sabem que eu não gosto de perder nem par ou ímpar. Gosto de ganhar tudo. Mas eu sei perder. Tivemos jogos ruins, que eu fui lá e cumprimentei o treinador. Sempre fui assim na beira do campo, desde o sub-20. Busco jogar com o time. É o meu jeito. O Ferguson ficava no banco o jogo todo no Manchester e ganhou tudo. Cada técnico com sua característica. Eu tenho a minha. Sempre gritando e buscando orientar”, disse.

Além de jogar junto com o time, Jair Ventura tem outra particularidade na beira do campo: as anotações em sua agenda. Elas servem para guardar observações e instruções para passar ao grupo. Lembra um pouco a prancheta do folclórico Joel Santana, que também já teve três passagens pelo Botafogo na carreira.

“Na verdade, eu anoto só no primeiro tempo. São algumas coisas que vamos anotando para não perder, para passar os atletas. Tem detalhe que perde, então anoto e falo com os atletas”, conta o técnico de 37 anos do Botafogo.

Nos treinos, os métodos adotados pelo comandante também são elogiados pelos jogadores. Desde a simulação de situações do jogo até a postura tática e técnica da equipe em campo. O aspecto emocional é outro ponto positivo:

“Quando você escolhe a profissão, tem que ter responsabilidade. O Jair disse "Seja bem-vindo", deu tranquilidade. É o mais importante. Foi uma conversa sadia, transparente, de olhar no olho e ter confiança. Ele me deu confiança já na primeira conversa no clube”, destacou Alemão, o camisa 4 do time.

Esse estilo é uma mudança no comando do Botafogo em relação ao que acontecia no primeiro semestre. O estilo de Ricardo Gomes, que deixou General Severiano para ir para o São Paulo, era bem diferente. Gomes era reconhecido como alguém mais calmo e observador à beira do campo.

Ricardo Gomes

O ex-comandante do Botafogo e atualmente no São Paulo tinha um estilo mais comedido. Não era de reclamar da arbitragem no decorrer dos seus jogos. E tampouco de gritar e passar muitas instruções aos seus comandados nas partidas. Preferia levar para o vestiário e buscar resolver nele os problemas do time. Um estilo mais calmo e moderado na beira do campo.

Jair Ventura

O oposto. Participativo, Jair Ventura busca chamar a atenção dos atletas e se movimenta muito na área técnica dos estádios. Enérgico, o comandante já destacou que seu estilo é mesmo de não ficar parado e chegou a lembrar de trabalhos anteriores. Como auxiliar de Ricardo, já era possível ver Jair Ventura conversando e passando instruções aos atletas do elenco do Botafogo.