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Adaptado e capitão, Carli se controla para fazer história no Botafogo

09/10/2016 07h00

Ainda era dezembro do ano passado quando Carli acertou com o Botafogo. O primeiro reforço para a temporada 2016 era um zagueiro argentino veterano, mas pouco conhecido e com fama de violento. Motivos de sobra para a desconfiança da torcida. Dez meses depois, o xerife já jogou para longe a má impressão, apesar de ainda viver às voltas com advertências e suspensões. Mesmo assim, ele lidera a defesa alvinegra - a melhor do returno - e assim o fará contra o Figueirense, neste domingo. Às 17 horas, no Orlando Scarpelli, o camisa 3 vai começar a cumprir mais uma etapa para se tornar, quem sabe, o maior zagueiro estrangeiro da história do clube.

- Tomara que sim. Sei que é muito difícil. Seria um lindo desafio poder conquistar isso. Mas, como digo, gosto de viver o dia a dia, trabalho muito e muito fortemente para entregar o melhor ao clube que me deu a chance de jogar esse campeonato - agradece Carli, com exclusividade ao LANCE!.

Titular desde o início da temporada, o defensor só foi reserva quando retornava de problemas físicos. E desde que retomou a vaga entre os 11 iniciais, no mês passado, é dele a braçadeira de capitão. Fato que o surpreendeu, apesar de já falar o português melhor que os outros estrangeiros do elenco alvinegro.

- No início eu me surpreendi. Mas sei que conquistei esse posto pelo respeito dos companheiros e, posteriormente, da comissão técnica. É uma honra. Pelos jogadores que passaram aqui, pelo grande capitão que está se recuperando. E... bem, tenho que cuidar da braçadeira até ele voltar - brinca, orgulhoso.

Nos 22 jogos disputados este ano, não sofreu expulsões, mas levou 12 cartões amarelos. Alguns por entradas mais fortes, outros por reclamações com a arbitragem. A rotina preocupa a torcida. Ele jura tentar se controlar para não ser suspenso.

- Lá na Argentina se joga mais firme, no limite. Mas agora estou no Brasil e tenho que me adaptar a também não falar tanto com juiz. Tomei alguns cartões por isso. Quanto ao jogo forte, sei que posso melhorar, cada jogador tem sua forma de marcar, seu estilo. Eu tenho que me adaptar, me controlar mais. Na Argentina, cinco cartões nos suspendem, aqui são três - diz.

A defesa alvinegra levou três gols nos nove jogos do returno. Para continuar assim, conta com Carli firme, mas "controlado".

ARENA É 'ALÇAPÃO ARGENTINO'

Carli ainda não jogou no Estádio Nilton Santos, mas já vem treinando com o grupo desde a semana passada no local. Enquanto aguarda a próxima temporada, ele desfruta da Arena Botafogo, na Ilha do Governador, onde a equipe vem conseguindo fazer valer o papel de mandante. O zagueiro crê que a atmosfera da casa alvinegra deste Brasileiro lembra os campos argentinos.

- Encontramos um campo o qual estamos sabendo aproveitar. Quando cheguei lá, me lembrou alguns do futebol argentino. É perto da arquibancada, a pressão que os torcedores podem fazer... foi uma decisão muito boa irmos para lá. Esta é minha primeira vez aqui no Engenhão. As instalações são muito boas. Vamos esperar o ano que vem para jogarmos aqui - espera.

Aos 29 anos, você esperava uma chance no Brasil?

Eu precisava de uma mudança, queria o desafio de sair da Argentina. Já eram quatro ano jogando primeira e segunda divisões lá. Estava acostumado e precisava dessa mudança. Tinha vontade de jogar em outra liga e quando mencionaram o Brasil.. É um dos melhores campeonatos do mundo, pelas equipes, pelos jogadores. Pareceu um desafio espetacular. Sonhei e trabalho muito para desfrutá-lo.

O que você já sabia da história do Botafogo?

É um time muito grande. Na Argentina muito conhecida. Já conhecia a história, os grandes jogadores que passaram por aqui e a situação atual de ter jogado na segunda divisão. Sabia o grande desafio que seria vir conquistar meu lugar e fazer o que sempre foi a história de lutar por lugares internacionais. Ter protagonismo. Parece que estamos fazendo muito bem as coisas.

Algum problema de adaptação?

Na verdade, não. Sentimos falta, no início, da família, dos amigos. Mas, depois, é difícil estar mal no Brasil, porque as pessoas são calorosas. Minha família está bem, meus filhos falam muito bem português e aproveitam muito a estada aqui. Quero seguir fazendo as coisas bem para ficar muito tempo.

Você chegou a dizer que sofria com o calor nos jogos. E agora?

Também temos que nos acostumar ao tempo. Agora mesmo, faz duas semanas que não fazia calor. Então perguntei: "O que acontece com o Rio para estarmos passando frio?".

Algum jogador te serviu de referência para a carreira?

Sempre observei muito o Samuel, que jogou muito na seleção argentina. Claro que ele ele joga muito melhor do que eu, mas sempre o admirei.