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De goleiro a padeiro, atacante quer chances para salvar o São Paulo

Robson acertou com o São Paulo até o fim do Paulistão de 2017 - Érico Leonan/Divulgação
Robson acertou com o São Paulo até o fim do Paulistão de 2017 Imagem: Érico Leonan/Divulgação

09/10/2016 06h35

Robson completa um mês no São Paulo neste domingo. Ter disputado só três jogos desde então, nunca ter sido titular ou encontrar o clube em situação difícil são coisas que não desanimam o campineiro de 25 anos. Com apenas nove partidas para o fim do ano, o atacante confia que pode ser útil para evitar o rebaixamento do da equipe, e lembra os tempos de ajudante do pai em uma padaria para dar a receita contra a queda no Brasileirão.

"Tenho algumas boas (risos)! Aqui, a receita é continuar com entrega, determinação e companheirismo. Unidos vamos conseguir sair dessa", sugeriu, em entrevista na última sexta-feira.

O riso frouxo de Robson contrasta com a fase vivida pelos tricolores, que podem terminar o domingo a dois pontos da zona de rebaixamento - em caso de vitórias de Cruzeiro e Figueirense na rodada. E o otimismo vem dos tempos em que aventuras frustradas como goleiro não impediram o sonho de se tornar jogador de futebol.

"Com uns cinco anos, não sabia em que posição jogar, aí virei goleiro. Foi bem rápido. Logo percebi que fazia muitos gols e mudei. Comprei luva, calça, tudo o que precisava, mas não adiantou nada. Eu era ruim, viu? Ainda bem que descobri que fazia gols", brincou.

O contrato com o São Paulo termina logo após o Campeonato Paulista de 2017. O tempo é curto, e o momento é conturbado para mostrar serviço. Ainda assim, a oportunidade no clube tricolor já faz com que Robson consiga retribuir o apoio dos pais na carreira. Em Sumaré, cidade vizinha a Campinas, a padaria dos Fernandes será reformada.

Foi lá onde o atacante passou a maior parte da infância e da adolescência, aproveitando o raro tempo livre para ficar ao lado do pai. Fez do ofício diversão e lembra com saudade de quando podia errar.

"Era muito gostoso ajudar. Fazia pão francês, pão doce, bolachinhas, riscava bolo... Ficava observando meu pai para aprender. Era uma padaria de bairro, bem humilde, mas onde ele pôde criar a gente e tirar o sustento para o ensino e a carreira. Ele, minha mãe e minha irmã estão lá até hoje. E eu apareço quando dá em folgas. Agora estou ajudando a reformar. No fim do ano, se Deus quiser, vai ficar bem bonita! Mas meu pai me cobra mais hoje nos jogos do que quando eu errava alguma coisa na padaria, viu? Quando erro um gol ou um passe mais simples, ele pega muito no pé", gargalhou.

Confira outros trechos da entrevista com Robson:

Está adaptado ao clube?

No começo senti por não ter amizades. Eles me acolheram, me abraçaram e já consegui criar vínculos. Se Deus quiser, as coisas só vão melhorar. Lá no Paraná Clube eu estava com mais confiança e ritmo por estar jogando sempre. Evolui bastante lá e tenho certeza que vou crescer ainda mais quando tiver as chances aqui no São Paulo.

É frustrante realizar um sonho, mas em um momento tão ruim?

Tem o lado bom e o lado ruim. É normal chegar na má fase e ter dificuldades, mas também mostra que confiam em mim para sair dessa. Vejo o grupo unido e fechado. É só ver a entrega. Foi bom para criar amizade mais forte, para ter mais moral do que se chegasse em momento de alegria. Nunca imaginei chegar em uma situação dessa. Se estou aqui nesta fase, é porque tenho potencial para reverter. Quando eu tiver chance, vou agarrar e provar que estavam certos. Só espero o professor dar a chance, porque estou pronto.

Vai convencer o clube a te comprar neste ano ou no Paulistão?

Eu estou preparado desde agora. Tenho que corresponder bem e o mais rápido possível. Com uma sequência maior conseguirei me adaptar melhor ao time. Tenho velocidade pelos lados e gosto muito de fazer gols. Sei que posso ajudar.